Adubação do milho: II - Adubação mineral quantitativa
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 1955 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Bragantia |
Texto Completo: | http://old.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0006-87051955000100016 |
Resumo: | O milho figura entre as seis principais culturas do Estado de São Paulo, oferecendo a região sul, onde mais ampla é a área de solos do glacial, excepcionais vantagens para seu cultivo, dada a topografia, facilidade de acesso e proximidades do mercado. Solos do glacial, porém, em geral apresentam baixa fertilidade. A partir de 1946/47 foram conduzidos ensaios em Campinas, Ipanema e Eng. Hermilo - localidades situadas em solos dêsse tipo - em blocos ao acaso, com quatro repetições, canteiros com 30 m² de área útil. Foram estudados 10 tratamentos, a saber : três níveis de azôto, cinco de fósforo e quatro de potássio. O efeito do azôto e do potássio foi estudado comparando-se fórmulas em que o fósforo figurava no nível mais elevado. O azôto foi aplicado na forma de salitre do Chile, com 15,5% de N ; o fósforo, na forma de superfosfato, com 20,8% de P2O5 e o potássio, na de cloreto de potássio, com 61% de K2O. As doses básicas de N, P2O5 e K2O estudadas foram, respectivamente, 25, 25 e 45 kg/ha desses elementos. Os adubos foram aplicados nos sulcos de plantio. Em Campinas, os ensaios foram conduzidos durante cinco anos ; em Ipanema e em Eng. Hermilo, em quatro anos consecutivos. Nesta última localidade o ensaio foi plantado mais um ano (1951/52), sem aplicação de adubos, para estudos do efeito residual. Tanto em Campinas com em Ipanema e Eng. Hermilo, os dados obtidos, analisados estatisticamente, deram resultados altamente significativos (coeficientes de variação : 13,5, 5,2 e 12,8%, respectivamente) e concordes : (a) em Campinas e Ipanema o azôto deu resultados favoráveis ; (b) a reação à aplicação de fósforo foi muito pronunciada, nas três localidades ; (c) não houve, em geral, reação para aplicação de potássio. Em Campinas, para uma aplicação de 75 kg/ha de P2O5, tivemos aumento de 620 kg/ha na produção de grãos ; em Ipanema, para igual dose desse elemento, o aumento foi de 1.380 kg/ha e em Eng. Hermilo de 1.540 kg/ha. Nesta última localidade a aplicação de 100 kg/ha de P2O5 fêz, praticamente, dobrar a produção por área. As doses mais econômicas de P2O5, para as citadas localidades, foram de 80, 70 e 90 kg/ha, se computarmos a Cr$l,80 e Cr$2,50 o quilo respectivamente, os preços do milho e do adubo (preços de 1953). O efeito relativo do fósforo foi mais acentuado em Ipanema e Eng. Hermilo, do que em Campinas. O azôto melhorou a produção em Campinas e em Ipanema. A aplicação de 25 kg/ha dêsse elemento já deu acréscimo significativo à produção. A aplicação de 50 kg/ha de N aumentou de 700 kg/ha a média de produção de milho em Ipanema, localidade cujo solo é arenoso, claro. O potássio não trouxe aumento de produção em nenhuma das localidades citadas. Êste nutriente até mesmo apresentou efeitos depressivos sobre a produção, mormente em Ipanema e Eng. Hermilo. O que foi dito no item acima se refere às médias gerais. Devemos, contudo, salientar que embora cada ensaio tenha sido realizado sempre na mesma área, o efeito do potássio, e mesmo do azôto, variou extraordinariamente conforme o ano. O freqüente efeito nulo ou negativo da adubação potássica e, por vezes, também da adubação azotada, não parece ter sido causado por desequilíbrio na relação N:P:K, visto como o fósforo - o elemento que mais reagiu em tôdas as terras estudadas - figurou com dose suficiente (100 kg/ha de P2O5) nos tratamentos em que se procurou determinar, por comparação, a reação do potássio e do azôto. Analisando mais detalhadamente efeitos depressivos das adubações potássica e azotada, verificou-se, em Campinas, que em ano de poucas chuvas (1947/48) a germinação foi grandemente prejudicada pelo salitre do Chile e pelo cloreto de potássio, provavelmente devido ao excesso de concentração de sais solúveis provocado pela aplicação dos adubos nos sulcos de plantio. À vista dos dados disponíveis não se encontra uma explicação segura para o que ocorreu nos outros três anos (1948/49, 1949/50 e 1950/51). Em Eng. Hermilo notou-se também, pelo menos em 1947/48, que o "stand" ficou prejudicado, provavelmente pela aplicação de salitre do Chile e cloreto de potássio nos sulcos. Correlacionando a produção de grãos com a de palha, em Campinas, verifica-se que os mais altos níveis são alcançados quando, a par de elevada dose de P2O5 (100 kg/ha), é feita também adubação azotada e potássica, embora pequena (25 kg de N e 45 kg de K2O). O índice de espigas, o rendimento de grãos, a altura das plantas e das espigas, a produção de colmos e a produção por planta foram, em maior ou menor grau, afetados principalmente pela ausência de fósforo. |
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As doses básicas de N, P2O5 e K2O estudadas foram, respectivamente, 25, 25 e 45 kg/ha desses elementos. Os adubos foram aplicados nos sulcos de plantio. Em Campinas, os ensaios foram conduzidos durante cinco anos ; em Ipanema e em Eng. Hermilo, em quatro anos consecutivos. Nesta última localidade o ensaio foi plantado mais um ano (1951/52), sem aplicação de adubos, para estudos do efeito residual. Tanto em Campinas com em Ipanema e Eng. Hermilo, os dados obtidos, analisados estatisticamente, deram resultados altamente significativos (coeficientes de variação : 13,5, 5,2 e 12,8%, respectivamente) e concordes : (a) em Campinas e Ipanema o azôto deu resultados favoráveis ; (b) a reação à aplicação de fósforo foi muito pronunciada, nas três localidades ; (c) não houve, em geral, reação para aplicação de potássio. Em Campinas, para uma aplicação de 75 kg/ha de P2O5, tivemos aumento de 620 kg/ha na produção de grãos ; em Ipanema, para igual dose desse elemento, o aumento foi de 1.380 kg/ha e em Eng. Hermilo de 1.540 kg/ha. Nesta última localidade a aplicação de 100 kg/ha de P2O5 fêz, praticamente, dobrar a produção por área. As doses mais econômicas de P2O5, para as citadas localidades, foram de 80, 70 e 90 kg/ha, se computarmos a Cr$l,80 e Cr$2,50 o quilo respectivamente, os preços do milho e do adubo (preços de 1953). O efeito relativo do fósforo foi mais acentuado em Ipanema e Eng. Hermilo, do que em Campinas. O azôto melhorou a produção em Campinas e em Ipanema. A aplicação de 25 kg/ha dêsse elemento já deu acréscimo significativo à produção. A aplicação de 50 kg/ha de N aumentou de 700 kg/ha a média de produção de milho em Ipanema, localidade cujo solo é arenoso, claro. O potássio não trouxe aumento de produção em nenhuma das localidades citadas. Êste nutriente até mesmo apresentou efeitos depressivos sobre a produção, mormente em Ipanema e Eng. Hermilo. O que foi dito no item acima se refere às médias gerais. Devemos, contudo, salientar que embora cada ensaio tenha sido realizado sempre na mesma área, o efeito do potássio, e mesmo do azôto, variou extraordinariamente conforme o ano. O freqüente efeito nulo ou negativo da adubação potássica e, por vezes, também da adubação azotada, não parece ter sido causado por desequilíbrio na relação N:P:K, visto como o fósforo - o elemento que mais reagiu em tôdas as terras estudadas - figurou com dose suficiente (100 kg/ha de P2O5) nos tratamentos em que se procurou determinar, por comparação, a reação do potássio e do azôto. Analisando mais detalhadamente efeitos depressivos das adubações potássica e azotada, verificou-se, em Campinas, que em ano de poucas chuvas (1947/48) a germinação foi grandemente prejudicada pelo salitre do Chile e pelo cloreto de potássio, provavelmente devido ao excesso de concentração de sais solúveis provocado pela aplicação dos adubos nos sulcos de plantio. À vista dos dados disponíveis não se encontra uma explicação segura para o que ocorreu nos outros três anos (1948/49, 1949/50 e 1950/51). Em Eng. Hermilo notou-se também, pelo menos em 1947/48, que o "stand" ficou prejudicado, provavelmente pela aplicação de salitre do Chile e cloreto de potássio nos sulcos. Correlacionando a produção de grãos com a de palha, em Campinas, verifica-se que os mais altos níveis são alcançados quando, a par de elevada dose de P2O5 (100 kg/ha), é feita também adubação azotada e potássica, embora pequena (25 kg de N e 45 kg de K2O). 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