A tuberculose entre o povo indígena Suruí de Rondônia, Amazônia, Brasil
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Data de Publicação: | 2005 |
Tipo de documento: | Tese |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) |
Texto Completo: | https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4495 |
Resumo: | A tuberculose constitui problema prioritário de saúde pública no Brasil. As maiores taxas de incidência da doença concentram-se nas periferias das grandes cidades da região Sudeste e na região Amazônica, onde vive cerca de 60% da população indígena no Brasil. Por causas ainda pouco esclarecidas, os povos indígenas são mais vulneráveis à tuberculose e experimentam cargas da doença muito superiores às observadas na população geral do país. Este estudo teve por objetivos investigar a freqüência, as formas clínicas e a associação de fatores clínico-biológicos com a infecção por M. tuberculosis entre o povo indígena Suruí. Utilizou-se das seguintes estratégias para abordagem do problema: a) identificação dos registros históricos disponíveis para a doença entre o grupo; b) busca ativa de sintomáticos respiratórios para determinar a prevalência de tuberculose ativa nas aldeias; c) análise dos padrões radiológicos dos doentes submetidos ao tratamento no período 2003-2004; d) estudo prospectivo, na forma de inquérito tuberculínico em duas fases e acompanhado de vacinação com BCG para estimar a prevalência de infecção por Mycobacterium tuberculosis e determinar o risco médio anual de infecção em 2005. O levantamento dos registros históricos revelou incidência média de tuberculose de 2.518,9/100.000 no período 1991-2002. No estudo seccional foram examinados 736 indivíduos (50,7% do sexo feminino), dos quais 109 foram considerados sintomáticos respiratórios. Descobriu-se 6 novos casos de tuberculose ativa, sendo 5 confirmados à cultura, produzindo um indicador de prevalência de 815,2/100.000. Foi possível ainda descrever a presença de 4 diferentes cepas de M. tb envolvidas no processo de transmissão da doença, sendo uma delas resistente a rifampicina e isoniazida. Foi possível identificar em 12,8% das amostras de escarro a presença de micobactérias ambientais. Conduziu-se análise radiológica em 23/33 (69,7%) indivíduos que estiveram em tratamento em 2003-2004. Verificou-se predominância de condensações não homogêneas (44,8%), seguido de cavitações (10,3%) e consolidações (6,9%) nos campos pulmonares. Porém, o fato que realmente chamou atenção foi que em 1/3 dos indivíduos avaliados não havia qualquer tipo de infiltrado nos pulmões, embora a forma clínica notificada tivesse sido a pulmonar. O estudo prospectivo mostrou uma prevalência de infecção por M. tb de 24,1% na população avaliada (n=645), segundo o método utilizado. Pelo método convencional (reações ≥ 10 mm) a prevalência estimada seria de 33,5%. O risco médio anual de infecção para o grupo foi de 1,5%. Por meio dos dados disponíveis ficou claramente demonstrada a maior vulnerabilidade dos Suruí à Tuberculose. Apesar da alta cobertura vacinal por BCG verificada entre o grupo, foi possível estimar a prevalência de infecção específica por M. tb com o método utilizado neste estudo. As evidências levantadas por esta investigação indicam a necessidade de se elaborar estratégias específicas para o controle da tuberculose entre os povos indígenas no Brasil, levando em consideração suas diferenças sociais, culturais e ambientais. |
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Basta, Paulo CesarCamacho, Luiz Antonio BastosCoimbra Junior, Carlos Everaldo Alvares2012-09-05T18:24:04Z2012-09-05T18:24:04Z2005BASTA, Paulo Cesar. A tuberculose entre o povo indígena Suruí de Rondônia, Amazônia, Brasil. 2005. 114 f. Tese (Doutorado em Saúde Pública) - Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz, Rio de Janeiro, 2005.https://www.arca.fiocruz.br/handle/icict/4495A tuberculose constitui problema prioritário de saúde pública no Brasil. As maiores taxas de incidência da doença concentram-se nas periferias das grandes cidades da região Sudeste e na região Amazônica, onde vive cerca de 60% da população indígena no Brasil. Por causas ainda pouco esclarecidas, os povos indígenas são mais vulneráveis à tuberculose e experimentam cargas da doença muito superiores às observadas na população geral do país. Este estudo teve por objetivos investigar a freqüência, as formas clínicas e a associação de fatores clínico-biológicos com a infecção por M. tuberculosis entre o povo indígena Suruí. Utilizou-se das seguintes estratégias para abordagem do problema: a) identificação dos registros históricos disponíveis para a doença entre o grupo; b) busca ativa de sintomáticos respiratórios para determinar a prevalência de tuberculose ativa nas aldeias; c) análise dos padrões radiológicos dos doentes submetidos ao tratamento no período 2003-2004; d) estudo prospectivo, na forma de inquérito tuberculínico em duas fases e acompanhado de vacinação com BCG para estimar a prevalência de infecção por Mycobacterium tuberculosis e determinar o risco médio anual de infecção em 2005. O levantamento dos registros históricos revelou incidência média de tuberculose de 2.518,9/100.000 no período 1991-2002. No estudo seccional foram examinados 736 indivíduos (50,7% do sexo feminino), dos quais 109 foram considerados sintomáticos respiratórios. Descobriu-se 6 novos casos de tuberculose ativa, sendo 5 confirmados à cultura, produzindo um indicador de prevalência de 815,2/100.000. Foi possível ainda descrever a presença de 4 diferentes cepas de M. tb envolvidas no processo de transmissão da doença, sendo uma delas resistente a rifampicina e isoniazida. Foi possível identificar em 12,8% das amostras de escarro a presença de micobactérias ambientais. Conduziu-se análise radiológica em 23/33 (69,7%) indivíduos que estiveram em tratamento em 2003-2004. Verificou-se predominância de condensações não homogêneas (44,8%), seguido de cavitações (10,3%) e consolidações (6,9%) nos campos pulmonares. Porém, o fato que realmente chamou atenção foi que em 1/3 dos indivíduos avaliados não havia qualquer tipo de infiltrado nos pulmões, embora a forma clínica notificada tivesse sido a pulmonar. O estudo prospectivo mostrou uma prevalência de infecção por M. tb de 24,1% na população avaliada (n=645), segundo o método utilizado. Pelo método convencional (reações ≥ 10 mm) a prevalência estimada seria de 33,5%. O risco médio anual de infecção para o grupo foi de 1,5%. Por meio dos dados disponíveis ficou claramente demonstrada a maior vulnerabilidade dos Suruí à Tuberculose. Apesar da alta cobertura vacinal por BCG verificada entre o grupo, foi possível estimar a prevalência de infecção específica por M. tb com o método utilizado neste estudo. As evidências levantadas por esta investigação indicam a necessidade de se elaborar estratégias específicas para o controle da tuberculose entre os povos indígenas no Brasil, levando em consideração suas diferenças sociais, culturais e ambientais.Tuberculosis (TB) is highly endemic in Brazil, with highest incidence rates reported in the periphery of major southeastern cities and in the Amazon, where approximately 60% of the indigenous population is located. Due to unknown reasons, indigenous peoples are more vulnerable to TB and face a much higher disease burden when compared to the general national population. This study aimed at investigating the epidemiology of TB among the Suruí Indians of southwestern Brazilian Amazonia, focusing at the clinical and biological factors associated with tuberculous infection. The investigation was carried out in accordance with the following design: (a) identify historical records of TB in the Suruí; (b) active case finding to determine the prevalence of TB in the Suruí, including all villages; (c) analysis of chest radiographs of Suruí subjects who underwent anti-TB treatment in 2003-2004; (d) a prospective study designed as a post-BCG revaccination tuberculin skin test survey to estimate the prevalence of Mycobacterium tuberculosis (MTB) infection and to determine the annual risk of infection in 2005. The analysis of historical records showed an average incidence coefficient for TB in the Suruí of 2,518.9 per 100,000 inhabitants in the period 1991-2002. The cross-sectional survey included 736 subjects (50.7% females); 109 were considered TB suspects, on the basis of signs and/or symptoms identified during physical examinations. The survey identified six new cases of TB in the Suruí, five of which confirmed by MTB culture growth. The prevalence of active TB was 815.2 per 100,000. Four MTB genotypes were identified, one of which showed resistance to rifampicin and isoniazid. Environmental non-tuberculous mycobacteria were identified in 12.8% of the sputum samples that were tested. A total of 23/33 (69.7%) chest radiographs from Suruí subjects diagnosed and treated in 2003-2004 were analysed. A predominance of inespecific infiltrates was observed in 13 radiographs. The presence ofcavitations was reported in three radiographs and no infiltrates were detected in seven images. Nine subjects presented a pattern of multiple parenchymal involvement, with more than on type of infiltrates, and the involvement of at least two pulmonary lobes. The radiographs of an expressive percentage of the subjects (about one third) were considered normal; nevertheless specific treatment was initiated at the local health service without using all possible resources available for diagnosis. The prevalence of infection yielded in the prospective study was 24.1% (n=645). If the conventional cutoff point of indurations (≥10 mm) were taken to define TB infection, the prevalence would be 33.5%. The annual risk infection derived from available estimates of prevalence of infection was 1.5%. The available information clearly showed the high vulnerability ofthe Suruí people to tuberculosis. Despite the high BCG coverage, it was possible toestimate the prevalence of MTB infection in the Suruí. The evidence gathered in this study highlights the urgent need to review and strengthen TB control strategies directed at indigenous peoples in Brazil, taking into consideration their social, cultural and environmental differences.Fundação Oswaldo Cruz. Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca. Rio de Janeiro, RJ, Brasil.porTuberculoseMycobacterium tuberculosisIndios Sul-AmericanosVacina BCGResistência a DrogasTuberculosisIndians, South AmericanEpidemiologyTuberculinMycobacterium bovisDrug ResistancetuberculoseÍndios Sul-AmericanosEpidemiologiaTuberculinaMycobacterium bovisResistência a MedicamentosA tuberculose entre o povo indígena Suruí de Rondônia, Amazônia, BrasilTuberculosis between the native people Suruí of Rondonia, Amazonia, Brazilinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisEscola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca, Fundação Oswaldo Cruz.Fundação Oswaldo Cruz, Escola Nacional de Saúde Pública Sergio Arouca.Rio de Janeiro/RJPrograma de Pós-Graduação em Saúde Públicainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA)instname:Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)instacron:FIOCRUZLICENSElicense.txttext/plain1748https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4495/1/license.txt8a4605be74aa9ea9d79846c1fba20a33MD51ORIGINALve_Paulo_Basta_ENSP_2005.pdfapplication/pdf2406045https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4495/2/ve_Paulo_Basta_ENSP_2005.pdfa552ef271851578e23d08f3c12daaf28MD52TEXT242.pdf.txt242.pdf.txtExtracted texttext/plain263351https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4495/5/242.pdf.txt368944d6b0e67456953e24f73b0f2415MD55ve_Paulo_Basta_ENSP_2005.pdf.txtve_Paulo_Basta_ENSP_2005.pdf.txtExtracted texttext/plain263351https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4495/6/ve_Paulo_Basta_ENSP_2005.pdf.txt368944d6b0e67456953e24f73b0f2415MD56THUMBNAIL242.pdf.jpg242.pdf.jpgGenerated Thumbnailimage/jpeg1057https://www.arca.fiocruz.br/bitstream/icict/4495/4/242.pdf.jpg6e4ced87340a45aa2d93bffa33e4c41aMD54icict/44952023-01-19 11:26:07.24oai:www.arca.fiocruz.br:icict/4495Tk9URTogUExBQ0UgWU9VUiBPV04gTElDRU5TRSBIRVJFClRoaXMgc2FtcGxlIGxpY2Vuc2UgaXMgcHJvdmlkZWQgZm9yIGluZm9ybWF0aW9uYWwgcHVycG9zZXMgb25seS4KCk5PTi1FWENMVVNJVkUgRElTVFJJQlVUSU9OIExJQ0VOU0UKCkJ5IHNpZ25pbmcgYW5kIHN1Ym1pdHRpbmcgdGhpcyBsaWNlbnNlLCB5b3UgKHRoZSBhdXRob3Iocykgb3IgY29weXJpZ2h0Cm93bmVyKSBncmFudHMgdG8gRFNwYWNlIFVuaXZlcnNpdHkgKERTVSkgdGhlIG5vbi1leGNsdXNpdmUgcmlnaHQgdG8gcmVwcm9kdWNlLAp0cmFuc2xhdGUgKGFzIGRlZmluZWQgYmVsb3cpLCBhbmQvb3IgZGlzdHJpYnV0ZSB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gKGluY2x1ZGluZwp0aGUgYWJzdHJhY3QpIHdvcmxkd2lkZSBpbiBwcmludCBhbmQgZWxlY3Ryb25pYyBmb3JtYXQgYW5kIGluIGFueSBtZWRpdW0sCmluY2x1ZGluZyBidXQgbm90IGxpbWl0ZWQgdG8gYXVkaW8gb3IgdmlkZW8uCgpZb3UgYWdyZWUgdGhhdCBEU1UgbWF5LCB3aXRob3V0IGNoYW5naW5nIHRoZSBjb250ZW50LCB0cmFuc2xhdGUgdGhlCnN1Ym1pc3Npb24gdG8gYW55IG1lZGl1bSBvciBmb3JtYXQgZm9yIHRoZSBwdXJwb3NlIG9mIHByZXNlcnZhdGlvbi4KCllvdSBhbHNvIGFncmVlIHRoYXQgRFNVIG1heSBrZWVwIG1vcmUgdGhhbiBvbmUgY29weSBvZiB0aGlzIHN1Ym1pc3Npb24gZm9yCnB1cnBvc2VzIG9mIHNlY3VyaXR5LCBiYWNrLXVwIGFuZCBwcmVzZXJ2YXRpb24uCgpZb3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgdGhlIHN1Ym1pc3Npb24gaXMgeW91ciBvcmlnaW5hbCB3b3JrLCBhbmQgdGhhdCB5b3UgaGF2ZQp0aGUgcmlnaHQgdG8gZ3JhbnQgdGhlIHJpZ2h0cyBjb250YWluZWQgaW4gdGhpcyBsaWNlbnNlLiBZb3UgYWxzbyByZXByZXNlbnQKdGhhdCB5b3VyIHN1Ym1pc3Npb24gZG9lcyBub3QsIHRvIHRoZSBiZXN0IG9mIHlvdXIga25vd2xlZGdlLCBpbmZyaW5nZSB1cG9uCmFueW9uZSdzIGNvcHlyaWdodC4KCklmIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uIGNvbnRhaW5zIG1hdGVyaWFsIGZvciB3aGljaCB5b3UgZG8gbm90IGhvbGQgY29weXJpZ2h0LAp5b3UgcmVwcmVzZW50IHRoYXQgeW91IGhhdmUgb2J0YWluZWQgdGhlIHVucmVzdHJpY3RlZCBwZXJtaXNzaW9uIG9mIHRoZQpjb3B5cmlnaHQgb3duZXIgdG8gZ3JhbnQgRFNVIHRoZSByaWdodHMgcmVxdWlyZWQgYnkgdGhpcyBsaWNlbnNlLCBhbmQgdGhhdApzdWNoIHRoaXJkLXBhcnR5IG93bmVkIG1hdGVyaWFsIGlzIGNsZWFybHkgaWRlbnRpZmllZCBhbmQgYWNrbm93bGVkZ2VkCndpdGhpbiB0aGUgdGV4dCBvciBjb250ZW50IG9mIHRoZSBzdWJtaXNzaW9uLgoKSUYgVEhFIFNVQk1JU1NJT04gSVMgQkFTRUQgVVBPTiBXT1JLIFRIQVQgSEFTIEJFRU4gU1BPTlNPUkVEIE9SIFNVUFBPUlRFRApCWSBBTiBBR0VOQ1kgT1IgT1JHQU5JWkFUSU9OIE9USEVSIFRIQU4gRFNVLCBZT1UgUkVQUkVTRU5UIFRIQVQgWU9VIEhBVkUKRlVMRklMTEVEIEFOWSBSSUdIVCBPRiBSRVZJRVcgT1IgT1RIRVIgT0JMSUdBVElPTlMgUkVRVUlSRUQgQlkgU1VDSApDT05UUkFDVCBPUiBBR1JFRU1FTlQuCgpEU1Ugd2lsbCBjbGVhcmx5IGlkZW50aWZ5IHlvdXIgbmFtZShzKSBhcyB0aGUgYXV0aG9yKHMpIG9yIG93bmVyKHMpIG9mIHRoZQpzdWJtaXNzaW9uLCBhbmQgd2lsbCBub3QgbWFrZSBhbnkgYWx0ZXJhdGlvbiwgb3RoZXIgdGhhbiBhcyBhbGxvd2VkIGJ5IHRoaXMKbGljZW5zZSwgdG8geW91ciBzdWJtaXNzaW9uLgo=Repositório InstitucionalPUBhttps://www.arca.fiocruz.br/oai/requestrepositorio.arca@fiocruz.bropendoar:21352023-01-19T14:26:07Repositório Institucional da FIOCRUZ (ARCA) - Fundação Oswaldo Cruz (FIOCRUZ)false |
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