Rossios do significado urbano

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Freire, Maria da Conceição Marques
Data de Publicação: 1999
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/13470
Resumo: Introdução - O nosso estudo recai sobre uma categoria de património que se inclui dentro do espaço não edificado - o rossio - área de intervenção, por excelência, da Arquitectura Paisagista formação básica que possuímos. O rossio é um legado resistente e cobiçado como ilustram o significativo número de unidades, ainda hoje existentes, e as múltiplas intenções de alterações espaciais conhecidas, concretizadas ou não. Urge, por esse motivo, perceber as funções que desempenhou, e ainda desempenha, na estrutura urbana para que possamos contribuir para a definição daquelas que poderão ser consideradas as suas actuais aptidões. Determinantes para a criação do espaço rossio nos nossos aglomerados foram, necessariamente, o contexto urbano e rural em que foi gerado e as necessidades das respectivas comunidades. A esse processo não terá sido alheia a contribuição da essência mediterrânica da nossa paisagem e a relação que o homem com ela estabeleceu. Esta é uma paisagem de contrastes - determinada pelas características topológicas e fitoclimáticas do território e pelas diferentes civilizações que a ele acorreram - onde, a actividade agrária e a pastoril, o povoamento e a estrutura urbana dos aglomerados ocorrem mesclados, função desses determinismos. Sobre a exploração agrícola do solo, o pastoreio, o regime de propriedade e os diversos tipos de povoamento que ocorrem no nosso território, alguns autores, entre os quais destacamos O. RIBEIRO, sublinham as grandes diferenças e influências que se cruzam, reforçam ou contrariam, em áreas territoriais distintasl. Agro-sistemas diversos, muitas vezes multifuncionais, caracterizam assim distintas unidades da nossa paisagem cultural. Sobre a estrutura urbana portuguesa, autores como A. BEIRANTE, J. GASPAR, A. OLIVEIRA MARQUES, T. SALGUEIRO, entre outros, referenciam-nos as modificações e evoluções operadas na cidade2. Nestes povoamentos urbanos, por um lado, consolidou-se uma estrutura urbana mais marcada e, por outro, desenvolve-se uma maior sociabilidade e multifuncionalidade, aspectos que lhe determinam a morfologia e o carácter, este último ainda intimamente ligado ao mundo rural. Essa multifuncionalidade e sociabilidade são concretizadas pelo conjunto diversificado de funções que a cidade acolhe e pela predisposição de vivência em sociedade que desenvolve. É local de residência, de produção e transformação de alguns produtos e de troca de quase todos, de culto religioso e de administração territorial. Ao longo da história distintas formas urbanas foram geradas ou transformadas. Neste processo foram certamente determinantes as diferentes condições históricas, sociais, económicas e políticas, existentes nas diversas comunidades que produziram e habitaram o espaço urbano. A imagem característica da cidade mediterrânea medieval, cristã ou muçulmana, corresponde a um sítio proeminente, de onde nasce um recinto muralhado circundado por uma área agrícola que abastece a urbe3. Nessa imagem participa, ainda, o espaço livre, periférico e adjacente ao recinto, junto a uma porta, onde se efectuavam actividades ou manifestações que o espaço urbano não comportava e onde se estabeleciam relações importantes entre o centro produtor, rural, e o consumidor essencialmente urbano. Este espaço livre não permaneceu sempre no mesmo local ao longo do percurso urbano dos aglomerados. Outras localizações espaciais devem-se á expansão urbana para fora do limite da muralha (situação que conduziu, frequentemente, ao alargamento da cerca englobando-se as novas expansões) com consequente concretização de outros recintos livres. As portas da muralha, que se incluem na proximidade daqueles, apresentavam uma localização certamente relacionada com as vias que ligavam cidades, regiões e mesmo circulações internacionais e ainda, quando presentes, com as pontes sobre as linhas de água e áreas portuárias.
id RCAP_3639109d1eb3f9f80306ea094a396817
oai_identifier_str oai:dspace.uevora.pt:10174/13470
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Rossios do significado urbanoPatrimónio arquitectónicoPatrimónio urbanoRossio de ÉvoraIntrodução - O nosso estudo recai sobre uma categoria de património que se inclui dentro do espaço não edificado - o rossio - área de intervenção, por excelência, da Arquitectura Paisagista formação básica que possuímos. O rossio é um legado resistente e cobiçado como ilustram o significativo número de unidades, ainda hoje existentes, e as múltiplas intenções de alterações espaciais conhecidas, concretizadas ou não. Urge, por esse motivo, perceber as funções que desempenhou, e ainda desempenha, na estrutura urbana para que possamos contribuir para a definição daquelas que poderão ser consideradas as suas actuais aptidões. Determinantes para a criação do espaço rossio nos nossos aglomerados foram, necessariamente, o contexto urbano e rural em que foi gerado e as necessidades das respectivas comunidades. A esse processo não terá sido alheia a contribuição da essência mediterrânica da nossa paisagem e a relação que o homem com ela estabeleceu. Esta é uma paisagem de contrastes - determinada pelas características topológicas e fitoclimáticas do território e pelas diferentes civilizações que a ele acorreram - onde, a actividade agrária e a pastoril, o povoamento e a estrutura urbana dos aglomerados ocorrem mesclados, função desses determinismos. Sobre a exploração agrícola do solo, o pastoreio, o regime de propriedade e os diversos tipos de povoamento que ocorrem no nosso território, alguns autores, entre os quais destacamos O. RIBEIRO, sublinham as grandes diferenças e influências que se cruzam, reforçam ou contrariam, em áreas territoriais distintasl. Agro-sistemas diversos, muitas vezes multifuncionais, caracterizam assim distintas unidades da nossa paisagem cultural. Sobre a estrutura urbana portuguesa, autores como A. BEIRANTE, J. GASPAR, A. OLIVEIRA MARQUES, T. SALGUEIRO, entre outros, referenciam-nos as modificações e evoluções operadas na cidade2. Nestes povoamentos urbanos, por um lado, consolidou-se uma estrutura urbana mais marcada e, por outro, desenvolve-se uma maior sociabilidade e multifuncionalidade, aspectos que lhe determinam a morfologia e o carácter, este último ainda intimamente ligado ao mundo rural. Essa multifuncionalidade e sociabilidade são concretizadas pelo conjunto diversificado de funções que a cidade acolhe e pela predisposição de vivência em sociedade que desenvolve. É local de residência, de produção e transformação de alguns produtos e de troca de quase todos, de culto religioso e de administração territorial. Ao longo da história distintas formas urbanas foram geradas ou transformadas. Neste processo foram certamente determinantes as diferentes condições históricas, sociais, económicas e políticas, existentes nas diversas comunidades que produziram e habitaram o espaço urbano. A imagem característica da cidade mediterrânea medieval, cristã ou muçulmana, corresponde a um sítio proeminente, de onde nasce um recinto muralhado circundado por uma área agrícola que abastece a urbe3. Nessa imagem participa, ainda, o espaço livre, periférico e adjacente ao recinto, junto a uma porta, onde se efectuavam actividades ou manifestações que o espaço urbano não comportava e onde se estabeleciam relações importantes entre o centro produtor, rural, e o consumidor essencialmente urbano. Este espaço livre não permaneceu sempre no mesmo local ao longo do percurso urbano dos aglomerados. Outras localizações espaciais devem-se á expansão urbana para fora do limite da muralha (situação que conduziu, frequentemente, ao alargamento da cerca englobando-se as novas expansões) com consequente concretização de outros recintos livres. As portas da muralha, que se incluem na proximidade daqueles, apresentavam uma localização certamente relacionada com as vias que ligavam cidades, regiões e mesmo circulações internacionais e ainda, quando presentes, com as pontes sobre as linhas de água e áreas portuárias.Universidade de Évora2015-03-20T17:13:36Z2015-03-201999-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesishttp://hdl.handle.net/10174/13470http://hdl.handle.net/10174/13470porDep. artesmcmf@uevora.pt739Freire, Maria da Conceição Marquesinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:58:45Zoai:dspace.uevora.pt:10174/13470Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T01:06:46.893248Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Rossios do significado urbano
title Rossios do significado urbano
spellingShingle Rossios do significado urbano
Freire, Maria da Conceição Marques
Património arquitectónico
Património urbano
Rossio de Évora
title_short Rossios do significado urbano
title_full Rossios do significado urbano
title_fullStr Rossios do significado urbano
title_full_unstemmed Rossios do significado urbano
title_sort Rossios do significado urbano
author Freire, Maria da Conceição Marques
author_facet Freire, Maria da Conceição Marques
author_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Freire, Maria da Conceição Marques
dc.subject.por.fl_str_mv Património arquitectónico
Património urbano
Rossio de Évora
topic Património arquitectónico
Património urbano
Rossio de Évora
description Introdução - O nosso estudo recai sobre uma categoria de património que se inclui dentro do espaço não edificado - o rossio - área de intervenção, por excelência, da Arquitectura Paisagista formação básica que possuímos. O rossio é um legado resistente e cobiçado como ilustram o significativo número de unidades, ainda hoje existentes, e as múltiplas intenções de alterações espaciais conhecidas, concretizadas ou não. Urge, por esse motivo, perceber as funções que desempenhou, e ainda desempenha, na estrutura urbana para que possamos contribuir para a definição daquelas que poderão ser consideradas as suas actuais aptidões. Determinantes para a criação do espaço rossio nos nossos aglomerados foram, necessariamente, o contexto urbano e rural em que foi gerado e as necessidades das respectivas comunidades. A esse processo não terá sido alheia a contribuição da essência mediterrânica da nossa paisagem e a relação que o homem com ela estabeleceu. Esta é uma paisagem de contrastes - determinada pelas características topológicas e fitoclimáticas do território e pelas diferentes civilizações que a ele acorreram - onde, a actividade agrária e a pastoril, o povoamento e a estrutura urbana dos aglomerados ocorrem mesclados, função desses determinismos. Sobre a exploração agrícola do solo, o pastoreio, o regime de propriedade e os diversos tipos de povoamento que ocorrem no nosso território, alguns autores, entre os quais destacamos O. RIBEIRO, sublinham as grandes diferenças e influências que se cruzam, reforçam ou contrariam, em áreas territoriais distintasl. Agro-sistemas diversos, muitas vezes multifuncionais, caracterizam assim distintas unidades da nossa paisagem cultural. Sobre a estrutura urbana portuguesa, autores como A. BEIRANTE, J. GASPAR, A. OLIVEIRA MARQUES, T. SALGUEIRO, entre outros, referenciam-nos as modificações e evoluções operadas na cidade2. Nestes povoamentos urbanos, por um lado, consolidou-se uma estrutura urbana mais marcada e, por outro, desenvolve-se uma maior sociabilidade e multifuncionalidade, aspectos que lhe determinam a morfologia e o carácter, este último ainda intimamente ligado ao mundo rural. Essa multifuncionalidade e sociabilidade são concretizadas pelo conjunto diversificado de funções que a cidade acolhe e pela predisposição de vivência em sociedade que desenvolve. É local de residência, de produção e transformação de alguns produtos e de troca de quase todos, de culto religioso e de administração territorial. Ao longo da história distintas formas urbanas foram geradas ou transformadas. Neste processo foram certamente determinantes as diferentes condições históricas, sociais, económicas e políticas, existentes nas diversas comunidades que produziram e habitaram o espaço urbano. A imagem característica da cidade mediterrânea medieval, cristã ou muçulmana, corresponde a um sítio proeminente, de onde nasce um recinto muralhado circundado por uma área agrícola que abastece a urbe3. Nessa imagem participa, ainda, o espaço livre, periférico e adjacente ao recinto, junto a uma porta, onde se efectuavam actividades ou manifestações que o espaço urbano não comportava e onde se estabeleciam relações importantes entre o centro produtor, rural, e o consumidor essencialmente urbano. Este espaço livre não permaneceu sempre no mesmo local ao longo do percurso urbano dos aglomerados. Outras localizações espaciais devem-se á expansão urbana para fora do limite da muralha (situação que conduziu, frequentemente, ao alargamento da cerca englobando-se as novas expansões) com consequente concretização de outros recintos livres. As portas da muralha, que se incluem na proximidade daqueles, apresentavam uma localização certamente relacionada com as vias que ligavam cidades, regiões e mesmo circulações internacionais e ainda, quando presentes, com as pontes sobre as linhas de água e áreas portuárias.
publishDate 1999
dc.date.none.fl_str_mv 1999-01-01T00:00:00Z
2015-03-20T17:13:36Z
2015-03-20
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10174/13470
http://hdl.handle.net/10174/13470
url http://hdl.handle.net/10174/13470
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Dep. artes
mcmf@uevora.pt
739
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade de Évora
publisher.none.fl_str_mv Universidade de Évora
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799136552646868992