Expansão da cultura da soja na região do vale do Jamari-RO e sua relação com o uso de agrotóxicos

• Autor(a) principal: NETO, Augusto Fernandes
• Data de Publicação: 2024
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Scientia – Repositório Institucional
• Texto Completo: https://repositorio.pgsscogna.com.br//handle/123456789/67793
• topic: Expansão agrícola; Meio ambiente

Rondônia, integrante da Amazônia Legal, vivenciou ciclos econômicos variados, incluindo a extração de borracha e mineração. A migração no final dos anos 1980 impulsionou a exploração madeireira e o cultivo de cacau e café, que posteriormente cederam espaço para a pecuária extensiva. No final dos anos 1990, o cultivo da soja emergiu como um novo ciclo econômico. A diminuição da produtividade das pastagens, juntamente com condições climáticas favoráveis e avanços na infraestrutura logística, estimulou a expansão da sojicultura, sobretudo no Vale do Jamari, no centro do estado. Este estudo tem como objetivo avaliar o uso de agrotóxicos na sojicultura e seus impactos fundiários, econômicos e sociais no Vale do Jamari, alinhando-se à pesquisa em Produção Agropecuária Sustentável do Programa de Mestrado Profissional em Produção e Gestão Agroindustrial. Analisaram-se dados de uma década (2011-2020), oriundos do SIAFRO (Sistema de Fiscalização do Comércio de Agrotóxicos de Rondônia), administrado pela IDARON (Agência de Defesa Sanitária Agrosilvopastoril do Estado de Rondônia), bem como informações do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e da Secretaria de Estado de Finanças do Estado de Rondônia (SEFIN). Os resultados mostram um aumento de 36 vezes na área de soja, de 1.817 ha para 69.995 ha. As propriedades de até 250 ha correspondem a 66% do total. A área de pastagem teve um crescimento de 14%, e o rebanho bovino aumentou 26%, de 12 milhões para 16 milhões de cabeças. Notou-se, também, um aumento no uso de agrotóxicos ha1 , com a sojicultura de 38 vezes mais agrotóxicos por hectare em comparação à pecuária. Em 2020, a sojicultura consumiu 4.391.489 L de agrotóxicos, enquanto a pastagem utilizou 6.346.765 L. Observou-se um aumento de unidades de beneficiamento e armazenamento de grãos, no comércio de agrotóxicos, sementes e máquinas agrícolas. Conclui-se que houve uma mudança expressiva no comportamento produtivo, onde a cultura da soja mostra-se como principal responsável pelo aumento do uso de agrotóxico, alterando o uso do solo e consequentemente os riscos ambientais e a saúde humana. Por outro lado, houve ganhos sociais e econômicos, como abertura de novas empresas, geração de empregos e crescimento do Produto Interno Bruto (PIB).