Metaciclogénese de Leishmania sp in vitro - análise cinética e morfológica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10362/50536 |
Resumo: | Foi só em 1984 que, Sacks&Perkins, demonstraram in vitro e no vector o desenvolvimento de promastigotas de Leishmania tropica de um estadio não infeccioso (procíclicas) para formas infecciosas (metacíclicas). Este processo foi denominado de metaciclogénese. As formas metacíclicas são caracterizadas por possuírem um corpo celular pequeno e fino e um flagelo muito longo, e ocorrer em maior número durante a fase estacionária de crescimento em meio de cultura (Sacks&Perkins, 1984; Franke et al., 1985; Da Silva&Sacks, 1987; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005). Diversos estudos sugerem o comprimento celular como um parâmetro eficaz na distinção das formas procíclicas das metacíclicas (Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005; Späth&Beverley, 2001). Neste estudo, foram analisadas diariamente seis culturas axénicas, duas L. braziliensis (1794 e LC2452cl8), três L. infantum (IMT151, IMT260 e IMT373) e uma L. peruviana (HR78cl8) de forma a ser possível, no final, obter uma curva de crescimento para cada estirpe, isto é, a cinética e a concentração dos parasitas em função do tempo, bem como o perfil da metaciclogénese de cada uma. O crescimento foi estudado em dois meios de cultura, Schneider e Grace, ambos suplementados com 10% de FBS e pH de 5.5. Foram realizados estudos de crescimento dos parasitas em cultura e estudos morfológicos dos promastigotas sendo a variável dependente a média do comprimento dos promastigotas e tendo como variáveis independentes a estirpe, o meio de cultura e a fase de crescimento. O teste da Lise pelo Complemento foi usado como método de isolamento das formas metacíclicas em cultura (Franke et al., 1985; Puentes et al., 1988; Da Silva&Sacks, 1987, Sacks&Perkins, 1984; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991). Os parasitas de todas as estirpes estudadas revelaram, em cultura axénica de meio Schneider, uma cinética de crescimento mais rápida, uma maior concentração de promastigotas, uma fase estacionária mais curta e um menor tempo de vida que as mesmas estirpes em meio Grace. Estes resultados sugerem que o meio de cultura usado influencia a cinética de crescimento e a longevidade de uma estirpe in vitro. Relativamente ao perfil da metaciclogénese, foi também no meio de cultura Schneider que, todas as estirpes, apresentaram populações em cultura com percentagens de formas metacíclicas mais elevadas do que no meio Grace. A maior percentagem de formas metacíclicas foi atingida, para todas as estirpes, e independentemente do meio, durante a fase de declínio da curva de crescimento apesar do máximo de concentração de promastigotas em solução corresponder ao início da fase estacionária de crescimento. Os resultados do estudo morfológico dos parasitas, mais precisamente a análise da evolução do comprimento destes ao longo da sua curva de crescimento, mostraram não existir uma diferença significativa do tamanho médio dos parasitas no meio de cultura Schneider do tamanho no meio de cultura Grace para uma mesma estirpe, levando a concluir que o meio de cultura não influencia o tamanho dos promastigotas. Contudo, no que diz respeito às fases de crescimento das culturas – fase logarítmica e fase estacionária, verificou-se, para todas as estirpes, uma diferença significativa entre o tamanho médio dos promastigotas entre as duas fases de crescimento, independentemente do meio de cultura. O tamanho médio de parasita foi, para todas as estirpes, sempre significativamente inferior na fase estacionária. Comparando os valores do comprimento médio dos promastigotas apresentados pelo teste do Complemento e os obtidos no estudo de cinética, para cada estirpe e na mesma fase de crescimento, verificou-se que foi com a aplicação do teste do Complemento que se obtiveram os valores mais baixos de tamanho médio dos parasitas, sugerindo que com a aplicação deste teste obtêm-se populações de formas metacíclicas mais homogéneas isto é, obtêm-se um eficaz isolamento destas formas. Assim sendo, obteve-se neste trabalho, um comprimento médio dos promastigotas metacíclicos de 6,98 m para L. braziliensis, de 5,72 m para L. peruviana e de 7,70 m para L. infantum. |
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Metaciclogénese de Leishmania sp in vitro - análise cinética e morfológicaParasitologia médicaLeishmania spMetaciclogéneseAnálise cinéticaMorfologiaDomínio/Área Científica::Ciências MédicasFoi só em 1984 que, Sacks&Perkins, demonstraram in vitro e no vector o desenvolvimento de promastigotas de Leishmania tropica de um estadio não infeccioso (procíclicas) para formas infecciosas (metacíclicas). Este processo foi denominado de metaciclogénese. As formas metacíclicas são caracterizadas por possuírem um corpo celular pequeno e fino e um flagelo muito longo, e ocorrer em maior número durante a fase estacionária de crescimento em meio de cultura (Sacks&Perkins, 1984; Franke et al., 1985; Da Silva&Sacks, 1987; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005). Diversos estudos sugerem o comprimento celular como um parâmetro eficaz na distinção das formas procíclicas das metacíclicas (Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005; Späth&Beverley, 2001). Neste estudo, foram analisadas diariamente seis culturas axénicas, duas L. braziliensis (1794 e LC2452cl8), três L. infantum (IMT151, IMT260 e IMT373) e uma L. peruviana (HR78cl8) de forma a ser possível, no final, obter uma curva de crescimento para cada estirpe, isto é, a cinética e a concentração dos parasitas em função do tempo, bem como o perfil da metaciclogénese de cada uma. O crescimento foi estudado em dois meios de cultura, Schneider e Grace, ambos suplementados com 10% de FBS e pH de 5.5. Foram realizados estudos de crescimento dos parasitas em cultura e estudos morfológicos dos promastigotas sendo a variável dependente a média do comprimento dos promastigotas e tendo como variáveis independentes a estirpe, o meio de cultura e a fase de crescimento. O teste da Lise pelo Complemento foi usado como método de isolamento das formas metacíclicas em cultura (Franke et al., 1985; Puentes et al., 1988; Da Silva&Sacks, 1987, Sacks&Perkins, 1984; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991). Os parasitas de todas as estirpes estudadas revelaram, em cultura axénica de meio Schneider, uma cinética de crescimento mais rápida, uma maior concentração de promastigotas, uma fase estacionária mais curta e um menor tempo de vida que as mesmas estirpes em meio Grace. Estes resultados sugerem que o meio de cultura usado influencia a cinética de crescimento e a longevidade de uma estirpe in vitro. Relativamente ao perfil da metaciclogénese, foi também no meio de cultura Schneider que, todas as estirpes, apresentaram populações em cultura com percentagens de formas metacíclicas mais elevadas do que no meio Grace. A maior percentagem de formas metacíclicas foi atingida, para todas as estirpes, e independentemente do meio, durante a fase de declínio da curva de crescimento apesar do máximo de concentração de promastigotas em solução corresponder ao início da fase estacionária de crescimento. Os resultados do estudo morfológico dos parasitas, mais precisamente a análise da evolução do comprimento destes ao longo da sua curva de crescimento, mostraram não existir uma diferença significativa do tamanho médio dos parasitas no meio de cultura Schneider do tamanho no meio de cultura Grace para uma mesma estirpe, levando a concluir que o meio de cultura não influencia o tamanho dos promastigotas. Contudo, no que diz respeito às fases de crescimento das culturas – fase logarítmica e fase estacionária, verificou-se, para todas as estirpes, uma diferença significativa entre o tamanho médio dos promastigotas entre as duas fases de crescimento, independentemente do meio de cultura. O tamanho médio de parasita foi, para todas as estirpes, sempre significativamente inferior na fase estacionária. Comparando os valores do comprimento médio dos promastigotas apresentados pelo teste do Complemento e os obtidos no estudo de cinética, para cada estirpe e na mesma fase de crescimento, verificou-se que foi com a aplicação do teste do Complemento que se obtiveram os valores mais baixos de tamanho médio dos parasitas, sugerindo que com a aplicação deste teste obtêm-se populações de formas metacíclicas mais homogéneas isto é, obtêm-se um eficaz isolamento destas formas. Assim sendo, obteve-se neste trabalho, um comprimento médio dos promastigotas metacíclicos de 6,98 m para L. braziliensis, de 5,72 m para L. peruviana e de 7,70 m para L. infantum.It was only in 1984 that Sacks and Perkins proved sequential development of Leishmania promastigotes, from noninfective (procyclic form) to infective (metacyclic form), for promastigotes of L. tropica growing in culture and in the sandfly vector. This process was called metacyclogenesis. Metacyclic forms have been described as small, slender promastigotes with relatively long flagella, occurring in the greatest numbers in vitro in a stationary phase population (Sacks&Perkins, 1984; Franke et al,. 1985; Da Silva&Sacks, 1987; Sacks, 1989; Grimm et al,. 1991; Saraiva et al., 2005). Since infectivity was always strongly correlated with a significant decrease in cell volume, this feature suggests that measuring metacyclics might serve as a suitable parameter to distinguish them from procyclic forms (Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005; Späth&Beverley, 2001). The in vitro growth in two different media, Schneider’s medium and Grace’s insect medium was study in order to find differences in the kinetics and in number and size of metacyclic forms between species, strains, medium and growth phase. This study involved one strain and one clone L. braziliensis (1794 and LC 2452 cl8, respectively), three strains L. infantum (IMT 151, IMT 260 and IMT 373) and one clone L. peruviana (HR78 cl8). The complement lyses test was used to purify the metacyclic promastigotes (Franke et al., 1985; Puentes et al., 1988; Da Silva&Sacks, 1987, Sacks&Perkins, 1984; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991). Kinetic’s growth curves revealed to be different between species, strains of the same species and between the two media. Axenic cultures in Schneider medium had faster growth rate, higher promastigote concentrations, shorter stationary phase and shorter lifetime parasites than in Grace medium, for all the strains studied. These results suggest that the media influence the growth rate and longevity of the strain. However, the media revealed no significant influence (p<0.05) concerning promastigote body length. It was also observed that in Schneider medium the metacyclic population was more homogeneous in comparison with Grace’s where much more mixed populations coexist. To all strains, the higher percentage of metacyclic forms was in the decline growth phase although the peak of the total promastigote forms was in the early stationary. The results of the morphological study of parasites, specifically the analysis of the evolution of the length along its growth curve, showed no significant difference between the mean size of the parasite between Schneider’s and Grace’s medium for the same strain, leading to the conclusion that the medium does not influence the size of promastigotes. The same can not be concluded on the growth phase, which showed significant differences for all strains studied. All strains had average lengths of parasite significantly lower in the stationary phase. Comparing the values of the average length of promastigotes presented by the complement lysis test and those obtained in the kinetics study for each strain and at the same stage of growth, we found that the lowest values were obtained with the complement lysis test. These results suggest that the populations obtained with complement lysis test are more homogeneous for the metacyclic forms. Hereupon, the length obtained for matacyclic forms was of 6,98 m for L. braziliensis, 5,72 m for L. peruviana and 7,70 m for L. infantum.Instituto de Higiene e Medicina TropicalCAMPINO, LeneaRUNFARINHA, Ana Cristina Oliveira2018-11-02T15:29:47Z201120112011-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfapplication/pdfapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/50536porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T04:25:29Zoai:run.unl.pt:10362/50536Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:32:20.073387Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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Foi só em 1984 que, Sacks&Perkins, demonstraram in vitro e no vector o desenvolvimento de promastigotas de Leishmania tropica de um estadio não infeccioso (procíclicas) para formas infecciosas (metacíclicas). Este processo foi denominado de metaciclogénese. As formas metacíclicas são caracterizadas por possuírem um corpo celular pequeno e fino e um flagelo muito longo, e ocorrer em maior número durante a fase estacionária de crescimento em meio de cultura (Sacks&Perkins, 1984; Franke et al., 1985; Da Silva&Sacks, 1987; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005). Diversos estudos sugerem o comprimento celular como um parâmetro eficaz na distinção das formas procíclicas das metacíclicas (Grimm et al., 1991; Saraiva et al., 2005; Späth&Beverley, 2001). Neste estudo, foram analisadas diariamente seis culturas axénicas, duas L. braziliensis (1794 e LC2452cl8), três L. infantum (IMT151, IMT260 e IMT373) e uma L. peruviana (HR78cl8) de forma a ser possível, no final, obter uma curva de crescimento para cada estirpe, isto é, a cinética e a concentração dos parasitas em função do tempo, bem como o perfil da metaciclogénese de cada uma. O crescimento foi estudado em dois meios de cultura, Schneider e Grace, ambos suplementados com 10% de FBS e pH de 5.5. Foram realizados estudos de crescimento dos parasitas em cultura e estudos morfológicos dos promastigotas sendo a variável dependente a média do comprimento dos promastigotas e tendo como variáveis independentes a estirpe, o meio de cultura e a fase de crescimento. O teste da Lise pelo Complemento foi usado como método de isolamento das formas metacíclicas em cultura (Franke et al., 1985; Puentes et al., 1988; Da Silva&Sacks, 1987, Sacks&Perkins, 1984; Sacks, 1989; Grimm et al., 1991). Os parasitas de todas as estirpes estudadas revelaram, em cultura axénica de meio Schneider, uma cinética de crescimento mais rápida, uma maior concentração de promastigotas, uma fase estacionária mais curta e um menor tempo de vida que as mesmas estirpes em meio Grace. Estes resultados sugerem que o meio de cultura usado influencia a cinética de crescimento e a longevidade de uma estirpe in vitro. Relativamente ao perfil da metaciclogénese, foi também no meio de cultura Schneider que, todas as estirpes, apresentaram populações em cultura com percentagens de formas metacíclicas mais elevadas do que no meio Grace. A maior percentagem de formas metacíclicas foi atingida, para todas as estirpes, e independentemente do meio, durante a fase de declínio da curva de crescimento apesar do máximo de concentração de promastigotas em solução corresponder ao início da fase estacionária de crescimento. Os resultados do estudo morfológico dos parasitas, mais precisamente a análise da evolução do comprimento destes ao longo da sua curva de crescimento, mostraram não existir uma diferença significativa do tamanho médio dos parasitas no meio de cultura Schneider do tamanho no meio de cultura Grace para uma mesma estirpe, levando a concluir que o meio de cultura não influencia o tamanho dos promastigotas. Contudo, no que diz respeito às fases de crescimento das culturas – fase logarítmica e fase estacionária, verificou-se, para todas as estirpes, uma diferença significativa entre o tamanho médio dos promastigotas entre as duas fases de crescimento, independentemente do meio de cultura. O tamanho médio de parasita foi, para todas as estirpes, sempre significativamente inferior na fase estacionária. Comparando os valores do comprimento médio dos promastigotas apresentados pelo teste do Complemento e os obtidos no estudo de cinética, para cada estirpe e na mesma fase de crescimento, verificou-se que foi com a aplicação do teste do Complemento que se obtiveram os valores mais baixos de tamanho médio dos parasitas, sugerindo que com a aplicação deste teste obtêm-se populações de formas metacíclicas mais homogéneas isto é, obtêm-se um eficaz isolamento destas formas. Assim sendo, obteve-se neste trabalho, um comprimento médio dos promastigotas metacíclicos de 6,98 m para L. braziliensis, de 5,72 m para L. peruviana e de 7,70 m para L. infantum. |
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