Relações de produção, produtividade e rendimento na cultura intensiva de cerejeira

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Gonçalves, Marco António Faria
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/5820
Resumo: Neste trabalho pretendeu-se verificar algumas relações entre a radiação disponível na copa da cerejeira, seu crescimento e produtividade; assim como saber onde é que o rendimento de colheita é maior, se na zona onde a produção está acessível à mão (em baixo) ou na zona de produção acessível apenas com escadas (em cima), a diferença entre elas e se possível saber o porquê dessa diferença. Para tal fez-se uma pesquisa bibliográfica, onde se pretendeu perceber a evolução dos cerejais em termos de porta-enxertos, densidades de plantação, podas e formas de condução, e também o estudo da luminosidade nas árvores, abordando-se os conceitos de interseção e distribuição da luz. Nela constatámos que a cerisicultura atravessou três grandes fases: a primeira (até aos anos 80 do séc. passado) caracterizou-se por reduzidos inputs e pelo cultivo de árvores muito grandes; na segunda fase, os esforços concentraram-se no controlo do vigor excessivo, na promoção da precocidade e produtividade das árvores;e por fim, a terceira e atual fase caracterizou-se por intensos esforços na promoção de mais vigor e redução das cargas de produção em cavalos ananicantes. Com estes porta-enxertos conseguiu-se aumentar as densidades de plantação, melhorar a distribuição da luz na copa e consequentemente evitar desperdícios de luz aumentando-se as produtividades. Por serem pequenos estes cavalos também permitiram melhorar a eficiência de trabalho quer ao nível dos tratamentos fitossanitários, quer ao nível das operações culturais mais caras a poda e colheita. Relativamente à componente experimental delineámos uma metodologia, e no início de Maio de 2012 fizemos estimativas de produção, procedendo depois à medição das cerejeiras a três dimensões (altura, largura na direção da linha e na perpendicular à linha), calculando-se aí o Volume de copa. Da diferença entre a largura da copa na direcção da linha e a distância planta-a-planta alocada a cada árvore à plantação, calculou-se a interpenetração. Quando esta é positiva significa que há sobreposição de ramos entre árvores vizinhas, quando é negativa quer dizer que a planta não conseguiu preencher o espaço que lhe foi destinado à plantação e portanto o muro fruteito apresenta-se com lacunas; por outro lado se a interpenetração for nula significa que nem há sobreposição, nem há vazios na sebe, trata-se portanto do compasso ideal. Mais tarde, em meados de Julho, quantificámos as produções e tempos de colheita em baixo (de acesso direto dos operadores a partir do chão) e em cima (com escada), e a partir daí calculámos os rendimentos de colheita. Finalizadas as colheitas iniciámos as podas, procedendo à medição da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) a dois níveis da copa das cerejeiras – a 0,5 e a 1,5 metros de altura – antes e depois da poda, nas diferentes distâncias planta-a-planta (Dpp), usando para o efeito um ceptómetro Sunfleck. Este fornece-nos radiação fotossinteticamente ativa (PAR) e o Sunfleck (Sf), ou seja, a contabilização dos espaços vazios no interior da copa por onde a luz penetra sem interferência da folhagem. Finalmente, em Janeiro de 2013, medimos os perímetros do tronco em todas as árvores do ensaio, e a partir deles fizemos o cálculo da AST. Efetuado o trabalho de campo transferimos os dados recolhidos para o computador, organizámo-los e procedemos à análise estatística. Esta foi dividida em três partes: na 1ª fizemos análise de variância numa aplicação SAS (SAS institute Inc.) no programa JMP, versão 4.02 (1989–2000), e os cálculos das variâncias esperadas; na 2ª fizemos análises de multirregressão e elaborámos matrizes de correlação, também em JMP; na 3ª e última parte elaborámos médias em Excel. Destas análises concluímos que o porta-enxerto Gisela 5 (Gsl) foi, entre os três estudados, o que proporcionou maior eficiência em produtividade das árvores e rendimento de colheita. A variedade mais produtiva e que proporcionou rendimentos de colheita mais elevados foi a Skeena, e também foi a que permitiu melhor distribuição da PAR pelo interior da copa.A par disso calculámos os rendimentos de colheita manual – com escada e a partir do chão, ou seja, em cima (RendC) e em baixo (RendB) – por bloco, tendo verificado que o RendB foi sempre superior a 30% em relação ao RendC, em todos os efeitos estudados. Também verificámos que esta diferença não se deveu ao facto de haver mais produção ao alcance da mão do que na zona cimeira das árvores. Da análise dos dados verificámos ainda que a poda efetuada foi suficiente para garantir níveis adequados de luminosidade, inclusivé sob Dpps de grande interesse para a ceresicultura intensiva (0,7 a 1,4 m).
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Nela constatámos que a cerisicultura atravessou três grandes fases: a primeira (até aos anos 80 do séc. passado) caracterizou-se por reduzidos inputs e pelo cultivo de árvores muito grandes; na segunda fase, os esforços concentraram-se no controlo do vigor excessivo, na promoção da precocidade e produtividade das árvores;e por fim, a terceira e atual fase caracterizou-se por intensos esforços na promoção de mais vigor e redução das cargas de produção em cavalos ananicantes. Com estes porta-enxertos conseguiu-se aumentar as densidades de plantação, melhorar a distribuição da luz na copa e consequentemente evitar desperdícios de luz aumentando-se as produtividades. Por serem pequenos estes cavalos também permitiram melhorar a eficiência de trabalho quer ao nível dos tratamentos fitossanitários, quer ao nível das operações culturais mais caras a poda e colheita. Relativamente à componente experimental delineámos uma metodologia, e no início de Maio de 2012 fizemos estimativas de produção, procedendo depois à medição das cerejeiras a três dimensões (altura, largura na direção da linha e na perpendicular à linha), calculando-se aí o Volume de copa. Da diferença entre a largura da copa na direcção da linha e a distância planta-a-planta alocada a cada árvore à plantação, calculou-se a interpenetração. Quando esta é positiva significa que há sobreposição de ramos entre árvores vizinhas, quando é negativa quer dizer que a planta não conseguiu preencher o espaço que lhe foi destinado à plantação e portanto o muro fruteito apresenta-se com lacunas; por outro lado se a interpenetração for nula significa que nem há sobreposição, nem há vazios na sebe, trata-se portanto do compasso ideal. Mais tarde, em meados de Julho, quantificámos as produções e tempos de colheita em baixo (de acesso direto dos operadores a partir do chão) e em cima (com escada), e a partir daí calculámos os rendimentos de colheita. Finalizadas as colheitas iniciámos as podas, procedendo à medição da radiação fotossinteticamente ativa (PAR) a dois níveis da copa das cerejeiras – a 0,5 e a 1,5 metros de altura – antes e depois da poda, nas diferentes distâncias planta-a-planta (Dpp), usando para o efeito um ceptómetro Sunfleck. Este fornece-nos radiação fotossinteticamente ativa (PAR) e o Sunfleck (Sf), ou seja, a contabilização dos espaços vazios no interior da copa por onde a luz penetra sem interferência da folhagem. Finalmente, em Janeiro de 2013, medimos os perímetros do tronco em todas as árvores do ensaio, e a partir deles fizemos o cálculo da AST. Efetuado o trabalho de campo transferimos os dados recolhidos para o computador, organizámo-los e procedemos à análise estatística. Esta foi dividida em três partes: na 1ª fizemos análise de variância numa aplicação SAS (SAS institute Inc.) no programa JMP, versão 4.02 (1989–2000), e os cálculos das variâncias esperadas; na 2ª fizemos análises de multirregressão e elaborámos matrizes de correlação, também em JMP; na 3ª e última parte elaborámos médias em Excel. Destas análises concluímos que o porta-enxerto Gisela 5 (Gsl) foi, entre os três estudados, o que proporcionou maior eficiência em produtividade das árvores e rendimento de colheita. A variedade mais produtiva e que proporcionou rendimentos de colheita mais elevados foi a Skeena, e também foi a que permitiu melhor distribuição da PAR pelo interior da copa.A par disso calculámos os rendimentos de colheita manual – com escada e a partir do chão, ou seja, em cima (RendC) e em baixo (RendB) – por bloco, tendo verificado que o RendB foi sempre superior a 30% em relação ao RendC, em todos os efeitos estudados. Também verificámos que esta diferença não se deveu ao facto de haver mais produção ao alcance da mão do que na zona cimeira das árvores. Da análise dos dados verificámos ainda que a poda efetuada foi suficiente para garantir níveis adequados de luminosidade, inclusivé sob Dpps de grande interesse para a ceresicultura intensiva (0,7 a 1,4 m).The aim of this work was to verify existing relationships between the radiation inside the sweet cherry tree crown, its growth, and its productivity. We also sought to verify where on the canopy fruit hand harvesting speed is higher – whether on the lower and more accessible parts of the canopy or those accessible by ladder –, the differences between them and the reasons that account for these differences. In order to achieve these goals, a bibliographic research was conducted on the evolution of sweet cherry orchards in terms of rootstocks, planting densities, prunings and training systems, and their impact on tree luminosity inside the canopy, including the concepts of light intersection and distribution. It was found that the sweet cherry industry production went through three major phases. On the first one (until the 1980s) inputs were reduced and tall trees prevailed. On the second phase, efforts focused on the control of excessive vigor, the promotion of tree yielding precocity, and yielding increase. The third (present) phase is characterized by intense efforts in vigor control and cropping loads reduction, mainly on dwarfing rootstocks. Dwarfing rootstocks allowed increments on plantation densities and improvement of light distribution inside tree canopies, which prevented light wastes while increasing tree productivity. Dwarfing rootstocks also allowed work efficiency improvements, both in health treatments and the most expensive crop operations (pruning and harvesting). The experimental work took place in an experimental field of three rootstocks and two cultivars under four planting densities, with ten-year old trees. An appropriate methodology was performed for the trial, including crop yield estimations in the beginning of June 2012. Three-D measurements of the trees (height, widths on the row and perpendicular directions) allowed the calculation of tree crown volumes. The difference between tree canopy width on row direction and the tree allotted space is the interpenetration. When this difference was positive, an overlapping of neighboring trees occurred, but if the difference was negative, the trees failed to fill their allotted space, and the tree hedge exhibited gaps or voids of foliage. Whenever interpenetration was nil, canopy overlapping and empty spaces along the hedge did not exist; therefore, the appropriate spacing had been adopted. Later, in the middle of July, tree yields and the time required for harvesting (on the lower and the upper parts of the canopies, with direct access to trees from the soil or by ladder) were measured. This information allowed us to calculate the harvesting speed. As soon as the crops were finished, the prunings begun, and photosynthetically active radiation (PAR) was performed at two levels inside the tree canopies – at 0.5 and 1.5 meters high – before and after the pruning operation, concerning the different plant-to-plant distances (Dpp). The Sunfleck ceptometer was used for this purpose, providing photosynthetically active radiation and the Sunflecks (Sf), or amounts of empty spaces inside tree canopies which allow the radiation to reach the ground without the interference of leaves. Finally, in January 2013, trunk girths of every tree in the trial were collected and respective trunk cross sectional areas (TCSA) performed. Once the data collection was completed, figures were transferred to the computer, and statistical analyses performed, which included three steps: first, the ANOVAs were performed with a SAS application (JMP, version 4.02, 1989–2000, SAS Institute Inc.) followed by calculation of the corresponding expected variances; second, multiregression analysis and correlation matrixes were elaborated, also using the JMP application; and third, average treatments were calculated on Excel. According to those analysis, the rootstock Gisela 5 (Gsl) was the one that exhibited more productive efficiency and harvesting speed of working. The most productive cultivar was Skeena, also in terms of fruit harvesting speed. It was also this variety that allowed for the best distribution of PAR along tree canopy. At the same time, the speed of manual harvesting was calculated for the lower (RendB) and upper (RendC) parts of the trees, by block. It was observed that RendB was always at least 30% higher than RendC in all studied effects. We also observed that this difference was not due to heavier yields on the lower parts of tree canopies. Furthermore, it was also found that pruning intensity was enough to allow for adequate levels of light along tree canopies, including under closer Dpps, which should be appropriate to many sweet cherry intensive production industries (0,7 a 1,4 m).2016-04-27T11:46:34Z2016-04-27T00:00:00Z2016-04-27info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10348/5820porGonçalves, Marco António Fariainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-02T12:58:39Zoai:repositorio.utad.pt:10348/5820Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:06:51.003315Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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