Aspectos bioecológicos e parasitários de cimotoídeos em peixes do Lago Guaíba/RS (Crustacea, Isopoda, Cymothoidae)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Alberto, Regina Maria de Fraga
Data de Publicação: 2008
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/15479
Resumo: O estudo de Cymothoidae no Lago Guaíba foi baseado em amostragens mensais realizadas na praia da Vila de Itapuã, Viamão, RS (30º21’S; 51º04’W) e na Barra do Ribeiro, RS (30º17’S; 51º18’W), no período de junho/ 2005 a maio/ 2006, utilizando-se redes de arrasto e de espera. Foram realizadas coletas também para obtenção de parasitos vivos a serem usados nos experimentos de infestação em laboratório. Analisaram-se, ainda, peixes coletados pelo Laboratório de Ictiologia do Museu de Ciências e Tecnologia da PUCRS (MCTPUCRS) e material já tombado na Coleção de Crustáceos do mesmo Museu, coletados nos períodos de 1990 a 2000 e de junho/ 2005 a maio 2006, para ampliar as amostras para os estudos de morfologia, período reprodutivo, biótopos parasitários, formas intramarsupiais, relações de tamanho entre parasito e hospedeiro. As coletas na praia de Itapuã foram feitas com rede de arrasto (10 m de comprimento por 1,5 m de altura; malha de 8 mm), com 10 passadas perpendiculares à margem, atingindo profundidade máxima de 1m e cobrindo uma extensão que variou entre 200 e 400 m2 de área alagada. Após análise preliminar na praia, para a devolução ao ambiente do maior número possível de peixes coletados, os peixes parasitados ou não identificados no local foram acondicionados em baldes com formol a 4% (formalina 10%) e transportados ao laboratório. Exemplares pequenos, não parasitados, de Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) (cará) e Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) (barrigudinho) foram coletados para servirem de hospedeiros nos experimentos de comportamento. As amostragens na Barra do Ribeiro foram realizadas pelo Laboratório de Dinâmica Populacional do Instituto de Biociências da PUCRS, Porto Alegre, RS, e analisadas em ação conjunta, utilizando-se redes de espera de malhas 15, 20, 25, 30, 35, 40, 50, 60 e 70 mm com 30m de comprimento e alturas variadas. No laboratório, os peixes foram separados por espécie, medidos e analisados com relação à presença de parasitos, tendo sido identificados por pesquisadores do Laboratório de Ictiologia do MCTPUCRS. Nos dados biométricos dos hospedeiros, avaliou-se o comprimento padrão (CP), considerado desde a ponta do focinho até a base da nadadeira caudal; nas medidas dos parasitos, foi avaliado o comprimento total (CT), considerado da extremidade do rostro até a extremidade do télson, e a largura (L), aferida na parte mais larga, correspondendo geralmente ao quarto ou quinto pereonito. As fêmeas ovígeras tiveram seus ovos ou jovens contados, indicando-se a fase de desenvolvimento embrionário. Exemplares foram fotografados sob microscópio estereoscópico, com câmera digital, e sob microscópio eletrônico de varredura (MEV), para registro de diferenças morfológicas. Além da caracterização de manca, macho e fêmea das espécies estudadas, apresenta-se uma chave de identificação, contemplando estas três fases. Dos 6.495 peixes coletados de junho/ 05 a maio/ 06, 149 estavam parasitados, com um total de 162 parasitos. Com a rede de arrasto de margem foram obtidos 2.780 peixes, dos quais 126 estavam parasitados; com a rede de espera, coletaram-se 3.715 peixes, com 23 parasitados. A prevalência média foi de 2,29%, com maiores índices nos meses de março, outubro, janeiro, fevereiro e abril. Prevalências mais altas foram obtidas nas coletas de margem (4,53%) contra aquelas da coluna de água (0,62%). Encontraram-se 43 espécies de hospedeiros, das quais, 20 estavam parasitadas com as seguintes espécies de cimotoídeos: Artystone trysibia Schioedte, 1866, Braga fluviatilis Richardson, 1911, Riggia paranensis Szidat, 1948 e Telotha henselii (von Martens, 1869), sendo a mais freqüente, A. trysibia, em 12 espécies de hospedeiros, seguida de B. fluviatilis, em cinco e T. henselii e R. paranensis, ambas em quatro. Maior ocorrência de parasitismo por A. trysibia foi registrada de dezembro a março. Análises dos biótopos parasitários basearam-se em 341 peixes coletados no período de 1990 a 2000 e de junho/ 2005 a maio 2006, tendo-se encontrados 388 parasitos. Em geral, A. trysibia se posiciona principalmente no ventre, desde a parte anterior até o ânus, com maior freqüência na base das nadadeiras ventrais; T. henselii ocorre nas brânquias; B. fluviatilis na boca e brânquias; R. paranensis na cabeça e nadadeiras, com fêmeas inseridas atrás das nadadeiras peitorais; muitos parasitos ocorreram superficialmente. Aspectos da biologia reprodutiva basearam-se na análise de 485 parasitos, sendo 224 mancas, 166 machos e 95 fêmeas, das quais, 62 em período reprodutivo. Encontraram-se formas intramarsupiais nas fases de ovos, embriões, mancas I e mancas II. A fecundidade de A. trysibia foi de 155,4 (± 106,56) e de T. henselii, 201,31 (± 82,4619); a única fêmea ovígera de R. paranensis apresentava 949 formas intramarsupiais, entre embriões, mancas I e mancas II. Uma mesma fêmea pode portar formas em diferentes estágios de desenvolvimento com liberação gradual das mancas no ambiente. Há relação entre o comprimento e a largura nas fêmeas ovígeras, maior para A. trysibia do que para T. henselii. Após triagem, identificação taxonômica e biometria, os parasitos foram fixados em álcool a 70%, sendo tombados na Coleção de Crustáceos do MCTPUCRS e do Departamento de Zoologia da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). Realizaram-se 30 experimentos para análise do comportamento de parasitos e hospedeiros em laboratório, nos quais foram registrados e analisados os atos comportamentais desde o momento do encontro, até a infestação, com o parasito já inserido no corpo do peixe. Aspectos do comportamento de parasito e hospedeiro, local de fixação e percurso do parasito até a fixação no local escolhido, foram observados, registrando-se o tempo transcorrido para cada ato comportamental. Foi obtida infestação positiva em 60% dos casos, não se constatando relação entre o sucesso da mesma e o tamanho parasito/ hospedeiro. Ficou evidente o comportamento ativo de A. trysibia na busca pelo hospedeiro no posicionamento de espera, ao fundo, com movimentos do corpo.
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As coletas na praia de Itapuã foram feitas com rede de arrasto (10 m de comprimento por 1,5 m de altura; malha de 8 mm), com 10 passadas perpendiculares à margem, atingindo profundidade máxima de 1m e cobrindo uma extensão que variou entre 200 e 400 m2 de área alagada. Após análise preliminar na praia, para a devolução ao ambiente do maior número possível de peixes coletados, os peixes parasitados ou não identificados no local foram acondicionados em baldes com formol a 4% (formalina 10%) e transportados ao laboratório. Exemplares pequenos, não parasitados, de Gymnogeophagus gymnogenys (Hensel, 1870) (cará) e Jenynsia multidentata (Jenyns, 1842) (barrigudinho) foram coletados para servirem de hospedeiros nos experimentos de comportamento. 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Exemplares foram fotografados sob microscópio estereoscópico, com câmera digital, e sob microscópio eletrônico de varredura (MEV), para registro de diferenças morfológicas. Além da caracterização de manca, macho e fêmea das espécies estudadas, apresenta-se uma chave de identificação, contemplando estas três fases. Dos 6.495 peixes coletados de junho/ 05 a maio/ 06, 149 estavam parasitados, com um total de 162 parasitos. Com a rede de arrasto de margem foram obtidos 2.780 peixes, dos quais 126 estavam parasitados; com a rede de espera, coletaram-se 3.715 peixes, com 23 parasitados. A prevalência média foi de 2,29%, com maiores índices nos meses de março, outubro, janeiro, fevereiro e abril. Prevalências mais altas foram obtidas nas coletas de margem (4,53%) contra aquelas da coluna de água (0,62%). 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Em geral, A. trysibia se posiciona principalmente no ventre, desde a parte anterior até o ânus, com maior freqüência na base das nadadeiras ventrais; T. henselii ocorre nas brânquias; B. fluviatilis na boca e brânquias; R. paranensis na cabeça e nadadeiras, com fêmeas inseridas atrás das nadadeiras peitorais; muitos parasitos ocorreram superficialmente. Aspectos da biologia reprodutiva basearam-se na análise de 485 parasitos, sendo 224 mancas, 166 machos e 95 fêmeas, das quais, 62 em período reprodutivo. Encontraram-se formas intramarsupiais nas fases de ovos, embriões, mancas I e mancas II. A fecundidade de A. trysibia foi de 155,4 (± 106,56) e de T. henselii, 201,31 (± 82,4619); a única fêmea ovígera de R. paranensis apresentava 949 formas intramarsupiais, entre embriões, mancas I e mancas II. Uma mesma fêmea pode portar formas em diferentes estágios de desenvolvimento com liberação gradual das mancas no ambiente. 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As amostragens na Barra do Ribeiro foram realizadas pelo Laboratório de Dinâmica Populacional do Instituto de Biociências da PUCRS, Porto Alegre, RS, e analisadas em ação conjunta, utilizando-se redes de espera de malhas 15, 20, 25, 30, 35, 40, 50, 60 e 70 mm com 30m de comprimento e alturas variadas. No laboratório, os peixes foram separados por espécie, medidos e analisados com relação à presença de parasitos, tendo sido identificados por pesquisadores do Laboratório de Ictiologia do MCTPUCRS. Nos dados biométricos dos hospedeiros, avaliou-se o comprimento padrão (CP), considerado desde a ponta do focinho até a base da nadadeira caudal; nas medidas dos parasitos, foi avaliado o comprimento total (CT), considerado da extremidade do rostro até a extremidade do télson, e a largura (L), aferida na parte mais larga, correspondendo geralmente ao quarto ou quinto pereonito. As fêmeas ovígeras tiveram seus ovos ou jovens contados, indicando-se a fase de desenvolvimento embrionário. Exemplares foram fotografados sob microscópio estereoscópico, com câmera digital, e sob microscópio eletrônico de varredura (MEV), para registro de diferenças morfológicas. Além da caracterização de manca, macho e fêmea das espécies estudadas, apresenta-se uma chave de identificação, contemplando estas três fases. Dos 6.495 peixes coletados de junho/ 05 a maio/ 06, 149 estavam parasitados, com um total de 162 parasitos. Com a rede de arrasto de margem foram obtidos 2.780 peixes, dos quais 126 estavam parasitados; com a rede de espera, coletaram-se 3.715 peixes, com 23 parasitados. A prevalência média foi de 2,29%, com maiores índices nos meses de março, outubro, janeiro, fevereiro e abril. Prevalências mais altas foram obtidas nas coletas de margem (4,53%) contra aquelas da coluna de água (0,62%). 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Em geral, A. trysibia se posiciona principalmente no ventre, desde a parte anterior até o ânus, com maior freqüência na base das nadadeiras ventrais; T. henselii ocorre nas brânquias; B. fluviatilis na boca e brânquias; R. paranensis na cabeça e nadadeiras, com fêmeas inseridas atrás das nadadeiras peitorais; muitos parasitos ocorreram superficialmente. Aspectos da biologia reprodutiva basearam-se na análise de 485 parasitos, sendo 224 mancas, 166 machos e 95 fêmeas, das quais, 62 em período reprodutivo. Encontraram-se formas intramarsupiais nas fases de ovos, embriões, mancas I e mancas II. A fecundidade de A. trysibia foi de 155,4 (± 106,56) e de T. henselii, 201,31 (± 82,4619); a única fêmea ovígera de R. paranensis apresentava 949 formas intramarsupiais, entre embriões, mancas I e mancas II. Uma mesma fêmea pode portar formas em diferentes estágios de desenvolvimento com liberação gradual das mancas no ambiente. 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