Escalonamento da produção de uma nova vacina menigocócica C conjugada

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Bastos, Renata Chagas
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)
Texto Completo: https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/34480
Resumo: Neisseria meningitidis é um dos agentes patogênicos associados a casos de meningite e outras manifestações clínicas em todo o mundo. Atualmente, no quadro epidemiológico brasileiro, 60% dos casos notificados de doença meningocócica são associados ao grupo C. As etapas de produção, purificação e controle foram desenvolvidas para obtenção de uma nova vacina meningocócica C conjugada (MPCT). A produção da vacina envolve a conjugação entre o polissacarídeo meningocócico C oxidado (MPCO) e a anatoxina tetânica ativada (MATT) pelo método de aminação redutiva modificada. Para a realização da última avaliação clínica antes da comercialização da vacina, o processo de produção foi escalonado visando obter lotes industriais. Além do aumento do volume reacional e da área disponível para a ultrafiltração, foram estabelecidos os parâmetros referentes à purificação por filtração tangencial. A utilização do reator para obtenção do MPCO proporcionou o monitoramento constante da temperatura e agitação da reação e maior rastreabilidade do processo. O emprego da cápsula filtrante com maior área disponível para a clarificação do produto solucionou o problema de entupimento da membrana clarificante observado anteriormente. Além disso, o aumento da pressão transmembrana de trabalho para 25 psi (1,7 bar) foi adequado e resultou na obtenção do produto com características similares em volume suficiente para a obtenção de dois lotes de conjugado. O aumento global da escala produtiva foi conduzido sem diferenças significativas no tempo de processo e na recuperação das moléculas, em comparação com a escala piloto. Os métodos analíticos (eletroforese capilar de zona - CZE, ressonância magnética nuclear de hidrogênio - 1 H RMN, cromatografia de exclusão e filtração molecular) demonstraram, não só a consistência de produção como também a equivalência das características das moléculas nas duas escalas produtivas. Os testes para avaliação da estabilidade térmica de três lotes de MPCT obtidos em escala industrial, incubados nas temperaturas de 4° C, 37° C e 55° C por cinco semanas, indicaram a desnaturação parcial da proteína carreadora e uma tendência de diminuição do conteúdo da estrutura secundária (55° C), empregando espectroscopia de fluorescência e dicroísmo circular. A cromatografia de exclusão e filtração molecular e 1 H RMN mostraram, além do alargamento na base do pico, a manutenção do tamanho hidrodinâmico da molécula conjugada e o aumento da intensidade dos picos com deslocamentos químicos relacionados aos prótons de grupamentos aromáticos e alifáticos da proteína carreadora, nos lotes estocados a 55° C. Os conjugados mantidos a 37° C e 55° C apresentaram teor de glicídio livre superior ao limite especificado (20 %), utilizando-se a técnica de CZE. Todos os lotes de conjugado induziram altos títulos de IgG com elevada atividade bactericida, em camundongos, sugerindo que o modelo murino não é capaz de discriminar as alterações estruturais observadas. A avaliação dos custos do escalonamento da vacina mostrou que houve economia de escala, com a redução dos custos considerando os gastos médios com insumos e pessoal. O processo desenvolvido neste estudo será empregado para a obtenção de lotes industriais da nova vacina meningocócica C conjugada, que serão submetidos aos estudos clínicos de Fase II/III.