Intervenção Médico Veterinária na conservação in situ da biodiversidade animal

• Autor(a) principal: Martins, Rui Manuel Carreiro
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/10477
• topic: Biodiversidade; conservação

A globalização e o exponencial crescimento demográfico das populações humanas têm-se revelado a principal causa de distúrbio da biodiversidade e da natureza como um todo. Os impactos negativos consequentes das atividades humanas exprimem-se de diversas formas, desde as viagens e o comércio à escala global, passando pela invasão das reservas naturais e sobreexploração dos recursos dos ecossistemas, até à perseguição direta das espécies nativas de cada região, com consequências sobre os biomas, o clima e até a geologia do planeta. Todos estes fatores antrópicos prejudicam, direta ou indiretamente, a saúde dos animais, das pessoas e dos ecossistemas, dentro de uma rede complexa e megadiversa de interações e interdependências. A presente dissertação incide precisamente sobre os vários impactos que atingem os ecossistemas e a biodiversidade, dentro de uma abordagem holística de conservação in situ. Não obstante, e embora a conservação in situ deva ser prioritária para a preservação das espécies e de toda a natureza a longo prazo, deve andar de mãos dadas com o trabalho de conservação ex situ, que lhe é complementar e fundamental, tendo em conta os vários pontos de rutura que já foram atingidos em algumas áreas do planeta e à crescente e acelerada taxa de extinção das espécies. Primeiramente, na introdução, apresento algumas das principais causas da perda de biodiversidade, e as repercussões e entraves na reabilitação de animais selvagens e na conservação das espécies ameaçadas de extinção. Abordo, também, um pouco da História que permitiu chegar à verdadeira consciência ecológica; as áreas naturais do nosso país e o estado de conservação das espécies em Portugal e no mundo; e o papel multifatorial do médico veterinário na conservação, o qual deve criar e enraizar laços com os profissionais das demais áreas científicas, tecnológicas e sociais, entre várias outras. De seguida, no capítulo subsequente, descrevo o trabalho desenvolvido em três dos quatro centros de recuperação de animais selvagens e nos dois centros de reprodução de espécies ameaçadas de extinção onde estagiei, explicando, no início, as funções e funcionamento dos centros, bem como a abordagem clínica e de maneio comum a todos eles. Em continuação, desenvolvo cada um dos estágios, fazendo o enquadramento legal e político de cada país onde pertencem: Portugal, Espanha e Indonésia. No último capítulo discuto alguns dos temas que julgo serem mais relevantes, tanto dentro das aprendizagens resultantes dos estágios, como em todos os esforços de conservação, marcando as diferenças acentuadas que existem entre as realidades dos vários centros e países. São exemplo, o acesso a medicamentos, meios de diagnóstico e terapias; a sala de necropsias e causas de ingresso; o estudo do comportamento animal e a importância do enriquecimento ambiental; a educação ambiental; e as parcerias entre diferentes áreas e instituições.