O extrativismo da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa blonp.) e a sobrevivência de comunidades na reserva de desenvolvimento sustentável do Rio Amapá, em Manicoré, Amazonas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Luciane Maria da
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPA
Texto Completo: https://repositorio.inpa.gov.br/handle/1/4999
http://lattes.cnpq.br/9670793412465517
Resumo: A organização produtiva de base social das comunidades agroextrativistas na região sul da Amazônia brasileira começou na década de 1990. Nessa época, a realidade social e econômica de parcela significativa da população era de extrema pobreza. Antes, as pessoas viviam sob o jugo das figuras dos patrões e coronéis de barranco, personagens com influência e poder político local, que se diziam arrendatários de terra, donos dos castanhais e seringais. Nessas condições, a possibilidade de regulação da sociedade por meio da economia solidária significaria reconhecer uma possibilidade de sustentação das formas de vida dos indivíduos em sociedade/comunidade não centrada nas esferas do poder do mercado. Hoje, a livre produção agroextrativista, nessa porção da Amazônia, ainda enfrenta problemas de gestão; defasagens na escala de produção; reduzido número de cooperativas; intensa presença de produtos importados; baixo valor agregado da produção; não há conformidade nem tabelas de preços; produtores com déficit de formação técnica e necessidade de maior investimento no setor. Esses problemas acabam restringindo o processo de crescimento e de desenvolvimento das comunidades do local e demandam novas alternativas de mercado para suas realidades. Em se tratando da produção de castanha-do-Brasil, sua participação relativa como produto da economia e da cadeia produtiva extrativa na Amazônia é realçada no período da safra por conta dos vários agentes que dependem de sua produção para subsistência. Este trabalho analisa o comportamento do mercado da castanha, a dinâmica da renda e a organização produtiva das comunidades extrativistas da castanha-do-Brasil no sul da Amazônia brasileira. Os resultados mostraram que a demanda carece de estudos meticulosamente aprofundados, pois corre em contradição à lógica de mercado, em que o produtor não pode garantir que para toda demanda existirá uma oferta correspondente. Em relação à oferta, identificou-se uma rigidez (inelasticidade ao preço) que aparentemente poderia ser flexibilizada pelo cultivo da castanha; entretanto, na Amazônia Brasileira há plantios de castanha-do-Brasil que ainda não evidenciam eficiência econômica em se tratando da produção apenas de amêndoas. A sazonalidade dos produtos florestais não madeireiros coaduna com os plantios agrícolas e, neste caso, ambos estruturam o sistema econômico produtivo no sul da Amazônia brasileira e a subsistência das famílias. As famílias e as comunidades na região vivem em restritas condições de subsistência, que o diagnóstico socioeconômico obtido neste estudo identificou poder estar relacionado diretamente ao modelo histórico-produtivo dessa região do Brasil, onde as diferenças regionais estão principalmente na renda, nível de escolaridade e desenvolvimento humano e social.
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Hoje, a livre produção agroextrativista, nessa porção da Amazônia, ainda enfrenta problemas de gestão; defasagens na escala de produção; reduzido número de cooperativas; intensa presença de produtos importados; baixo valor agregado da produção; não há conformidade nem tabelas de preços; produtores com déficit de formação técnica e necessidade de maior investimento no setor. Esses problemas acabam restringindo o processo de crescimento e de desenvolvimento das comunidades do local e demandam novas alternativas de mercado para suas realidades. Em se tratando da produção de castanha-do-Brasil, sua participação relativa como produto da economia e da cadeia produtiva extrativa na Amazônia é realçada no período da safra por conta dos vários agentes que dependem de sua produção para subsistência. Este trabalho analisa o comportamento do mercado da castanha, a dinâmica da renda e a organização produtiva das comunidades extrativistas da castanha-do-Brasil no sul da Amazônia brasileira. Os resultados mostraram que a demanda carece de estudos meticulosamente aprofundados, pois corre em contradição à lógica de mercado, em que o produtor não pode garantir que para toda demanda existirá uma oferta correspondente. Em relação à oferta, identificou-se uma rigidez (inelasticidade ao preço) que aparentemente poderia ser flexibilizada pelo cultivo da castanha; entretanto, na Amazônia Brasileira há plantios de castanha-do-Brasil que ainda não evidenciam eficiência econômica em se tratando da produção apenas de amêndoas. A sazonalidade dos produtos florestais não madeireiros coaduna com os plantios agrícolas e, neste caso, ambos estruturam o sistema econômico produtivo no sul da Amazônia brasileira e a subsistência das famílias. As famílias e as comunidades na região vivem em restritas condições de subsistência, que o diagnóstico socioeconômico obtido neste estudo identificou poder estar relacionado diretamente ao modelo histórico-produtivo dessa região do Brasil, onde as diferenças regionais estão principalmente na renda, nível de escolaridade e desenvolvimento humano e social.The production organization of social base of communities in the southern Brazilian Amazon region began in the 1990s, at time that social and economic reality of a significant portion of the population was of extreme poverty. People lived under the figures of the patrões and coroneis de barranco, people with local political power and influence, who claimed to be tenants of land, owners of the Brazil nuts and rubber. Therefore, the possibility of regulation of society by the ideal of solidarity economy, meant to recognize a possibility to support the ways of have to pattern life of individuals in society/community, not centered in the spheres of political power and the market. Today, the free agro-extractive production in this part of the Amazon have to face management in production scale; small number of cooperatives; intense presence of imported products; low value-added production; no conformity or price lists; producers with technical training deficit and have a need a greater investment in the sector. These variables were restricted the process of growth and development of local communities that demand new market alternatives to their realities. In terms of production of Brazil nuts, its relative share as a product of the economy and the mining supply chain of non- timber in the Amazon is enhanced during the harvest and on behalf of several officials dependent of the its subsistence production. This paper analyzes the market dynamics of the Brazil-Brazil in the Brazilian Amazon with the estimation of the function of supply and demand function, considering the limits. The results show that the demand lacks studies with further elaboration, since the chestnut production is in contradiction to market logic, where producer cannot guarantee that for every demand there is a corresponding offer. On the supply side, we identified the inelasticity to price. This offering of stiffness in the extraction process of natural forests could be eased by the cultivation of the species; however, Brazil nuts plantations in the Brazilian Amazon not show yet economical and market efficiency in the case of plantations for the production of almonds. Agricultural production is allied to the extraction of nut to structure productive economic system in southern Brazilian Amazon. Families and communities in the region live in different conditions of survival and infrastructure. Socioeconomic diagnosis obtained in this study can be related directly to the historical model of landlordism and monoculture still entrenched in this region of Brazil, where regional differences are mainly of income, level of education and human and social development.porInstituto Nacional de Pesquisas da Amazônia – INPACiências de Florestas Tropicais - CFTAttribution-NonCommercial-NoDerivs 3.0 Brazilhttp://creativecommons.org/licenses/by-nc-nd/3.0/br/info:eu-repo/semantics/openAccessCastanha-do-brasilEconomia florestalO extrativismo da castanha-do-brasil (Bertholletia excelsa blonp.) e a sobrevivência de comunidades na reserva de desenvolvimento sustentável do Rio Amapá, em Manicoré, Amazonasinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPAinstname:Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)instacron:INPAORIGINALLuciane_Silva.pdfLuciane_Silva.pdfapplication/pdf1701022https://repositorio.inpa.gov.br/bitstream/1/4999/1/Luciane_Silva.pdf2f727d81c2f72392432e86897bfaaae5MD511/49992020-01-10 14:15:38.481oai:repositorio:1/4999Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttps://bdtd.inpa.gov.br/PUBhttps://repositorio.inpa.gov.br/oai/requestrepositorio@inpa.gov.br||repositorio@inpa.gov.bropendoar:2020-01-10T18:15:38Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do INPA - Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia (INPA)false
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