A prisão civil por dívida : uma questão de alimentação? : os limites e a restrição do inciso LXVII do art. 5º da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10451/39944 |
Resumo: | Segundo o inciso LXVII do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) é vedada em território brasileiro a execução da pessoa do devedor e de sua família em razão de dívidas de qualquer natureza. Nesse mesmo dispositivo, o legislador constituinte admitiu de modo excepcional a prisão civil por dívida alimentar. Esta medida extrema é uma afetação ao conteúdo da tutela assecuratória das liberdades de devedores de alimentos. Identifica-se a dívida não tutelada pela proibição do constituinte, a partir dos limites diretos e da delimitação do âmbito efetivamente protegido da norma do inciso LXVII. Trata-se de dívida contraída por genitores que no exercício da responsabilidade parental, de modo voluntário e sem justa escusa, deixam de prover o mínimo alimentar indispensável à sobrevivência de seus filhos menores. A delimitação da norma em estudo, que se opera por meio da sua interpretação conjugada com as regras dos artigos 227 e 229 da CRFB/88, vincula os poderes estatais. Nesses moldes, a prisão é medida última de proteção desses infantes e não um meio de satisfação de dívidas decorrentes de relações creditícias no âmbito das famílias. A despeito disso, a prisão excecional é compreendida no ambiente jurídico brasileiro como o resultado de uma ponderação abstrata de valores, bens ou interesses, subjacentes aos direitos vida e liberdade, em que a medida de peso é a dignidade humana. Esta interpretação da execução da pessoa do devedor de alimentos desvirtua a estrutura normativa da Carta de 1988 e afronta o direito de liberdade por ela garantido. Com esteio numa dogmática responsável, comprometida na descrição da norma do inciso LXVII tal como ela é, o estudo afasta a ideia da prisão civil como instrumental de justiça a qualquer preço, advindo de interpretações judiciais discricionárias e de legislações ordinárias contrárias ao texto constitucional. |
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A prisão civil por dívida : uma questão de alimentação? : os limites e a restrição do inciso LXVII do art. 5º da Constituição da Republica Federativa do Brasil de 1988Direitos fundamentaisPrisãoDívidaPrestação de alimentosBrasilTeses de mestrado - 2017DireitoSegundo o inciso LXVII do art. 5º da Constituição da República Federativa do Brasil de 1988 (CRFB/88) é vedada em território brasileiro a execução da pessoa do devedor e de sua família em razão de dívidas de qualquer natureza. Nesse mesmo dispositivo, o legislador constituinte admitiu de modo excepcional a prisão civil por dívida alimentar. Esta medida extrema é uma afetação ao conteúdo da tutela assecuratória das liberdades de devedores de alimentos. Identifica-se a dívida não tutelada pela proibição do constituinte, a partir dos limites diretos e da delimitação do âmbito efetivamente protegido da norma do inciso LXVII. Trata-se de dívida contraída por genitores que no exercício da responsabilidade parental, de modo voluntário e sem justa escusa, deixam de prover o mínimo alimentar indispensável à sobrevivência de seus filhos menores. A delimitação da norma em estudo, que se opera por meio da sua interpretação conjugada com as regras dos artigos 227 e 229 da CRFB/88, vincula os poderes estatais. Nesses moldes, a prisão é medida última de proteção desses infantes e não um meio de satisfação de dívidas decorrentes de relações creditícias no âmbito das famílias. A despeito disso, a prisão excecional é compreendida no ambiente jurídico brasileiro como o resultado de uma ponderação abstrata de valores, bens ou interesses, subjacentes aos direitos vida e liberdade, em que a medida de peso é a dignidade humana. Esta interpretação da execução da pessoa do devedor de alimentos desvirtua a estrutura normativa da Carta de 1988 e afronta o direito de liberdade por ela garantido. Com esteio numa dogmática responsável, comprometida na descrição da norma do inciso LXVII tal como ela é, o estudo afasta a ideia da prisão civil como instrumental de justiça a qualquer preço, advindo de interpretações judiciais discricionárias e de legislações ordinárias contrárias ao texto constitucional.It is forbidden in the Brazilian territory the execution of the person of debtor and your family on account of the debts of any nature, stipulates the article 5º, item LXVII of the Brazilian Constitution of 1988. The constitutional legislator admitted in the item the exceptional civil prison of the maintenance debtor. This extreme measure reaches the substance of the rule that guarantee the liberties of this debtor. From the limits and the delimitation of your scope effectively protected from the rule of the item LXVII, by your interpretation conjugated with the articles 227 and 229 of the current Brazilian constitution, the non-protected debt is identified by the prohibition of the constitutional legislator. This debt is contracted by the genitors that, in the exercising parental responsibility, on a voluntary basis e without just cause, stop providing the minimum child support indispensable for your underage children. What is outside of the delimitation is unattainable by the State powers. In this way, the prison is the last legal remedy of protection of this infants and not a way of satisfaction of debts arising from the credit relationship in the context of the families. Despite this, an exceptional prison is understandable in the legal environmental as the result of an abstract balancing of values, goods or interests, related to the rights to live and to freedom, where the dignity of the human person is overlapped. In these terms, the execution of the debtor of child support goes against the fundamental rights and guarantees of the current Brazilian Constitution. Based on a responsible dogmatic, committed with the rule of the item LXVII as it is, this study moves away the idea of the civil prison as an instrument of justice at any price, derived of discretionary judicial interpretations and ordinary legislations against the constitutional text.Estorninho, Maria JoãoRepositório da Universidade de LisboaCasali, Andréa Rodrigues Rodrigues2017-06-082050-12-01T00:00:00Z2017-06-08T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/39944porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:38:57Zoai:repositorio.ul.pt:10451/39944Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T21:53:42.840863Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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