Contributos do Modelo de Duas Polaridades de Sidney Blatt para a compreensão da Psicopatologia e do Processo Psicoterapêutico

• Autor(a) principal: Campos, Rui C
• Data de Publicação: 2021
• Tipo de documento: Artigo
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/30975

Neste artigo discutem-se alguns dos principais contributos de Sidney Blatt, eminente representante da Psicanálise Americana. Muito em particular e, de forma mais detalhada, discuto o Modelo de Duas Polaridades, que constitui uma ferramenta de organização e compreensão, não só da Depressão, mas de outras formas de Psicopatologia, entendidas como um desvio no processo normativo de desenvolvimento, em resposta a perturbações nesse processo e, correspondendo a uma preocupação ou foco exagerados e distorcidos, numa de duas tarefas/ processos/dimensões fundamentais: o relacionamento interpessoal e a auto-definição. No modelo esboçam-se duas configurações psicopatológicas; anaclítica e introjectiva, assim, o foco, do ponto de vista fenomenológico e desenvolvimental seja, respectivamente, colocado na primeira ou na segunda dimensão. Apesar da maioria dos quadros psicopatológicos se organizar em torno de uma das duas configurações, podem encontrar-se pacientes com características de ambas. Em alguns casos ainda, a presença de características de uma das duas configurações, oculta a verdadeira configuração psicopatológica, ou seja, os dois tipos de características podem co-ocorrer, mas numa constelação mais dinâmica. Apresenta-se uma vinheta clínica que ilustra bem este último aspecto, que constitui um apport mais recente do modelo. Para além do Modelo de Duas Polaridades, Blatt elaborou também uma Teoria Representacional e estudou o processo de Internalização, domínios que não serão discutidos em detalhe neste artigo. Apesar dos principais contributos do autor não se situarem ao nível da Técnica Psicoterapêutica propriamente dita, têm implicações claras para o processo psicoterapêutico, nomeadamente para a Psicoterapia da Depressão, implicações que são também discutidas no artigo