Uso (In)certo da Fenilefrina no Bloco Operatório

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Teixeira, Júlio
Data de Publicação: 2019
Outros Autores: Órfão, Maria Rosário Matos, Marques, Anabela Azevedo
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.25751/rspa.18519
Resumo: A hipotensão no intra-operatório é frequente e pode ser causa de importante morbi-mortalidade. Rotineiramente é tratada com a administração de fluidos ou de vasopressores. Na prática atual, a fluidoterapia excessiva é indesejável e a manipulação farmacológica a alternativa mais viável. A fenilefrina, como vasoconstritor, é teoricamente indicada nos casos de hipotensão por vasodilatação periférica ou diminuição da atividade simpática. Contudo, pela bradicardia reflexa e aumento do afterload, a perfusão orgânica pode ser prejudicada apesar do aumento da pressão arterial. O nosso objectivo foi efectuar uma revisão literatura sobre os efeitos hemodinâmicos da fenilefrina na correcção da hipotensão intraoperatória. Esta revisão narrativa foi efectuada com recurso à base de dados PubMed. Utilizaram-se as seguintes palavras-chave: “phenylephrine”, “cardiac output”, “cerebral oxygenation”, “safety”, “disadvantages”; “monitorization”. A selecção final foi realizada pelos autores. A farmacodinâmica da fenilefrina é complexa e há evidência de efeitos contraditórios, sobretudo na oxigenação cerebral e manutenção do débito cardíaco. Muitos estudos comparativos entre a fenilefrina e a efedrina mostram vantagem da última na optimização dos dois parâmetros referidos. Tal diferença diminui quando há a determinação do estado volemico do doente de acordo com a curva de Frank-Starling e este encontra-se na fase ascendente ou plateau. Sempre que se encontrava na fase ascendente a administração da fenilefrina foi benéfica, enquanto na fase de plateau não o foi. Ainda que nenhum estudo relacione directamente oxigenação cerebral e débito cardíaco, muitos sugerem essa relação de dependência direta. A fenilefrina é eficaz no tratamento da hipotensão. Porém, nem sempre o aumento da pressão arterial está associado à manutenção ou melhoria da perfusão e oxigenação orgânica, sobretudo se a sua utilização for feita sem monitorização adequada. A optimização hemodinâmica goal-directed permitirá melhorar os outcomes.
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spelling Uso (In)certo da Fenilefrina no Bloco OperatórioUso (In)certo da Fenilefrina no Bloco OperatórioArtigo de Educação Médica ContínuaA hipotensão no intra-operatório é frequente e pode ser causa de importante morbi-mortalidade. Rotineiramente é tratada com a administração de fluidos ou de vasopressores. Na prática atual, a fluidoterapia excessiva é indesejável e a manipulação farmacológica a alternativa mais viável. A fenilefrina, como vasoconstritor, é teoricamente indicada nos casos de hipotensão por vasodilatação periférica ou diminuição da atividade simpática. Contudo, pela bradicardia reflexa e aumento do afterload, a perfusão orgânica pode ser prejudicada apesar do aumento da pressão arterial. O nosso objectivo foi efectuar uma revisão literatura sobre os efeitos hemodinâmicos da fenilefrina na correcção da hipotensão intraoperatória. Esta revisão narrativa foi efectuada com recurso à base de dados PubMed. Utilizaram-se as seguintes palavras-chave: “phenylephrine”, “cardiac output”, “cerebral oxygenation”, “safety”, “disadvantages”; “monitorization”. A selecção final foi realizada pelos autores. A farmacodinâmica da fenilefrina é complexa e há evidência de efeitos contraditórios, sobretudo na oxigenação cerebral e manutenção do débito cardíaco. Muitos estudos comparativos entre a fenilefrina e a efedrina mostram vantagem da última na optimização dos dois parâmetros referidos. Tal diferença diminui quando há a determinação do estado volemico do doente de acordo com a curva de Frank-Starling e este encontra-se na fase ascendente ou plateau. Sempre que se encontrava na fase ascendente a administração da fenilefrina foi benéfica, enquanto na fase de plateau não o foi. Ainda que nenhum estudo relacione directamente oxigenação cerebral e débito cardíaco, muitos sugerem essa relação de dependência direta. A fenilefrina é eficaz no tratamento da hipotensão. Porém, nem sempre o aumento da pressão arterial está associado à manutenção ou melhoria da perfusão e oxigenação orgânica, sobretudo se a sua utilização for feita sem monitorização adequada. A optimização hemodinâmica goal-directed permitirá melhorar os outcomes.Intra-operative hypotension is frequent and can be an important cause of morbidity and mortality. Usually it is reversed with fluids or vasopressors. In actual practice, excessive fluid therapy is unwanted and thus pharmacological manipulation is the more reliable way. Phenylephrine, as a vasoconstrictor, is theoretically fit in hypotension cases arising from peripheral vasodilation or decreased sympathetic activity. However, reflex bradycardia and increased afterload can be harmful despite increasing blood pressure. We did a literature review on the haemodynamic effects of phenylephrine in correction of intraoperative hypotension. This narrative review was performed using the PubMed database. The following keywords were used: “phenylephrine”, “cardiac output”, “cerebral oxygenation”, “safety”, “disadvantages” and “monitorization”. The final selection was made by the authors. Phenylephrine pharmacodynamics is complex and there is evidence of opposite effects, mainly regarding cerebral oxygenation and maintenance of cardiac output. Many comparative study’s between ephedrine and phenylephrine show an advantage to the first in ptimizing both referred parameters. Such a difference fades away when the patient’s volemia is determined accordingly the Frank-Starling curve and it is on the ascending fase or plateau. When in the ascending phase, phenylephrine administration was beneficial, whereas in the plateau phase it was not. Even though there is no direct correlation reported between cerebral oxygenation and cardiac output, many authors suggest that direct dependency. Phenylephrine is effective in treating hypotension. However, the increase in blood pressure is not always asociated with the maintenance or improvement of perfusion and organic oxygenation, especially if its use is without proper monitoring. Goal-directed hemodynamic optimization will improve outcomes.Sociedade Portuguesa de Anestesiologia2019-12-28T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25751/rspa.18519por0871-6099Teixeira, JúlioÓrfão, Maria Rosário MatosMarques, Anabela Azevedoinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-23T15:34:48Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/18519Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:04:16.492915Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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