A refutaÃÃo em introduÃÃes de teses de doutorado da Ãrea de linguÃstica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Marcilene Gaspar Barros
Data de Publicação: 2018
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFC
Texto Completo: http://www.teses.ufc.br/tde_busca/arquivo.php?codArquivo=20374
Resumo: Considerando o teor argumentativo do discurso acadÃmico, a refutaÃÃo configura-se como um procedimento imprescindÃvel, jà que a argumentaÃÃo pressupÃe o desacordo, o debate e, portanto, a refutaÃÃo, que, por sua vez, constitui-se na oposiÃÃo, no desacordo, necessÃrios à argumentaÃÃo. Sob uma abordagem enunciativa, à possÃvel correlacionar concessÃo/refutaÃÃo, jà que duas propriedades da concessÃo podem ser identificadas: a ideia de oposiÃÃo entre duas conclusÃes (r e nÃo-r); e a ideia de uma relaÃÃo hierÃrquica entre os conteÃdos valendo como argumentos para essas conclusÃes. Tendo em vista a estrutura composicional prototÃpica da refutaÃÃo (asserÃÃo prÃvia/recusa/justificativa) e a correlaÃÃo concessÃo/refutaÃÃo, buscamos, nesta pesquisa, identificar propriedades definidoras da refutaÃÃo no discurso acadÃmico. Para tanto, levantamos a seguinte questÃo: o que a refutaÃÃo manifestada em introduÃÃes de teses de doutorado da Ãrea de linguÃstica tem de peculiar que nos informa que os autores constroem seus textos da forma como constroem? O corpus à composto por oitenta introduÃÃes de teses de doutorado de dezesseis programas de pÃs-graduaÃÃo da Ãrea de linguÃstica. Para a coleta dos dados, procedemos a um recorte, com a seleÃÃo dos trechos constitutivos de atos de linguagem de refutaÃÃo, os quais se materializam por meio da articulaÃÃo dos elementos negativo e argumentativo. Assumimos os postulados teÃricos de Moeschler (1982), Moeschler e Spengler (1982) e Ducrot (1981, 1987). Para a anÃlise, definimos as seguintes categorias: estrutura composicional prototÃpica, marcas indicativas de recusa e efeitos de sentido. Aplicamos um modelo prototÃpico, organizado a partir dos estudos de Moeschler (1982) e de Moeschler e Spengler (1982), acrescido de elementos encadeadores e ratificadores da refutaÃÃo. TambÃm procedemos à identificaÃÃo das marcas instauradoras de oposiÃÃo e das vozes que emergem das estratÃgias refutativas para analisar os efeitos de sentido oriundos de tais vozes, por meio da polifonia linguÃstica (DUCROT, 1987). Os resultados ratificam a estrutura asserÃÃo prÃvia/recusa/justificativa, mas apontam tambÃm para uma configuraÃÃo com elementos que se solidarizam em um exercÃcio constante de encadear e ratificar o dito. A recusa à asserÃÃo prÃvia se manifesta a partir da combinaÃÃo de diferentes formas linguÃsticas, contudo, marcas que resultam em estratÃgias concessivas sÃo de uso mais frequente. A anÃlise polifÃnica dos efeitos de sentido permite a identificaÃÃo dos enunciadores colocados em cena pelo locutor, bem como do posicionamento do locutor diante desses enunciadores.