A participação das mulheres rurais em organizações coletivas e as influências para suas identidades de gênero

• Autor(a) principal: Oliveira, Ighor Thadeu Silva
• Data de Publicação: 2018
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: LOCUS Repositório Institucional da UFV
• Texto Completo: http://www.locus.ufv.br/handle/123456789/22341
• topic: Mulheres do campo; Socialização; Identidade de gênero; Extensão Rural

Esta pesquisa procurou analisar de que forma a participação de mulheres rurais em organizações coletivas, pode contribuir para a construção de novas identidades de gênero. A pesquisa bibliográfica realizada permitiu estabelecer conexões entre diferentes conceitos que auxiliaram na compreensão da constituição da identidade de gênero no mundo atual. Percebeu-se, através da pesquisa bibliográfica, que na modernidade, a força de instituições socializadoras marcadas por valores tradicionais, como a religião, a escola e a família burguesa, perderam a sua força modeladora, flexibilizando as possibilidades de manifestações identitárias, advindas de agentes marcados por habitus híbridos. A participação em organizações coletivas se constitui em uma forma de conectar os indivíduos a grupos, que extrapolam o seu círculo de relações mais próximo, na família e na comunidade, proporcionando-lhes vias de acesso a novas informações e recursos. Percebeu-se a Rede de Grupos de Mulheres Rurais Uruguaias como um sistema complexo de relações organizadas, que conecta organizações coletivas em torno de valores, objetivos e projetos comuns voltados para o empoderamento da mulher rural por meio de um isomorfismo normativo que refle na capacitação de suas integrantes. O estudo foi realizado com a aplicação de 127 questionários com mulheres rurais que integram a rede e visou obter indicadores para a elaboração de perfis conservadores e progressistas de identidades de gênero. Verificou-se que a participação na rede permitiu as mulheres manifestarem aceitação e legitimação em relação a valores e práticas que podem ser classificadas como progressistas pela literatura científica. Constatou-se que a identidade de gênero das integrantes da RedMu manifesta não somente a permanência de uma condição socioeconômica construída na socialização primária, como o nível educacional alcançado, a religião e as práticas laborais advindas dos direcionamentos dos pais, mas, manifesta, também, uma visão social de mundo ancorada em valores que refletem a tolerância e o respeito a um modelo de identidade de gênero perpassado por práticas intensamente debatidas na sociedade uruguaia, como a legalização do aborto, o casamento entre pessoas do mesmo sexo e a legalização do uso da maconha.