Culpa e desejo em Uma abelha na chuva: o livro e o filme

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Jiayi Yuan
Data de Publicação: 2016
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10773/17079
Resumo: O presente trabalho pretende investigar a relação entre o romance Uma Abelha na Chuva de Carlos de Oliveira e a reinterpretação do romance no filme homónimo, realizada por Fernando Lopes. Propomos comparar as semelhanças e as diferenças que existem entre os mundos objetivos apresentados nas referidas obras e ainda tentarmos explorar os dois mundos subjetivos de Álvaro Silvestre e de D. Maria dos Prazeres, que são os focos de representação nas duas obras. Para atingir os objetivos propostos, em primeiro lugar, investigamos os percursos dos dois autores. Posteriormente, analisamos as paisagens naturais e sociais e as relações humanas em ambas as obras. Por diante, escolhendo duas cenas que aparecem tanto no romance como no filme, e utilizando a filosofia existencialista sartriana e a psicanálise freudiana, analisamos a figura de Álvaro Silvestre, dominada pelos sentimentos de culpa e pelo receio de morte e, ao mesmo tempo, contemplamos a representação da figura de D. Maria dos Prazeres, bem como o seu desejo recalcado. Em ambas as obras, concluímos existir uma vontade de expressão contra a opressão e as limitações político-sociais e culturais do Estado Novo: no romance, o escritor expõe-nos um mundo objetivo árido, pobre e caraterizado pela exploração entre os homens; no filme, organizando os diálogos e os gestos corporais dos atores, bem como os adereços, Fernando Lopes diminui a dimensão do mundo objetivo e intensifica os conflitos entre o casal. Apesar do romance e do filme se concentrarem em temas diferentes (culpa e morte no romance e impossibilidade de realização do desejo sexual e amoroso, no filme), as duas obras, complementarmente, mostram a relação conjugal dura e infeliz que ocorria realmente entre muitos dos casais que viviam sob o paradigma ideológico-cultural do Estado Novo. O nosso trabalho tenta justificar que as duas obras não só se complementam, mas até são o reverso uma da outra. São ambas, cada uma à sua maneira, testemunhos de um tempo e de um povo que sofreu consequências amargas e severas sob o domínio da ditatura salazarista.
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Por diante, escolhendo duas cenas que aparecem tanto no romance como no filme, e utilizando a filosofia existencialista sartriana e a psicanálise freudiana, analisamos a figura de Álvaro Silvestre, dominada pelos sentimentos de culpa e pelo receio de morte e, ao mesmo tempo, contemplamos a representação da figura de D. Maria dos Prazeres, bem como o seu desejo recalcado. Em ambas as obras, concluímos existir uma vontade de expressão contra a opressão e as limitações político-sociais e culturais do Estado Novo: no romance, o escritor expõe-nos um mundo objetivo árido, pobre e caraterizado pela exploração entre os homens; no filme, organizando os diálogos e os gestos corporais dos atores, bem como os adereços, Fernando Lopes diminui a dimensão do mundo objetivo e intensifica os conflitos entre o casal. Apesar do romance e do filme se concentrarem em temas diferentes (culpa e morte no romance e impossibilidade de realização do desejo sexual e amoroso, no filme), as duas obras, complementarmente, mostram a relação conjugal dura e infeliz que ocorria realmente entre muitos dos casais que viviam sob o paradigma ideológico-cultural do Estado Novo. O nosso trabalho tenta justificar que as duas obras não só se complementam, mas até são o reverso uma da outra. São ambas, cada uma à sua maneira, testemunhos de um tempo e de um povo que sofreu consequências amargas e severas sob o domínio da ditatura salazarista.The present dissertation aims to investigate the relation between the novel A Bee in the Rain, written by Carlos de Oliveira and its adaption to the homonymous film, directed by Fernando Lopes. The dissertation proposes to compare the similarities and the differences between the two objective worlds, which are shown separately in these works in study. Also, the dissertation attempts to explore the two subjective worlds of Álvaro Silvestre and his wife, Maria dos Prazeres, presented by these works as their main focuses respectively. To achieve these goals, first, the careers of the author and the director are investigated. Then the natural and social landscapes, as well as human relationships demonstrated in both of the works are analyzed. Moreover, under the instruction of Sartre’s existentialism and Freud’s psychoanalysis, by choosing two plots that appear in both of the works, the character of Álvaro Silvestre dominated by feelings of fault and fears of death is demonstrated. Our investigation concentrates on the representation of the character of Maria dos Prazeres, as well as on the interpretation of her frustrated desires. In conclusion, it turns out that in these works, there is a will to fight against the political, social and cultural oppression and restrictions that were applied by the Estado Novo: in the novel, the writer exhibits for us an arid world that was full of poverty and human exploitation; in the film, by organizing the actors’ dialogs and body languages, as well as others props, the director reduces the range of the objective world, meanwhile, intensifies the conflicts between the couple Silvestre. Even though the novel and the film put their focuses on the representation of different topics (fault and death in the novel and the impossibility to realize the sexual and amorous desire in the film), together, these works show the harsh and unhappy marital relationship that really happened among many of the couples who lived under the control of the ideological and cultural paradigm, set by the Estado Novo. Under this circumstance, we intend to justify that these two works in discussion, each one by its own way, are the witnesses of their era and the life of the Portuguese people, who was suffering from the dictatorship ruled by Salazar.Universidade de Aveiro2017-03-22T10:40:49Z2016-01-01T00:00:00Z2016info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10773/17079TID:201578182porJiayi Yuaninfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-02-22T11:32:35Zoai:ria.ua.pt:10773/17079Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T02:52:16.713715Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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