Uma mudança em preparação: a aquisição de propriedades no Barreiro pela Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo (agosto-novembro de 1855)
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Data de Publicação: | 2021 |
Outros Autores: | |
Tipo de documento: | Artigo de conferência |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10174/30083 |
Resumo: | A cidade do Barreiro desfruta de uma localização privilegiada em frente a Lisboa, banhada pelos rios Tejo e Coina, vias fluviais que marcaram decisivamente a sua história económica. A partir da segunda metade do século XIX, o Barreiro deve ao caminho-de-ferro boa parte do seu crescimento populacional e económico. Os caminhos-de-ferro foram os catalisadores de um impulso económico sem precedentes no nosso país e a barreira do rio Tejo, no acesso a Sul, acabou por tornar o Barreiro num ponto nevrálgico da rede ferroviária nacional, como porta de entrada e saída do hinterland alentejano e algarvio, beneficiando ainda da ligação à cidade de Lisboa. A partir de 1854, a pequena vila piscatória na margem sul do Tejo viu o curso da sua existência profundamente alterada pela decisão ministerial de mudar a estação terminal do caminho-de-ferro, inicialmente pensada para ficar em Aldeia Galega (Montijo). Essa decisão conduziu à aquisição de grandes áreas de terrenos para a construção na nova gare (a primeira em alvenaria construída em Portugal), assentamento de linha e construção de um extenso aterro para a nova estação ferro-fluvial. Ao mesmo tempo, a área administrativa do concelho era multiplicada por cinco, enquanto a sociedade local se alterava profundamente, acolhendo uma massa de operários e trabalhadores de todo o país. À sua volta desenvolveram-se numerosas indústrias que, em conjunto com as atividades ferroviárias, transformaram o Barreiro numa referência da revolução industrial em Portugal. Esta comunicação insere-se no debate sobre a industrialização e as mudanças sociais, económicas e ambientais ocorridas em Portugal durante a Regeneração, no qual o Barreiro se apresenta como um caso relevante. Recuaremos aos primeiros anos do caminho-de-ferro e ao seu impacto na vida concelhia. Tendo como ponto de partida as escrituras de compra de terrenos efetuadas pela Companhia Nacional de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo e pelos seus sócios capitalistas, entre agosto e novembro de 1855, iremos analisar vários aspetos relacionados com as políticas desta companhia ferroviária e dos sócios. Este processo histórico, teve profundas implicações sociais e económicas locais e na região, com perdedores e vencedores. A nossa questão inicial é precisamente essa: quem beneficiou localmente com a chegada do caminho de ferro? Questionamos se existiriam outros interesses entre os sócios capitalistas da Companhia de Caminhos de Ferro ao Sul do Tejo, designadamente a aquisição de mais-valias futuras através da aquisição de terras. A documentação consultada nos registos cartoriais permitiu- nos abordar alguns aspetos negligenciados da criação da rede de caminhos-de-ferro em Portugal. Por fim, salientaremos o valor patrimonial deste território, hoje industrializado. |
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