Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: BECK, Ceres Grehs.
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
Texto Completo: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189
Resumo: O fio condutor teórico e empírico desta tese se apoia no conceito de comodificação (commodification), um fenômeno contemporâneo que explica a transformação de “quase” tudo em mercadoria (commodity). Por meio da compilação dos resultados de estudos multidisciplinares, demonstra-se que, presentemente, tanto o trabalho humano, como as artes e autenticidades culturais, o sexo, o corpo e suas partes, assim como a música, lugares, educação, espiritualidade, religião, amor, e muitos outros elementos da vida cotidiana, vem sendo precificados e vendidos, gerando efeitos alienantes nos indivíduos. Neste extenso rol, também os recursos naturais são tratados como mercadoria: Pagamento por Serviços Ambientais, “indústria da água”, mercados de carbono, ecoturismo, alimentos transgênicos, selos verdes, madeira certificada, entre outros casos. A crescente apropriação privada de elementos materiais da natureza se soma à comodificação de seus simbolismos, que aparece em ações corporativas pseudo engajadas e em estratégias de maquiagem verde, que tem como objetivo primeiro o aumento dos lucros capitalistas. Neste sentido, o cuidado ambiental desponta como um potente argumento de vendas ao permitir a comodificação das sensibilidades ambientais dos consumidores. A pesquisa empírica desta tese traz reflexões sobre a iconização e transformação da “natureza” em mercadoria com forte apelo simbólico na retórica ecológica adotada pela publicidade imobiliáriaem João Pessoa, Paraíba. O corpus de análise foi composto por 375 materiais promocionais de imóveis – veiculados entre 1960 a 2017 – que mencionam a natureza de alguma forma. A análise de conteúdo das narrativas permitiu identificar que, entre 1960 a 1979, a palavra “natureza” não aparece diretamente; no entanto, são enfatizados elementos que reportam aos seus simbolismos, como: terra fértil, praias, paisagens, clima ameno, ar puro, água abundante e árvores frutíferas. Em meados dos anos 1980 até 1990, a natureza é “roubada”, ou seja, o foco das narrativas se volta para as áreas verdes do entorno dos empreendimentos e/ou para o mar, elementos naturais externos que são simbolicamente apropriados pelos anunciantes. A partir dos anos 2000, a natureza é retrabalhada, fabricada e artificializada e – principalmente nos imóveis voltados à elite consumidora – são ofertados: lagos, cascatas, paisagismo, trilhas ecológicas, reserva ambiental exclusiva, além da introdução de elementos da construção sustentável, que se mesclam com as noções de luxo e privilégio. Em muitos casos, nota-se que a racionalidade econômica se coloca diante da ecológica e ampara as ressignificações em torno da mercadoria “natureza”. Os riscos de um colapso ambiental global transformam o cuidado com a natureza em uma mercadoria simbólica, que é iconizada e incorporada às narrativas como símbolo de um luxo singular. Argumenta-se que a espetacularização do valor-signo “verde” na retórica ecológica adotada pelo mercado imobiliário, elitiza e exclui simbolicamente quem não pode pagar pela exclusividade que a “natureza” mobiliza. Por fim, conclui-se que estes “luxos verdes” passam a atuar como marcadores sociais hierárquicos e erguem muros invisíveis, que se somam ao amplo espectro da urbanização segregadora que se consolidou no Brasil.
id UFCG_81d23d01cf840575ae8e503f5cc0a593
oai_identifier_str oai:localhost:riufcg/2189
network_acronym_str UFCG
network_name_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
repository_id_str 4851
spelling CUNHA, Luis Henrique Hermínio.CUNHA, Luis Henrique Herminiohttp://lattes.cnpq.br/6991283096951332FERNANDES, Marcionila.BAUMGARTNER, Wendel Henrique.GOMES, Ramonildes Alves.LADOSKY, Mario .BECK, C. G.http://lattes.cnpq.br/3231250906135934BECK, Ceres Grehs.O fio condutor teórico e empírico desta tese se apoia no conceito de comodificação (commodification), um fenômeno contemporâneo que explica a transformação de “quase” tudo em mercadoria (commodity). Por meio da compilação dos resultados de estudos multidisciplinares, demonstra-se que, presentemente, tanto o trabalho humano, como as artes e autenticidades culturais, o sexo, o corpo e suas partes, assim como a música, lugares, educação, espiritualidade, religião, amor, e muitos outros elementos da vida cotidiana, vem sendo precificados e vendidos, gerando efeitos alienantes nos indivíduos. Neste extenso rol, também os recursos naturais são tratados como mercadoria: Pagamento por Serviços Ambientais, “indústria da água”, mercados de carbono, ecoturismo, alimentos transgênicos, selos verdes, madeira certificada, entre outros casos. A crescente apropriação privada de elementos materiais da natureza se soma à comodificação de seus simbolismos, que aparece em ações corporativas pseudo engajadas e em estratégias de maquiagem verde, que tem como objetivo primeiro o aumento dos lucros capitalistas. Neste sentido, o cuidado ambiental desponta como um potente argumento de vendas ao permitir a comodificação das sensibilidades ambientais dos consumidores. A pesquisa empírica desta tese traz reflexões sobre a iconização e transformação da “natureza” em mercadoria com forte apelo simbólico na retórica ecológica adotada pela publicidade imobiliáriaem João Pessoa, Paraíba. O corpus de análise foi composto por 375 materiais promocionais de imóveis – veiculados entre 1960 a 2017 – que mencionam a natureza de alguma forma. A análise de conteúdo das narrativas permitiu identificar que, entre 1960 a 1979, a palavra “natureza” não aparece diretamente; no entanto, são enfatizados elementos que reportam aos seus simbolismos, como: terra fértil, praias, paisagens, clima ameno, ar puro, água abundante e árvores frutíferas. Em meados dos anos 1980 até 1990, a natureza é “roubada”, ou seja, o foco das narrativas se volta para as áreas verdes do entorno dos empreendimentos e/ou para o mar, elementos naturais externos que são simbolicamente apropriados pelos anunciantes. A partir dos anos 2000, a natureza é retrabalhada, fabricada e artificializada e – principalmente nos imóveis voltados à elite consumidora – são ofertados: lagos, cascatas, paisagismo, trilhas ecológicas, reserva ambiental exclusiva, além da introdução de elementos da construção sustentável, que se mesclam com as noções de luxo e privilégio. Em muitos casos, nota-se que a racionalidade econômica se coloca diante da ecológica e ampara as ressignificações em torno da mercadoria “natureza”. Os riscos de um colapso ambiental global transformam o cuidado com a natureza em uma mercadoria simbólica, que é iconizada e incorporada às narrativas como símbolo de um luxo singular. Argumenta-se que a espetacularização do valor-signo “verde” na retórica ecológica adotada pelo mercado imobiliário, elitiza e exclui simbolicamente quem não pode pagar pela exclusividade que a “natureza” mobiliza. Por fim, conclui-se que estes “luxos verdes” passam a atuar como marcadores sociais hierárquicos e erguem muros invisíveis, que se somam ao amplo espectro da urbanização segregadora que se consolidou no Brasil.This thesis is theoretical and empirically based on the concept of commodification, a contemporary phenomenon that transforms “almost” everything into commodities. By means of the compilation of results from multidisciplinary studies, it can be demonstrated that nowadays, human labor, as well as: the arts, cultural authenticities, sex, the human body and its parts,music, places, education, spirituality, religion, love, and many other elements of everyday life are priced and sold, generating alienating effects on individuals. In this extensive list, natural resources are also treated like a commodity, for example: Payment for Environmental Services, the “water industry”, carbon markets, eco-tourism, transgenic food, green labels, and certified wood, amongst others. Together with the growing private appropriation of thematerial elements of nature, is the commodification of its symbolisms, which appear in pseudo-engaged corporate actions and in greenwashing strategies, which have as their principal objective to increase profits. In this sense, environmental care disappoints as a powerful sales argument, as it permits the commodification of consumers’ environmental sensitivity. The empirical research of this thesis brings reflections about the iconization and transformation of “nature” into a commodity with a strong symbolic appeal on the ecological rhetoric adopted by real estate advertising in João Pessoa, Paraíba. The corpus of analysis consisted of 375 items of real estate promotional materials, published between 1960 and 2017, which mention nature in some form. The content analysis of the narratives allowed us to identify that, between 1960 and 1979, the word “nature” did not appear directly. However, elements that report nature’s symbolisms are emphasized like: fertile land, beaches, landscapes, a mild climate, clean air, abundant water and fruit trees. During the middle of the 1980’s until 1990, nature is “stolen”, in other words, the focus of the narratives turns to the green areas surrounding the undertakings and/or the sea,external natural elements that are symbolically appropriate by the advertisers. From the year 2000 onwards, nature is reworked, manufactured and artificialized and – principally in the properties targeted at elite consumers –are offered: lakes, waterfalls, landscaping, ecological paths,exclusive environmental reserves, as well as the introduction of sustainable construction elements, which mesh well with the notions of luxury and privilege. In many cases, it can be noted that the economic rationality is placed ahead of the ecological concern and supports the new significancesin relation to the commodity“nature”. The risks of a global environmental collapse transform the care taken with nature into a symbolic commodity that is iconized and incorporated into the narratives as a symbol of singular luxury. It is argued that the spectacularizing of the “green” sign-value in ecological rhetoric adopted by the real estate market, makes it eliteand symbolically excludes those who cannot afford the exclusivity that “nature” mobilizes. Finally, it can be concluded that these “green luxuries” act as kinds of hierarchical social markers and build invisible walls, which add to the wide spectrum of segregating urbanization that has consolidated itself in Brazil.Submitted by Maria Medeiros (maria.dilva1@ufcg.edu.br) on 2018-11-14T09:48:39Z No. of bitstreams: 1 CERES GREHS BECK - TESE (PPGCS) 2018.docx: 26593707 bytes, checksum: 70115bd7628753f1f55b909ecebf9de2 (MD5)Made available in DSpace on 2018-11-14T09:48:39Z (GMT). No. of bitstreams: 1 CERES GREHS BECK - TESE (PPGCS) 2018.docx: 26593707 bytes, checksum: 70115bd7628753f1f55b909ecebf9de2 (MD5) Previous issue date: 2018-04-17Universidade Federal de Campina GrandePÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAISUFCGBrasilCentro de Humanidades - CHCiencias SociaisComodificaçãoIconização da NaturezaMercado ImobiliárioRetórica EcológicaJoão Pessoa/PBCommodificationNature IconizationReal Estate MarketEcological RhetoricMuros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.2018-04-172018-11-14T09:48:39Z2018-11-142018-11-14T09:48:39Zhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189BECK, C. G Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária. 2018. 298 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2018. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisporinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCGinstname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)instacron:UFCGORIGINALCERES GREHS BECK - TESE PPGCS CH 2018.pdfCERES GREHS BECK - TESE PPGCS CH 2018.pdfapplication/pdf16927082http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/riufcg/2189/3/CERES+GREHS+BECK+-+TESE+PPGCS+CH+2018.pdf412b1bbcc100c2cfe1b73f26934081c2MD53LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81748http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/riufcg/2189/2/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD52riufcg/21892022-11-10 13:46:36.86oai:localhost:riufcg/2189Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://bdtd.ufcg.edu.br/PUBhttp://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/oai/requestbdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.bropendoar:48512022-11-10T16:46:36Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
title Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
spellingShingle Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
BECK, Ceres Grehs.
Ciencias Sociais
Comodificação
Iconização da Natureza
Mercado Imobiliário
Retórica Ecológica
João Pessoa/PB
Commodification
Nature Iconization
Real Estate Market
Ecological Rhetoric
title_short Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
title_full Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
title_fullStr Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
title_full_unstemmed Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
title_sort Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária.
author BECK, Ceres Grehs.
author_facet BECK, Ceres Grehs.
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv CUNHA, Luis Henrique Hermínio.
dc.contributor.advisor1ID.fl_str_mv CUNHA, Luis Henrique Herminio
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/6991283096951332
dc.contributor.referee1.fl_str_mv FERNANDES, Marcionila.
dc.contributor.referee2.fl_str_mv BAUMGARTNER, Wendel Henrique.
dc.contributor.referee3.fl_str_mv GOMES, Ramonildes Alves.
dc.contributor.referee4.fl_str_mv LADOSKY, Mario .
dc.contributor.authorID.fl_str_mv BECK, C. G.
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/3231250906135934
dc.contributor.author.fl_str_mv BECK, Ceres Grehs.
contributor_str_mv CUNHA, Luis Henrique Hermínio.
FERNANDES, Marcionila.
BAUMGARTNER, Wendel Henrique.
GOMES, Ramonildes Alves.
LADOSKY, Mario .
dc.subject.cnpq.fl_str_mv Ciencias Sociais
topic Ciencias Sociais
Comodificação
Iconização da Natureza
Mercado Imobiliário
Retórica Ecológica
João Pessoa/PB
Commodification
Nature Iconization
Real Estate Market
Ecological Rhetoric
dc.subject.por.fl_str_mv Comodificação
Iconização da Natureza
Mercado Imobiliário
Retórica Ecológica
João Pessoa/PB
Commodification
Nature Iconization
Real Estate Market
Ecological Rhetoric
description O fio condutor teórico e empírico desta tese se apoia no conceito de comodificação (commodification), um fenômeno contemporâneo que explica a transformação de “quase” tudo em mercadoria (commodity). Por meio da compilação dos resultados de estudos multidisciplinares, demonstra-se que, presentemente, tanto o trabalho humano, como as artes e autenticidades culturais, o sexo, o corpo e suas partes, assim como a música, lugares, educação, espiritualidade, religião, amor, e muitos outros elementos da vida cotidiana, vem sendo precificados e vendidos, gerando efeitos alienantes nos indivíduos. Neste extenso rol, também os recursos naturais são tratados como mercadoria: Pagamento por Serviços Ambientais, “indústria da água”, mercados de carbono, ecoturismo, alimentos transgênicos, selos verdes, madeira certificada, entre outros casos. A crescente apropriação privada de elementos materiais da natureza se soma à comodificação de seus simbolismos, que aparece em ações corporativas pseudo engajadas e em estratégias de maquiagem verde, que tem como objetivo primeiro o aumento dos lucros capitalistas. Neste sentido, o cuidado ambiental desponta como um potente argumento de vendas ao permitir a comodificação das sensibilidades ambientais dos consumidores. A pesquisa empírica desta tese traz reflexões sobre a iconização e transformação da “natureza” em mercadoria com forte apelo simbólico na retórica ecológica adotada pela publicidade imobiliáriaem João Pessoa, Paraíba. O corpus de análise foi composto por 375 materiais promocionais de imóveis – veiculados entre 1960 a 2017 – que mencionam a natureza de alguma forma. A análise de conteúdo das narrativas permitiu identificar que, entre 1960 a 1979, a palavra “natureza” não aparece diretamente; no entanto, são enfatizados elementos que reportam aos seus simbolismos, como: terra fértil, praias, paisagens, clima ameno, ar puro, água abundante e árvores frutíferas. Em meados dos anos 1980 até 1990, a natureza é “roubada”, ou seja, o foco das narrativas se volta para as áreas verdes do entorno dos empreendimentos e/ou para o mar, elementos naturais externos que são simbolicamente apropriados pelos anunciantes. A partir dos anos 2000, a natureza é retrabalhada, fabricada e artificializada e – principalmente nos imóveis voltados à elite consumidora – são ofertados: lagos, cascatas, paisagismo, trilhas ecológicas, reserva ambiental exclusiva, além da introdução de elementos da construção sustentável, que se mesclam com as noções de luxo e privilégio. Em muitos casos, nota-se que a racionalidade econômica se coloca diante da ecológica e ampara as ressignificações em torno da mercadoria “natureza”. Os riscos de um colapso ambiental global transformam o cuidado com a natureza em uma mercadoria simbólica, que é iconizada e incorporada às narrativas como símbolo de um luxo singular. Argumenta-se que a espetacularização do valor-signo “verde” na retórica ecológica adotada pelo mercado imobiliário, elitiza e exclui simbolicamente quem não pode pagar pela exclusividade que a “natureza” mobiliza. Por fim, conclui-se que estes “luxos verdes” passam a atuar como marcadores sociais hierárquicos e erguem muros invisíveis, que se somam ao amplo espectro da urbanização segregadora que se consolidou no Brasil.
publishDate 2018
dc.date.issued.fl_str_mv 2018-04-17
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2018-11-14T09:48:39Z
dc.date.available.fl_str_mv 2018-11-14
2018-11-14T09:48:39Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/doctoralThesis
format doctoralThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189
dc.identifier.citation.fl_str_mv BECK, C. G Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária. 2018. 298 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2018. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189
url http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189
identifier_str_mv BECK, C. G Muros invisíveis: a comodificação da natureza e os luxos verdes na publicidade imobiliária. 2018. 298 f. Tese (Doutorado em Ciências Sociais – Programa de Pós-Graduação em Ciências Sociais, Centro de Humanidades, Universidade Federal de Campina Grande, Paraíba, Brasil, 2018. Disponível em: http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/jspui/handle/riufcg/2189
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Campina Grande
dc.publisher.program.fl_str_mv PÓS-GRADUAÇÃO EM CIÊNCIAS SOCIAIS
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFCG
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Centro de Humanidades - CH
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal de Campina Grande
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
instname:Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
instacron:UFCG
instname_str Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
instacron_str UFCG
institution UFCG
reponame_str Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
collection Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG
bitstream.url.fl_str_mv http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/riufcg/2189/3/CERES+GREHS+BECK+-+TESE+PPGCS+CH+2018.pdf
http://dspace.sti.ufcg.edu.br:8080/xmlui/bitstream/riufcg/2189/2/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv 412b1bbcc100c2cfe1b73f26934081c2
8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFCG - Universidade Federal de Campina Grande (UFCG)
repository.mail.fl_str_mv bdtd@setor.ufcg.edu.br || bdtd@setor.ufcg.edu.br
_version_ 1797044185482657792