Um caso de rinorreia doce

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Silva,Maria João Coelho
Data de Publicação: 2020
Outros Autores: Dinis,João Manuel Almeida
Tipo de documento: Relatório
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2182-51732020000400004
Resumo: Introdução: A fístula espontânea de líquido cefalorraquidiano é uma doença rara e de etiologia pouco esclarecida, havendo alguma associação com hipertensão intracraniana benigna. O diagnóstico nem sempre é imediato, podendo constituir um desafio, por poder ser uma doença facilmente confundida com causas mais comuns de rinorreia. A sua deteção atempada pelo médico de família é essencial para prevenir complicações potencialmente graves, como as infeções do sistema nervoso central. Descrição do caso: Mulher de 64 anos, apresenta-se com rinorreia aquosa e tosse, com meses de evolução. Foram pedidos exames auxiliares de diagnóstico para despiste de patologia neoplásica, infeciosa e alérgica, cujo resultado foi negativo. A tosse desapareceu com a cessação do inibidor da enzima conversora da angiotensina, com o qual a doente estava medicada. A rinorreia aquosa permaneceu e meses mais tarde veio a assumir características que fizeram suspeitar de fístula espontânea de líquido cefalorraquidiano. A tomografia computorizada não revelou a fístula, mas a pesquisa de glicose no líquido nasal foi compatível com esse diagnóstico. Enquanto aguardava por consulta urgente de neurocirurgia, a doente desenvolveu meningite complicada com abcesso cerebral. A presença de solução de continuidade foi confirmada em ressonância magnética cerebral, associada a sinais de hipertensão intracraniana benigna. A doente recuperou sem sequelas e a fístula encerrou espontaneamente. Apresenta-se assintomática até à data, sem rinorreia ou recorrência de infeções do sistema nervoso central. Comentário: A suspeita de fístula espontânea de líquido cefalorraquidiano foi levantada com base na clínica apresentada pela doente, ainda antes de esta desenvolver complicações. Os exames de diagnóstico mais fidedignos para a confirmação desta entidade não estão facilmente acessíveis nos cuidados de saúde primários. No entanto, e apesar da medição da glicose no líquido nasal não ser o método mais recomendado atualmente, neste caso cumpriam-se os critérios para a sua fiabilidade, tendo sido um elemento fundamental para a orientação do caso. Perante uma entidade clínica rara, mas potencialmente grave, o conhecimento da semiologia e a correta utilização de recursos simples podem ser suficientes para a confirmação diagnóstica.
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