Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: CRISTOVÃO, José Manuel Martins
Data de Publicação: 2015
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10362/19131
Resumo: As leishmanioses são doenças parasitárias causadas por protozoários do género Leishmania, transmitidas pela picada de insetos vetores (Diptera, Phlebotominae) pertencentes ao género Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo. A leishmaniose zoonótica causada pela espécie Leishmania infantum é endémica na Bacia Mediterrânica e América do Sul sendo o cão o principal hospedeiro e reservatório doméstico da leishmaniose visceral humana. No Sudoeste Europeu Phlebotomus perniciosus é o principal vetor responsável pela transmissão do parasita. O objetivo deste trabalho foi analisar a resposta humoral desenvolvida no cão à saliva de P. perniciosus após picadas deste inseto. Foi ainda realizada a validação de amostras obtidas de modo não invasivo (i.e. células conjuntivais) na monitorização do contacto do parasita com o cão. Foram avaliados duzentos e quarenta e um cães residentes em canis da Região Metropolitana de Lisboa no início (Maio) e no fim (Outubro) da época de atividade flebotomínica. Recorreu-se à técnica de Nested-PCR (nPCR) para a deteção de DNA parasitário nas células do sangue periférico e nas células conjuntivais, e à técnica serológica ELISA para a pesquisa de anticorpos circulantes anti-Leishmania e anti-saliva de P. perniciosus no soro. A seroprevalência obtida tanto no início da época de transmissão como no final (de 13,3% e 14,1% respetivamente), demonstra que a região de Lisboa continua a ser uma zona endémica desta zoonose, reforçando a importância de informar e sensibilizar a população e autoridades de saúde acerca da existência da doença nesta região e da necessidade de implementação de medidas profiláticas. A colheita de células conjuntivais é uma técnica não invasiva, de fácil execução e bem aceite pelos proprietários. Parece ser uma amostra eficaz visto que permitiu a deteção do DNA parasitário por nPCR em 35,7% dos animais no final da época flebotomínica. Quanto à utilização dos antigénios salivares do flebótomo como marcadores de exposição aos vetores de Leishmania, verificou-se que os três biomarcadores utilizados no presente estudo, i) homogeneizado total das glândulas salivares; e duas proteínas recombinantes, ii) proteína amarela e iii) uma mistura de proteína amarela e apirase, são capazes de detetar o contacto cão-flebótomo (P. perniciosus). Uma vez que a utilização do homogeneizado salivar implica a necessidade de manter uma colónia de flebótomos e a disseção das glândulas salivares, e tendo em conta os resultados obtidos com os dois antigénios recombinantes, a utilização destes últimos representa uma grande promessa na monitorização de exposição à picada de P. perniciosos em áreas geográficas onde esta espécie de flebótomo esteja presente. A deteção de uma resposta imunitária às proteínas salivares dos flebótomos, para além de permitir estimar as áreas de risco de transmissão do parasita, poderá no futuro ser utilizada para avaliar a eficácia de campanhas antivetoriais.
id RCAP_6b78a8e8e7ed975abd7ab977cbede6b6
oai_identifier_str oai:run.unl.pt:10362/19131
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonóticaLeishmania infantumParasitologia médicaDoenças parasitáriasLeishmaniose zoonóticaDomínio/Área Científica::Ciências MédicasAs leishmanioses são doenças parasitárias causadas por protozoários do género Leishmania, transmitidas pela picada de insetos vetores (Diptera, Phlebotominae) pertencentes ao género Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo. A leishmaniose zoonótica causada pela espécie Leishmania infantum é endémica na Bacia Mediterrânica e América do Sul sendo o cão o principal hospedeiro e reservatório doméstico da leishmaniose visceral humana. No Sudoeste Europeu Phlebotomus perniciosus é o principal vetor responsável pela transmissão do parasita. O objetivo deste trabalho foi analisar a resposta humoral desenvolvida no cão à saliva de P. perniciosus após picadas deste inseto. Foi ainda realizada a validação de amostras obtidas de modo não invasivo (i.e. células conjuntivais) na monitorização do contacto do parasita com o cão. Foram avaliados duzentos e quarenta e um cães residentes em canis da Região Metropolitana de Lisboa no início (Maio) e no fim (Outubro) da época de atividade flebotomínica. Recorreu-se à técnica de Nested-PCR (nPCR) para a deteção de DNA parasitário nas células do sangue periférico e nas células conjuntivais, e à técnica serológica ELISA para a pesquisa de anticorpos circulantes anti-Leishmania e anti-saliva de P. perniciosus no soro. A seroprevalência obtida tanto no início da época de transmissão como no final (de 13,3% e 14,1% respetivamente), demonstra que a região de Lisboa continua a ser uma zona endémica desta zoonose, reforçando a importância de informar e sensibilizar a população e autoridades de saúde acerca da existência da doença nesta região e da necessidade de implementação de medidas profiláticas. A colheita de células conjuntivais é uma técnica não invasiva, de fácil execução e bem aceite pelos proprietários. Parece ser uma amostra eficaz visto que permitiu a deteção do DNA parasitário por nPCR em 35,7% dos animais no final da época flebotomínica. Quanto à utilização dos antigénios salivares do flebótomo como marcadores de exposição aos vetores de Leishmania, verificou-se que os três biomarcadores utilizados no presente estudo, i) homogeneizado total das glândulas salivares; e duas proteínas recombinantes, ii) proteína amarela e iii) uma mistura de proteína amarela e apirase, são capazes de detetar o contacto cão-flebótomo (P. perniciosus). Uma vez que a utilização do homogeneizado salivar implica a necessidade de manter uma colónia de flebótomos e a disseção das glândulas salivares, e tendo em conta os resultados obtidos com os dois antigénios recombinantes, a utilização destes últimos representa uma grande promessa na monitorização de exposição à picada de P. perniciosos em áreas geográficas onde esta espécie de flebótomo esteja presente. A deteção de uma resposta imunitária às proteínas salivares dos flebótomos, para além de permitir estimar as áreas de risco de transmissão do parasita, poderá no futuro ser utilizada para avaliar a eficácia de campanhas antivetoriais.Leishmaniases are parasitic diseases caused by protozoa of the genus Leishmania, transmitted by the bite of phlebotomine sand flies (Diptera, Psychodidae) which belongs to the genera Phlebotomus in the Old World and Lutzomyia in the New World. Zoonotic leishmaniasis caused by Leishmania infantum is endemic in the Mediterranean Basin and South America. The dog is the main host and domestic reservoir of human visceral leishmaniasis. In Western Europe, Phlebotomus perniciosus is the main vector responsible for transmission of the parasite. The aim of this study was to analyse the canine humoral response to P. perniciosus saliva and to evaluate a non-invasive sampling method (i.e. conjunctival swab) for monitoring Leishmania-dog contact. Two hundred and forty one dogs living in kennels from the Metropolitan Area of Lisbon were screened at the beginning and at the end of sand fly seasonal activity (May and October, respectively). The detection of Leishmania DNA in peripheral blood and conjunctival cells was performed by Nested-PCR (nPCR), while ELISA was used for the detection of anti-Leishmania and anti-P. perniciosus saliva antibodies. The seroprevalence obtained at the beginning and at the end of the study (13.3% and 14.1% respectively) demonstrates that the Lisbon region remains an endemic area for canine leishmaniasis, thus reinforcing the importance of informing and sensitizing the population and public health authorities about the disease and the need to implement preventive measures. The harvest of conjunctival cells are easy to perform, non-invasive and well accepted by the owners. This sampling method coupled with nPCR seems to be efficacious in the early detection of infection as parasite DNA was detected in the conjunctiva of 35.7% of the animals at the end of sand fly season activity. The three sand fly salivary antigens used in this study, namely: i) whole salivary gland homogenate and the two recombinant proteins, ii) yellow protein and iii) a mix of yellow protein and apyrase, can be used as markers of exposure to Leishmania vectors, since they were capable to detect exposure of the dogs to P. perniciosus saliva. As the salivary homogenate implies the maintenance of a sand fly colony and the dissection of salivary glands, the two recombinant antigens seem to be more promising markers to screen exposure of host to P. perniciosus bite in geographical areas where this sand fly species is present. Monitoring canine immune response to sand fly salivary proteins will allow estimation of the areas of risk of parasite transmission and might be used in the future to evaluate the effectiveness of anti-vector campaigns.Instituto Higiene e Medicina TropicalCAMPINO, LeneaMAIA, CarlaRUNCRISTOVÃO, José Manuel Martins2018-03-04T01:30:29Z201520152015-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10362/19131TID:201129302porinfo:eu-repo/semantics/embargoedAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-03-11T03:59:11Zoai:run.unl.pt:10362/19131Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T03:25:18.339357Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
title Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
spellingShingle Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
CRISTOVÃO, José Manuel Martins
Leishmania infantum
Parasitologia médica
Doenças parasitárias
Leishmaniose zoonótica
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
title_short Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
title_full Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
title_fullStr Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
title_full_unstemmed Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
title_sort Monitorização do risco de exposição à leishmaniose zoonótica
author CRISTOVÃO, José Manuel Martins
author_facet CRISTOVÃO, José Manuel Martins
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv CAMPINO, Lenea
MAIA, Carla
RUN
dc.contributor.author.fl_str_mv CRISTOVÃO, José Manuel Martins
dc.subject.por.fl_str_mv Leishmania infantum
Parasitologia médica
Doenças parasitárias
Leishmaniose zoonótica
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
topic Leishmania infantum
Parasitologia médica
Doenças parasitárias
Leishmaniose zoonótica
Domínio/Área Científica::Ciências Médicas
description As leishmanioses são doenças parasitárias causadas por protozoários do género Leishmania, transmitidas pela picada de insetos vetores (Diptera, Phlebotominae) pertencentes ao género Phlebotomus no Velho Mundo e Lutzomyia no Novo Mundo. A leishmaniose zoonótica causada pela espécie Leishmania infantum é endémica na Bacia Mediterrânica e América do Sul sendo o cão o principal hospedeiro e reservatório doméstico da leishmaniose visceral humana. No Sudoeste Europeu Phlebotomus perniciosus é o principal vetor responsável pela transmissão do parasita. O objetivo deste trabalho foi analisar a resposta humoral desenvolvida no cão à saliva de P. perniciosus após picadas deste inseto. Foi ainda realizada a validação de amostras obtidas de modo não invasivo (i.e. células conjuntivais) na monitorização do contacto do parasita com o cão. Foram avaliados duzentos e quarenta e um cães residentes em canis da Região Metropolitana de Lisboa no início (Maio) e no fim (Outubro) da época de atividade flebotomínica. Recorreu-se à técnica de Nested-PCR (nPCR) para a deteção de DNA parasitário nas células do sangue periférico e nas células conjuntivais, e à técnica serológica ELISA para a pesquisa de anticorpos circulantes anti-Leishmania e anti-saliva de P. perniciosus no soro. A seroprevalência obtida tanto no início da época de transmissão como no final (de 13,3% e 14,1% respetivamente), demonstra que a região de Lisboa continua a ser uma zona endémica desta zoonose, reforçando a importância de informar e sensibilizar a população e autoridades de saúde acerca da existência da doença nesta região e da necessidade de implementação de medidas profiláticas. A colheita de células conjuntivais é uma técnica não invasiva, de fácil execução e bem aceite pelos proprietários. Parece ser uma amostra eficaz visto que permitiu a deteção do DNA parasitário por nPCR em 35,7% dos animais no final da época flebotomínica. Quanto à utilização dos antigénios salivares do flebótomo como marcadores de exposição aos vetores de Leishmania, verificou-se que os três biomarcadores utilizados no presente estudo, i) homogeneizado total das glândulas salivares; e duas proteínas recombinantes, ii) proteína amarela e iii) uma mistura de proteína amarela e apirase, são capazes de detetar o contacto cão-flebótomo (P. perniciosus). Uma vez que a utilização do homogeneizado salivar implica a necessidade de manter uma colónia de flebótomos e a disseção das glândulas salivares, e tendo em conta os resultados obtidos com os dois antigénios recombinantes, a utilização destes últimos representa uma grande promessa na monitorização de exposição à picada de P. perniciosos em áreas geográficas onde esta espécie de flebótomo esteja presente. A deteção de uma resposta imunitária às proteínas salivares dos flebótomos, para além de permitir estimar as áreas de risco de transmissão do parasita, poderá no futuro ser utilizada para avaliar a eficácia de campanhas antivetoriais.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015
2015
2015-01-01T00:00:00Z
2018-03-04T01:30:29Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10362/19131
TID:201129302
url http://hdl.handle.net/10362/19131
identifier_str_mv TID:201129302
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/embargoedAccess
eu_rights_str_mv embargoedAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto Higiene e Medicina Tropical
publisher.none.fl_str_mv Instituto Higiene e Medicina Tropical
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799137884635136000