Ópera Intitulada Semiramis em Babilónia
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2016 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Livro |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.14/19161 |
Resumo: | A cópia manuscrita de António José de Oliveira que agora editamos data do ano de 1784, e assume-se como um texto limpo, sem rasuras e apenas com pontuais emendas, discretamente assinaladas. Contudo, a digitalização não apresenta folha de rosto, com a respectiva listagem das personagens. Considerando a totalidade da colecção de teatro em que se insere, este manuscrito inscreve-se na década de apogeu do escriba, ao longo da qual persistentemente exibe maior domínio da técnica de escrita e dos procedimentos a ela inerentes. Em relação ao texto propriamente dito, procede de um filão firmado, ao que sabemos, por António José da Silva, que entre 1733 e 1738, animou o palco do Teatro do Bairro Alto com as suas óperas de bonecos. Alexandre António de Lima (1699-1760), seu autor, segundo o testemunho de Diogo Barbosa Machado, foi também ele, à época, admirado e reconhecido pelos seus méritos literários, os quais incidiam, sobretudo, sobre o teatro e a poesia. Semiramis em Babilónia foi, pois, representada em 1741, igualmente no Teatro do Bairro Alto, e publicada em 1746, numa colectânea intitulada Óperas Portuguesas. Em termos de intriga, retoma a narrativa histórica em torno da rainha da Assíria, Semiramis, bastante em voga no século dezoito, ponteando como referência o original de Pietro Metastasio, La Semiramide Riconosciuta e a tragédia de Voltaire. Todavia, os factos históricos relativos a Semiramis, de acordo com fontes primárias como a obra de Heródoto de Halicarnasso e a de Diodoro Sículo, são aqui amplamente subvertidos. A título de exemplo, Nino deixa de ser o falecido esposo para passar a ser o filho, e quanto a reinar, nesta versão, tal só acontece por um dia. Semiramis perde protagonismo na ópera de Alexandre António de Lima, e, assim, se diluí em muitas vertentes que o registo de um espectáculo popular deixa propositadamente no vago: ela é guerreira na capacidade bélica e no desejo de poder; feminina quanto ao, discutível, conhecimento que revela da alma das mulheres, e mãe extremosa no afecto constante que dedica ao filho, Nino. Entre o âmbito político da temática da legitimidade do poder e as implicações socioculturais de uma recorrente evocação da morte como escudo da honra e dignidade, esta peça alimenta a ilusão de um final feliz para uma sociedade que se revê no iluminismo do seu representante máximo. |
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