A produção simbólica da miséria e dos miseráveis: estado, mídia e população

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Rezende, Daniela Savaget Barbosa
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34425
Resumo: Responsável por afetar milhares de pessoas em todo o mundo, a pobreza e a sua forma extremada, a miséria, tem sido temática recorrente entre estudiosos das ciências sociais e econômicas no Brasil e objeto de políticas públicas específicas. Tendo o Campo da Comunicação e Saúde como ponto de ancoragem e partindo do pressuposto de que o cenário nacional da miséria tem uma forte determinação econômica e social, mas também uma forte dimensão simbólica que passa pela construção social dos sentidos, estabelecemos como objetivo para nossa pesquisa \201Cestabelecer e qualificar a relação da dimensão simbólica da miséria com as desigualdades sociais e iniquidades em saúde\201D. Para tanto, analisamos discursos de três núcleos importantes produtores de sentidos nessa temática: o Estado, a Mídia e a própria população que vivencia a miséria ou a pobreza extremada em suas vidas. No núcleo Estado, analisamos documentos governamentais vinculados à Estratégia Fome Zero e ao Plano Brasil Sem Miséria. No núcleo Mídia, foram analisadas matérias dos jornais Estado de Minas e Diário de Pernambuco referentes à temática da pobreza. Quanto ao núcleo População, a metodologia foi concretizada por meio de um trabalho de campo em Belo Horizonte/Minas Gerais \2013 com pessoas em situação de rua \2013 e em Recife/Pernambuco \2013 com moradores de um bairro de periferia. Os procedimentos incluíram observação (do ambiente e dos sujeitos da pesquisa), conversação/mobilização dos sentidos (com os sujeitos da pesquisa, abordando histórias de vida, contextos e percepções do tema da pobreza) e registro dessa percepção em fotografias pelos próprios participantes. Para a análise dos textos (escritos e imagéticos) foram adotados princípios da análise de discursos pela ótica de Milton Pinto, potencializando o uso do conceito operacional de palavras plenas e instrumentais, de Dominique Maingueneau e das formas do silêncio, de Eni Orlandi. Os resultados apontam que os discursos se constituem entremeados uns aos outros, circulando em configurações assemelhadas nos diferentes núcleos, constituindo redes de vozes e silêncios sobre a temática. Nos três núcleos foi observada forte presença da abordagem da pobreza por meio dos aspectos sociais, com temáticas transversais, como trabalho, moradia, alimentação, saúde e educação. O quesito renda, entretanto, ficou restrito aos documentos do governo e matérias jornalísticas, nos quais assume destaque. Foram produzidos quatro mapas representando as redes de sentidos em cada núcleo per se e no conjunto dos núcleos estudados. Como pontos de chegada, podemos dizer que a pobreza e a miséria, de forma coerente com sua natureza discursiva, são concepções que resultam de negociações de vozes na disputa simbólica sobre o tema e que se atualizam constantemente na prática social, refletindo interesses e relações de poder. Essas relações e interesses foram evidenciados nos textos a respeito produzidos pelos campos das políticas públicas, dos mídias e pela própria população. Nessa disputa de sentidos, a voz autorizada é a do Estado, sendo a Mídia o componente que imprime visibilidade aos seus discursos para maior número de pessoas, embora seus dispositivos também operem sobre a produção dos sentidos. As vozes do núcleo discursivo formado por moradores da periferia urbana não são ouvidas e sua visibilidade é \201Cdomesticada\201D pela Mídia e pelo Estado.
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Tendo o Campo da Comunicação e Saúde como ponto de ancoragem e partindo do pressuposto de que o cenário nacional da miséria tem uma forte determinação econômica e social, mas também uma forte dimensão simbólica que passa pela construção social dos sentidos, estabelecemos como objetivo para nossa pesquisa \201Cestabelecer e qualificar a relação da dimensão simbólica da miséria com as desigualdades sociais e iniquidades em saúde\201D. Para tanto, analisamos discursos de três núcleos importantes produtores de sentidos nessa temática: o Estado, a Mídia e a própria população que vivencia a miséria ou a pobreza extremada em suas vidas. No núcleo Estado, analisamos documentos governamentais vinculados à Estratégia Fome Zero e ao Plano Brasil Sem Miséria. No núcleo Mídia, foram analisadas matérias dos jornais Estado de Minas e Diário de Pernambuco referentes à temática da pobreza. 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Os resultados apontam que os discursos se constituem entremeados uns aos outros, circulando em configurações assemelhadas nos diferentes núcleos, constituindo redes de vozes e silêncios sobre a temática. Nos três núcleos foi observada forte presença da abordagem da pobreza por meio dos aspectos sociais, com temáticas transversais, como trabalho, moradia, alimentação, saúde e educação. O quesito renda, entretanto, ficou restrito aos documentos do governo e matérias jornalísticas, nos quais assume destaque. Foram produzidos quatro mapas representando as redes de sentidos em cada núcleo per se e no conjunto dos núcleos estudados. Como pontos de chegada, podemos dizer que a pobreza e a miséria, de forma coerente com sua natureza discursiva, são concepções que resultam de negociações de vozes na disputa simbólica sobre o tema e que se atualizam constantemente na prática social, refletindo interesses e relações de poder. Essas relações e interesses foram evidenciados nos textos a respeito produzidos pelos campos das políticas públicas, dos mídias e pela própria população. Nessa disputa de sentidos, a voz autorizada é a do Estado, sendo a Mídia o componente que imprime visibilidade aos seus discursos para maior número de pessoas, embora seus dispositivos também operem sobre a produção dos sentidos. As vozes do núcleo discursivo formado por moradores da periferia urbana não são ouvidas e sua visibilidade é \201Cdomesticada\201D pela Mídia e pelo Estado.Responsible for affecting thousands of people around the world, poverty and its extreme form, misery, has been a recurring theme among researchers of social and economic sciences in Brazil and object of specific public policies with the field of Communication and Health as a reference and assuming that the national scenario of misery has a strong economic and social determination, but also a strong symbolic dimension, that passes through the social construction of the senses, we establish as objective for our research "to establish and qualify the relationship of the symbolic dimension of the misery with the social inequalities and health inequities". In order to do so, we analyze discourses of three important nucleus producers of meanings in this theme: the State, the Media and the population itself experiencing extreme poverty or poverty in their lives. At the State nucleus, we analyzed government documents linked with the Zero Hunger Strategy (Estratégia Fome Zero) and the Brazil Without Poverty Plan (Plano Brasil Sem Miséria). At the Media nucleus, we analyzed articles from the Estado de Minas and Diário de Pernambuco newspapers mentioning the theme of poverty. As for the Population nucleus, the methodology was qualitative, accomplished through a fieldwork in Belo Horizonte/Minas Gerais and Recife/Pernambuco. The procedures included observation (of the environment and research subjects), conversation (with the subjects of the research, addressing life histories, contexts and perceptions of the theme of poverty) and self-registration of this perception in photographs. For the analysis of texts (written and imagery), principles of discourse analysis were adopted from Milton Pinto's point of view, enhancing the use of Dominique Maingueneau's concept of full and instrumental words and the forms of silence by Eni Orlandi. The results indicate that the discourses are intermingled with each other, circulating in similar configurations in the different nuclei, forming networks of voices and silences on the theme. In the three nuclei, we observed a strong presence of the poverty approach through social aspects, with cross-cutting themes such as work, housing, food, health and education. However, the matter of income was restricted to the government documents and journalistic publications. Four maps representing the sense networks were produced in each nucleus per se and in the set of nuclei studied. As points of arrival, we can say that poverty and misery, coherent with their discursive nature, are conceptions that result from the negotiation of voices in the symbolic contest on the subject and that are constantly updated in social practice, reflecting interests and relations of power. These relationships and interests were evidenced in the texts produced by the fields of public policies, the media and by the population itself. In this dispute of meanings, the authoritative voice is that of the State, the Media being the component that gives visibility to its discourses for more people, although its devices also operate on the production of the senses. The voices of the discursive nucleus formed by residents of the urban periphery are not heard and their visibility is "domesticated" by the Media and the State.Fundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porComunicação em SaúdeDesigualdade SocialMisériaPobrezaComunicação em SaúdeIniquidade SocialPobrezaA produção simbólica da miséria e dos miseráveis: estado, mídia e populaçãoinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesis2019Pós-Graduação em Informação e Comunicação em SaúdeFundação Oswaldo Cruz. Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em SaúdeRio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Informação e Comunicação em Saúdeinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34425/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALdaniela_rezende_icict_dout_2019.pdfapplication/pdf10350820https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34425/2/daniela_rezende_icict_dout_2019.pdf3b202fffdc987f7238407ed57ca8a7b8MD52TEXTdaniela_rezende_icict_dout_2019.pdf.txtdaniela_rezende_icict_dout_2019.pdf.txtExtracted texttext/plain444184https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/34425/3/daniela_rezende_icict_dout_2019.pdf.txtc0a230d6ae0c44d64f6af05cb3f71da1MD53icict/344252020-06-12 11:52:59.562oai:www.arca.fiocruz.br:icict/34425Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352020-06-12T14:52:59Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false
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