Do rosa ao azul: meninas tweens, mães e consumo liminar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dallolio, Adriana Schneider
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10438/19347
Resumo: A prática institucionalizada dos ritos de passagem, os quais historicamente apoiavam os indivíduos nos diversos períodos de transição da vida, parece ter se esvaziado nas sociedades contemporâneas. Alguns estudiosos, inclusive, destacam a lacuna dos ritos de iniciação, que marcavam a transição da infância para a adolescência; provocando, assim, um hiato identitário, as categorias antes claramente delimitadas tornam-se interpostas e as crianças perdem um importante mecanismo para lidar com a mudança. No entanto, considerando-se que o consumo viabiliza o autoconhecimento e a comunicação da identidade, o mercado assume um papel institucional cultural central, ao redor do qual essas crianças constroem suas identidades; principalmente no período mais crítico da transição, o da liminaridade. Caracterizada como um período de extrema ambiguidade do self e invisibilidade social, a fase liminar dos ritos de passagem é um tema sub-pesquisado e uma lente teórica fértil para se analisar o papel do consumo nesse período de transição entre dois espaços socioculturais concretos e reconhecidos, o da infância e o da adolescência. Portanto, este estudo realizou uma imersão no universo das meninas com idades entre oito e doze anos, pertencentes a esse grupo liminar denominado de tweens, contribuindo, assim, com uma perspectiva multifacetada do consumo e construção de identidade dessas meninas. Como em um trabalho artesanal de patchwork, o resultado final apresenta uma perspectiva única, porém formada pela reunião das diferentes concepções dos agentes envolvidos: - as mães, as meninas e a própria pesquisadora. Ao longo de dois anos, foram coletados dados através de diferentes técnicas, como entrevistas em profundidade com mães, no Brasil e EUA, observação participativa e diário introspectivo da pesquisadora, mãe de uma tween, e entrevistas filmadas por uma menina tween com suas próprias amigas; propiciando uma oportunidade única de retratar o universo das meninas por elas mesmas, com o mínimo possível de interferência da pesquisadora. Os resultados contribuem com estudos anteriores, ampliando a compreensão do comportamento das meninas e suas práticas de consumo e socialização, durante a transição. Ressaltando, inclusive, a influência do bullying nessas práticas. Além de destacar que a liminaridade pode ser vivenciada não só pelo indivíduo que passa pela transição, mas também por aqueles envolvidos emocionalmente nesse processo, no caso as mães.
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No entanto, considerando-se que o consumo viabiliza o autoconhecimento e a comunicação da identidade, o mercado assume um papel institucional cultural central, ao redor do qual essas crianças constroem suas identidades; principalmente no período mais crítico da transição, o da liminaridade. Caracterizada como um período de extrema ambiguidade do self e invisibilidade social, a fase liminar dos ritos de passagem é um tema sub-pesquisado e uma lente teórica fértil para se analisar o papel do consumo nesse período de transição entre dois espaços socioculturais concretos e reconhecidos, o da infância e o da adolescência. Portanto, este estudo realizou uma imersão no universo das meninas com idades entre oito e doze anos, pertencentes a esse grupo liminar denominado de tweens, contribuindo, assim, com uma perspectiva multifacetada do consumo e construção de identidade dessas meninas. Como em um trabalho artesanal de patchwork, o resultado final apresenta uma perspectiva única, porém formada pela reunião das diferentes concepções dos agentes envolvidos: - as mães, as meninas e a própria pesquisadora. Ao longo de dois anos, foram coletados dados através de diferentes técnicas, como entrevistas em profundidade com mães, no Brasil e EUA, observação participativa e diário introspectivo da pesquisadora, mãe de uma tween, e entrevistas filmadas por uma menina tween com suas próprias amigas; propiciando uma oportunidade única de retratar o universo das meninas por elas mesmas, com o mínimo possível de interferência da pesquisadora. Os resultados contribuem com estudos anteriores, ampliando a compreensão do comportamento das meninas e suas práticas de consumo e socialização, durante a transição. Ressaltando, inclusive, a influência do bullying nessas práticas. Além de destacar que a liminaridade pode ser vivenciada não só pelo indivíduo que passa pela transição, mas também por aqueles envolvidos emocionalmente nesse processo, no caso as mães.The institutionalized practice of rites of passage, which historically supported individuals in the various periods of life transition, seems to have disappeared in contemporary societies. Some authors even highlight the gap in initiation rites that marked the transition from childhood to adolescence; thus, provoking an identity gap, previously clearly delimited categories become blurred and children lose an important mechanism to deal with change. However, considering that consumption enables the self-knowledge and the communication of one´s identity, the market assumes a central cultural institutional role, around which these children construct their identities; especially in the most critical period of transition, that of liminality. Characterized as a period of extreme self-ambiguity and social invisibility, the liminal phase of rites of passage is an under-researched topic and a fertile theoretical lens to analyze the role of consumption, in this period of transition between two concrete and recognized sociocultural spaces, childhood and adolescence. Therefore, this study carried out an immersion in the universe of girls between the ages of eight and twelve years old, who belong to this liminal group called tweens; and so, contributing with a multifaceted perspective of the consumption and identity construction of these girls. As in a hand-crafted patchwork, the final result presents a unique perspective, but formed by the assembling of different conceptions of the agents involved: - mothers, girls and the researcher herself. Over two years, data were collected through different techniques, such as in-depth interviews with mothers in Brazil and the USA, participant observation and introspective diary of the researcher, mother of a tween, and interviews filmed by a tween girl with her own friends; which provided a unique opportunity to portray the universe of the girls by themselves, with the least possible interference of the researcher. The results contribute to previous studies, increasing the understanding of the girls' behavior and their consumption and socialization practices during the transition. Also, they highlight the influence of bullying on these practices. Besides emphasizing that liminality can be experienced not only by the individual who goes through the transition, but also by those emotionally involved in this process, in this case, the mothers.porTweens girlsMothersExtended selfRites of passageRites of initiationMeninas tweensMãesSelf estendidoRitos de passagemRitos de iniciaçãoAdministração de empresasAdolescentes (Meninas)Crianças consumidorasComportamento do consumidorConsumo (Economia)Do rosa ao azul: meninas tweens, mães e consumo liminarinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisreponame:Repositório Institucional do FGV (FGV Repositório Digital)instname:Fundação Getulio Vargas (FGV)instacron:FGVinfo:eu-repo/semantics/openAccessTEXTDissertação_AdrianaSchneiderDallolio_12122017_Publicação.pdf.txtDissertação_AdrianaSchneiderDallolio_12122017_Publicação.pdf.txtExtracted 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description A prática institucionalizada dos ritos de passagem, os quais historicamente apoiavam os indivíduos nos diversos períodos de transição da vida, parece ter se esvaziado nas sociedades contemporâneas. Alguns estudiosos, inclusive, destacam a lacuna dos ritos de iniciação, que marcavam a transição da infância para a adolescência; provocando, assim, um hiato identitário, as categorias antes claramente delimitadas tornam-se interpostas e as crianças perdem um importante mecanismo para lidar com a mudança. No entanto, considerando-se que o consumo viabiliza o autoconhecimento e a comunicação da identidade, o mercado assume um papel institucional cultural central, ao redor do qual essas crianças constroem suas identidades; principalmente no período mais crítico da transição, o da liminaridade. Caracterizada como um período de extrema ambiguidade do self e invisibilidade social, a fase liminar dos ritos de passagem é um tema sub-pesquisado e uma lente teórica fértil para se analisar o papel do consumo nesse período de transição entre dois espaços socioculturais concretos e reconhecidos, o da infância e o da adolescência. Portanto, este estudo realizou uma imersão no universo das meninas com idades entre oito e doze anos, pertencentes a esse grupo liminar denominado de tweens, contribuindo, assim, com uma perspectiva multifacetada do consumo e construção de identidade dessas meninas. Como em um trabalho artesanal de patchwork, o resultado final apresenta uma perspectiva única, porém formada pela reunião das diferentes concepções dos agentes envolvidos: - as mães, as meninas e a própria pesquisadora. Ao longo de dois anos, foram coletados dados através de diferentes técnicas, como entrevistas em profundidade com mães, no Brasil e EUA, observação participativa e diário introspectivo da pesquisadora, mãe de uma tween, e entrevistas filmadas por uma menina tween com suas próprias amigas; propiciando uma oportunidade única de retratar o universo das meninas por elas mesmas, com o mínimo possível de interferência da pesquisadora. Os resultados contribuem com estudos anteriores, ampliando a compreensão do comportamento das meninas e suas práticas de consumo e socialização, durante a transição. Ressaltando, inclusive, a influência do bullying nessas práticas. Além de destacar que a liminaridade pode ser vivenciada não só pelo indivíduo que passa pela transição, mas também por aqueles envolvidos emocionalmente nesse processo, no caso as mães.
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