Avaliação do nível sérico de interleucina-3 como marcador prognóstico na sepse

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Isabela Nascimento Borges
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFMG
Texto Completo: http://hdl.handle.net/1843/BUOS-AJRPX3
Resumo: Estudo recente demonstrou que a interleucina 3 (IL-3) exerce papel relevante na fisiopatologia da sepse e que níveis elevados dessa citocina predizem pior prognóstico. O objetivo do presente estudo foi o de avaliar o papel prognóstico da IL-3 em pacientes com sepse internados em terapia intensiva, considerando a mortalidade hospitalar como desfecho primário. Foi conduzida uma coorte ambispectiva no Centro de Terapia Intensiva do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Minas Gerais. Pacientes adultos com sepse ou choque séptico iniciados em até 48 horas foram incluídos e acompanhados até alta hospitalar ou óbito. Níveis de IL-3 foram dosados no soro coletado nos dias 1, 3 e 7 a partir da inclusão, sendo em seguida testada a associação desses níveis com variáveis clínicas e laboratoriais. Adicionalmente avaliaram-se os níveis circulantes de citocinas pró e anti-inflamatórias (perfil de resposta Th1, Th2 e Th17) mensurados à inclusão destes pacientes. 120 pacientes foram incluídos de outubro/2012 a janeiro/2016, sendo 20 (17%) com sepse e 100 (83%) com choque séptico. A idade média da população foi de 55 (± 18) anos, e 68 (57%) dos pacientes eram do sexo masculino. As medianas dos escores Apache II e SOFA à inclusão foram 17 (Q1-Q3:12-22) e 8 (Q1-Q3:6-11) pontos, respectivamente. A mortalidade observada aos 28 dias, na UTI (unidade de terapia intensiva) e no hospital foi de 24%, 22,5% e 34%, respectivamente. Os níveis séricos de IL-3 mensurados à inclusão mostraram-se significativamente mais elevados entre os pacientes que faleceram quando comparados aos pacientes que sobreviveram à internação hospitalar (91,2 pg/ml vs 36,0 pg/ml, p=0,024). Valores iniciais de IL-3 acima de 127,5 pg/ml mostraram-se significativamente associados a mortalidade hospitalar (p=0,019; OR= 2,97; IC 95% 1,27 - 6,97). Tal associação se manteve em análise multivariada (p=0,01) ajustada para o APACHE II e PCR. Em modelo de sobrevivência de Cox incluindo a idade do paciente e os valores sequenciais de SOFA, os níveis de IL-3 mensurados à inclusão mantiveram-se independentemente associados a mortalidade hospitalar (p=0,005). Os níveis das citocinas IL-6 e IL-10 mensurados no dia 1 também se mostraram significativamente mais elevados nos pacientes que faleceram na internação. Em conclusão, níveis séricos de IL-3 obtidos no momento da admissão do paciente séptico em terapia intensiva mostraram-se independentemente associados à mortalidade hospitalar, mesmo após ajustes para idade, APACHE II e SOFA.