O pensamento da deslocalização

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva, Rodrigo
Data de Publicação: 2009
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.8/209
Resumo: Nos tempos mais recentes é frequente escutarmos uma recorrente apologia do local e da especificidade do lugar, que parece gozar de um novo prestígio e servir um qualquer desígnio estratégico da época. O fundo desses discursos mais ou menos esclarecidos é uma certa reacção à globalização ou, pelo menos, ao que da globalização implica uma outra relação com a espacialização do mundo, com o modo de o habitar e percorrer, com o modo de pôr em relação aquilo que nele antes ficava distante ou separado. Quando pensamos nos processos da técnica que intensificaram a reconfiguração da superfície do mundo nas últimas décadas, não poderemos não pensar no modo como a informação e a telecomunicação, acopladas à densificação da concentração urbana, produziram um enredamento do próximo e do distante, a ponto de hoje o modo de relação com o próximo e com o distante ter perdido a distinção clara que regia os nossos protocolos de relação com um e com o outro. Uma parte considerável do horizonte de acontecimentos e do tecido relacional, que constituem a experiência quotidiana na actualidade, é formada pela inevitabilidade do confronto com o longínquo, o distante, o desconhecido, o ausente: basta encontrarmos um ecrã e logo se dá um encontro com uma estranha forma de presença com a qual o próximo (no sentido aqui estritamente físico) se volatilizou e foi eclipsado por um transporte imersivo para um outro espaço no qual entramos (quase) involuntariamente. Hoje, na maioria dos lugares onde nos deslocamos, para conduzirmos tarefas e afazeres da nossa subsistência, o longínquo abeira-se de nós e convida-nos ao teletransporte – nem que seja no banalíssimo não-lugar de uma conversa telefónica.
id RCAP_09b66df231b812ad9c30e6c1450b4616
oai_identifier_str oai:iconline.ipleiria.pt:10400.8/209
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling O pensamento da deslocalizaçãoDeslocalizaçãoLocalNos tempos mais recentes é frequente escutarmos uma recorrente apologia do local e da especificidade do lugar, que parece gozar de um novo prestígio e servir um qualquer desígnio estratégico da época. O fundo desses discursos mais ou menos esclarecidos é uma certa reacção à globalização ou, pelo menos, ao que da globalização implica uma outra relação com a espacialização do mundo, com o modo de o habitar e percorrer, com o modo de pôr em relação aquilo que nele antes ficava distante ou separado. Quando pensamos nos processos da técnica que intensificaram a reconfiguração da superfície do mundo nas últimas décadas, não poderemos não pensar no modo como a informação e a telecomunicação, acopladas à densificação da concentração urbana, produziram um enredamento do próximo e do distante, a ponto de hoje o modo de relação com o próximo e com o distante ter perdido a distinção clara que regia os nossos protocolos de relação com um e com o outro. Uma parte considerável do horizonte de acontecimentos e do tecido relacional, que constituem a experiência quotidiana na actualidade, é formada pela inevitabilidade do confronto com o longínquo, o distante, o desconhecido, o ausente: basta encontrarmos um ecrã e logo se dá um encontro com uma estranha forma de presença com a qual o próximo (no sentido aqui estritamente físico) se volatilizou e foi eclipsado por um transporte imersivo para um outro espaço no qual entramos (quase) involuntariamente. Hoje, na maioria dos lugares onde nos deslocamos, para conduzirmos tarefas e afazeres da nossa subsistência, o longínquo abeira-se de nós e convida-nos ao teletransporte – nem que seja no banalíssimo não-lugar de uma conversa telefónica.ESAD.CRGonçalves, Maria MadalenaIC-OnlineSilva, Rodrigo2010-06-11T11:14:42Z2009-022009-02-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.8/209porSILVA, Rodrigo - O pensamento da deslocalização. Cadernos PAR. N.º 02 (Fev. 2009), p. 124-137.1647-2063info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-17T15:40:48Zoai:iconline.ipleiria.pt:10400.8/209Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:45:17.842792Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv O pensamento da deslocalização
title O pensamento da deslocalização
spellingShingle O pensamento da deslocalização
Silva, Rodrigo
Deslocalização
Local
title_short O pensamento da deslocalização
title_full O pensamento da deslocalização
title_fullStr O pensamento da deslocalização
title_full_unstemmed O pensamento da deslocalização
title_sort O pensamento da deslocalização
author Silva, Rodrigo
author_facet Silva, Rodrigo
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Gonçalves, Maria Madalena
IC-Online
dc.contributor.author.fl_str_mv Silva, Rodrigo
dc.subject.por.fl_str_mv Deslocalização
Local
topic Deslocalização
Local
description Nos tempos mais recentes é frequente escutarmos uma recorrente apologia do local e da especificidade do lugar, que parece gozar de um novo prestígio e servir um qualquer desígnio estratégico da época. O fundo desses discursos mais ou menos esclarecidos é uma certa reacção à globalização ou, pelo menos, ao que da globalização implica uma outra relação com a espacialização do mundo, com o modo de o habitar e percorrer, com o modo de pôr em relação aquilo que nele antes ficava distante ou separado. Quando pensamos nos processos da técnica que intensificaram a reconfiguração da superfície do mundo nas últimas décadas, não poderemos não pensar no modo como a informação e a telecomunicação, acopladas à densificação da concentração urbana, produziram um enredamento do próximo e do distante, a ponto de hoje o modo de relação com o próximo e com o distante ter perdido a distinção clara que regia os nossos protocolos de relação com um e com o outro. Uma parte considerável do horizonte de acontecimentos e do tecido relacional, que constituem a experiência quotidiana na actualidade, é formada pela inevitabilidade do confronto com o longínquo, o distante, o desconhecido, o ausente: basta encontrarmos um ecrã e logo se dá um encontro com uma estranha forma de presença com a qual o próximo (no sentido aqui estritamente físico) se volatilizou e foi eclipsado por um transporte imersivo para um outro espaço no qual entramos (quase) involuntariamente. Hoje, na maioria dos lugares onde nos deslocamos, para conduzirmos tarefas e afazeres da nossa subsistência, o longínquo abeira-se de nós e convida-nos ao teletransporte – nem que seja no banalíssimo não-lugar de uma conversa telefónica.
publishDate 2009
dc.date.none.fl_str_mv 2009-02
2009-02-01T00:00:00Z
2010-06-11T11:14:42Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.8/209
url http://hdl.handle.net/10400.8/209
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv SILVA, Rodrigo - O pensamento da deslocalização. Cadernos PAR. N.º 02 (Fev. 2009), p. 124-137.
1647-2063
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv ESAD.CR
publisher.none.fl_str_mv ESAD.CR
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136948910030848