Capacidade funcional em idosos: análise espacial em um município do nordeste brasileiro

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lourenço, Caroline Barbosa
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UNIFOR
Texto Completo: https://biblioteca.sophia.com.br/terminalri/9575/acervo/detalhe/126865
Resumo: Envelhecer de maneira bem-sucedida perpassa pela capacidade funcional do idoso para executar atividades cotidianas com autonomia e independência. Apesar dos avanços das políticas públicas, no entanto, ainda existem modelos de atenção à saúde fragmentados, restritos a intervenções baseadas na queixa-conduta. A identificação dos grupos mais vulneráveis e o conhecimento dos fatores multifatoriais associados são meios essenciais para o planejamento de modelos de atenção à saúde, coerentes com o enfrentamento dos principais problemas que atingem a população idosa. Este estudo objetivou contribuir para a organização dos serviços de saúde com base em técnica de análise espacial, levando em consideração a vulnerabilidade funcional dos idosos. Conforma um estudo epidemiológico, transversal, com uso de técnicas de análise espacial. A pesquisa foi realizada no Município de Pacoti, localizado no Nordeste brasileiro. O universo da pesquisa compreendeu a população de 60 anos e mais, com tamanho amostral de 594 idosos e 5% para perdas ou recusas. A coleta dos dados ocorreu de janeiro de 2019 a março de 2020, por meio de visitas domiciliares e georreferenciamento. O instrumento de pesquisa consistiu em um questionário contendo quesitos sociodemográficos, estado geral de saúde e condição odontológica. Para identificar a vulnerabilidade clínico-funcional, em que são avaliadas a autopercepção da saúde, limitações e incapacidades para atividades da vida diária, foi aplicado o VES-13. Quanto à análise da insuficiência ou suporte familiar, recorreu-se ao instrumento Apgar da Família, e, para o estado depressivo, a Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage, versão reduzida (GDS-15). Os dados foram analisados por meio do Programa SPSS, versão 20, considerando o nível de significância de 5% (p<0,05). Análise univariada foi realizada para descrever a amostra em termos de variáveis independentes e para calcular prevalências. Análise de associações bivariadas realizada com o emprego do teste qui-quadrado de Pearson e quando adequado o teste exato de Fisher. Utilizou-se regressão logística univariada para análise bruta entre desfechos e variáveis. A análise ajustada para o desfecho da vulnerabilidade utilizou um modelo hierárquico de determinação, com intervalo de confiança de 95%, tendo como critério de inclusão no modelo um valor p < 0,20 na análise bruta, e p<0,10 como critério de manutenção das variáveis em cada nível na análise ajustada. A qualidade do ajuste foi aferida pela curva ROC, sendo apresentado os valores de VPP e VPN. Na segunda etapa, foram georreferenciados todos os endereços dos idosos, utilizando-se a ferramenta Google Earth (GE). Para verificar existência de padrão sistemático, análise espacial do tipo padrão de pontos foi empregada, com a Técnica Estimador de Intensidade (¿Kernel Estimation¿). Este estudo recebeu aprovação do Comitê de Ética e Pesquisa da Universidade de Fortaleza (UNIFOR), com parecer de número 2.726.401. Foram entrevistadas 574 pessoas idosas, com idade de 60 a 108 anos, ficando a média igual a 72,39 (DP±8,980). Os resultados revelam prevalência de vulnerabilidade de 44,2%, disfunção familiar de 18,9% e quase metade (47,1%) com possível depressão geriátrica. Foram obtidas relações estatisticamente significativas entre existência de vulnerabilidade, o fato de ser do sexo feminino, viuvez, faixa etária elevada, percepção de saúde ruim, ter alguma doença, diabetes, reumatismo, neoplasias, doenças cardiovasculares, deficiências auditiva e de fala, queda, uso de medicações, sensação de boca seca, dificuldade para mastigar e engolir, problemas para sentir o gosto dos alimentos, sensação de queimação na boca e de dor sem razão aparente, suspeita de depressão e disfunção familiar (p<0,05). O modelo hierárquico ajustado evidenciou que ser do sexo feminino, faixa etária elevada, baixa renda, percepção de saúde ruim, reumatismo, sentir-se sem energia, não acreditar que os problemas têm solução, dificuldade para mastigar e engolir, assim como dor sem razão aparente na boca estão associadas com a vulnerabilidade clínico-funcional. A análise espacial revelou aglomerações de casos de vulnerabilidade funcional, bem como de suspeita de depressão geriátrica, apenas na área de maior concentração urbana, localizada no Distrito-Sede. Assim, o fato de morar na zona rural é passível de ser um fator protetivo para vulnerabilidade e depressão geriátrica. Os achados deste estudo possibilitam a elaboração de um modelo de atenção à saúde do idoso com foco na autonomia e independência. Baseia-se, para tanto, na identificação precoce de pessoas idosas em condição de vulnerabilidade clínico-funcional, sua localização georreferenciada e fatores associados. Palavras-chave: Idoso. Vulnerabilidade em saúde; Atividades Cotidianas; Análise espacial; Mapeamento geográfico.