"Cultura" e burocracia: as relações dos Maracatus de Baque Solto com o Estado

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: ESTEVES, Leonardo Leal
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFPE
Texto Completo: https://repositorio.ufpe.br/handle/123456789/17997
Resumo: O objetivo deste trabalho é compreender as atuais relações dos maracatus de baque solto com o Estado. Observa-se que, se por um lado houve uma crescente ampliação em termos de investimento e institucionalização de órgãos, legislações, programas e ações voltadas para as culturas populares, por outro, há uma dificuldade significativa por parte de alguns representantes deste “segmento da cultura” em ter acesso às políticas culturais que passaram a lhes ser destinadas. Buscando se adequar aos chamados “preceitos republicanos” de isonomia, democracia e transparência na aplicação dos recursos públicos, o poder público em suas diferentes esferas passou a instituir uma série de mecanismos burocráticos relacionados às atuais políticas de fomento à cultura. As atuais mudanças, no entanto, se por um lado, parecem ter sido necessárias para tentar garantir uma maior justiça e eficácia na aplicação dos recursos públicos, por outro, tem engendrado grandes dificuldades e desafios para aqueles que não estão muito habituados com trâmites recentemente instituídos. Através deste estudo, portanto, procurei compreender como se dão as relações dos maracatuzeiros com o Estado na contemporaneidade. Para isto, utilizei diferentes estratégias, realizando movimentos que ora me trouxeram ao campo do Estado, ora me aproximaram mais do universo dos representantes das culturas populares. Pelo que pude perceber, os atuais mecanismos além de parecerem ineficazes quanto aos seus objetivos, são incompatíveis com a tradição de muitos grupos populares. O maracatu - como afirmam seus representantes - é uma “brincadeira pesada!”. Suas práticas e representações parecem estar mais próximas a uma dinâmica que envolve ao mesmo tempo brincadeira, sacrifício, dádiva, ritual e espetáculo, ao que os próprios maracatuzeiros chamam genericamente de “cultura do baque solto”. Ainda que a relação com Estado seja uma dimensão importante na contemporaneidade, seus representantes parecem não se adequar plenamente ao “mundo da burocracia.