Mecanismos subjacentes ao efeito da manipulação neonatal sobre o vínculo mãe/filhote

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Reis, Adolfo Rodrigues
Data de Publicação: 2014
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações da UFRGS
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10183/153266
Resumo: Ao nascerem, os mamíferos não estão com o sistema nervoso plenamente desenvolvido e os primeiros dias de vida representam uma fase crítica para o desenvolvimento desse sistema. De fato, nesta fase o encéfalo está passando por diversos processos fundamentais como organização funcional das redes neurais, proliferação neuronal, migração, diferenciação, além de gliogênese e mielinização. Em ratos, um procedimento simples, como “manipular” os filhotes por alguns minutos durante a primeira semana de vida, pode marcar decisivamente o desenvolvimento do indivíduo. Assim, a manipulação neonatal tem sido muito utilizada para se examinar os mecanismos pelos quais variações ambientais podem afetar o desenvolvimento do filhote. A manipulação neonatal promove uma série de alterações comportamentais e neuroendócrinas que se caracterizam basicamente por uma diminuição do medo e da resposta ao estresse no adulto. Embora muitos autores até caracterizem a manipulação como uma intervenção positiva ela também pode provocar graves déficits em comportamentos sociais e reprodutivos para a prole aparecendo desde o inicio do desenvolvimento e persistindo até a vida adulta. Além de seu efeito sobre os filhotes, estudos tem demostrado que intervenções na prole no período neonatal também afetam de forma duradoura a resposta ao estresse das genitoras, mas este tema ainda é muito pouco explorado pela literatura Portanto, na primeira parte desta tese, iremos estudar os efeitos da manipulação neonatal sobre a formação do vínculo mãe-filhote, tentando associar mudanças no comportamento da mãe ao longo dos 10 primeiros dias pós-parto com a preferencia pelo odor do ninho em filhotes testados no labirinto em Y. Na segunda parte desta tese iremos abordar os efeitos da manipulação sobre a resposta ao estresse agudo e crônico em ratas que tiveram seus filhotes manipulados no período neonatal, para isso submetemos genitoras dos grupos controle e manipulado após o desmame a um dos dois protocolos descritos a seguir: com estresse (estresse por contenção de movimentos 1h/dia por 7 dias) ou sem estresse (nenhuma intervenção após o desmame) e testamos os animais através do teste de nado forçado para observar mudanças na resposta emocional. Também medimos os níveis de BDNF e corticosterona no plasma após o teste e medimos o peso das adrenais para verificar o efeito da manipulação na resposta ao estresse das genitoras Os resultados dessa tese mostram que a manipulação neonatal afeta a estrutura do comportamento maternal, mudando a sequencia e a sincronia do comportamento da mãe com o filhote, o que poderia ser em parte a causa da alteração no comportamento de preferencia pelo odor do ninho observado em animais manipulados, principalmente nas fêmeas. Além disso, observamos que a manipulação afeta de forma duradoura a resposta ao estresse (agudo e crônico) das genitoras, podendo alterar a resposta emocional desses animais e predispor a sintomas do tipo depressivo em resposta ao estresse agudo Esses resultados reforçam a ideia de que o estudo dos efeitos duradouros da manipulação não só nos filhotes, mas também no organismo materno, podem servir como uma importante ferramenta para elaboração de projetos clínicos, visando a exploração da existência de comportamentos similares em humanos. Isso ajudará na elaboração de politicas de saúde publica que visem minimizar os efeitos de eventos adversos acontecidos no inicio da vida sobre a saúde física e mental tanto da mãe quanto da criança.