A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Sampaio, Fernando de Almeida Leite de
Data de Publicação: 2006
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.12/886
Resumo: Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica
id RCAP_7ba537b7e7e6253f251920fccc3e6353
oai_identifier_str oai:repositorio.ispa.pt:10400.12/886
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling A patologia borderline a partir do negativo e através do RorschachPsicologia clínicaPersonalidadeTeste de RorschachEstudo de casoPsicopatologiaPersonalidade borderlineRelação de objectoClinical psychologyPersonalityRorschach testCase studyPsychopathologyBorderline personalityObject relationDissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia ClínicaEste estudo tem como objectivo, usando o Rorschach como instrumento, observar as manifestações do negativo e do negativismo na patologia borderline. Tendo sido feita uma revisão bibliográfica -Kernberg, Brown, Bergeret, A. Dias, entre outros- considerou-se que a patologia borderline constitui um fenómeno complexo e plural situado entre as fronteiras da neurose e da psicose. Dá conta de um impasse no desenvolvimento que impediu o acesso à constância de objecto (Kernberg, 1975/2001) ou à posição depressiva (Brown, 1987), impossibilitando a integração das pulsões e do Eu, o acesso ao objecto total, à representabilidade. O sujeito revela, por isso, um vazio ruidoso, um narcisismo hemorrágico e destrutivo, uma doença do ideal, relações objectais anaclíticas e uma crispação constante com o meio. Na literatura -Guillaumin, Green, Missenard, Bion, A. Dias, entre outros- verificou-se ainda que uma grande negatividade afecta a patologia borderline. E no que se refere ao negativo, foram-lhe apontados dois destinos: um estruturante e outro destruturante, ou negativista. O negativo estruturante, promovendo as funções de ligação e vinculação, preside à integração das pulsões, do Eu e do objecto, conduzindo à genitalização, à simbolização; o negativismo, anulando o desejo e atacando as ligações e vinculações, as funções de síntese, provoca a destruturação psíquica. Neste sentido Green enfatizou a função ligante e negativante dos mecanismos primários e do recalcamento, sugerindo que regulam o desejo (impondo uma triagem implacável e silenciosa entre o aceitável e o não-aceitável) em função das exigências da realidade. Os mecanismos primários, contudo, quando são colonizados pela pulsão de morte, passam a desempenhar uma função desorganizante e destrutiva através de ataques sistemáticos às ligações e vinculações. Bion, por sua vez, tendo como modelo uma relação continente-conteúdo, falou do processo de estruturação mental. Enfatizou a capacidade negativa do sujeito, a (in)capacidade para modificar a frustração num pensamento a fim de simbolizar a ausên-cia. Esse trabalho de significação, quando conseguido, dá conta de um negativo estrutu-rante. No entanto, como acontece na situação borderline, pode ficar inacabado devido a uma perturbação da capacidade de simbolização. Neste caso, em vez de símbolos são produzidos objectos assimbólicos (A. Dias, 2004) ou pré-símbolos (Brown, 1987), portadores de preocupações pré-genitais. Dão conta de um negativo estruturante bloqueado. O problema, porém, surge quando, face à frustração, o sujeito realializa uma fuga psíquica pela negação da realidade. Os objectos bizarros produzidos, representantes do des-mentido, dão conta internamente da dor indomável do desamparo, sendo, por isso, eva-cuados. O Rorschach, de acordo com a literatura -Chabert e E. Marques, entre outros-, permite o acesso à realidade íntima do sujeito e à sua singularidade. Revela-se particularmente sensível às dificuldades de elaboração da perda/ausência pelo borderline, tornando possível a observação do negativo (estruturante) e do negativismo. Ao negativo estruturante estão associados dois modos de funcionamento: um pólo mais evoluído, corolário de um espaço psíquico criativo e ligado à simbolização, e um pólo menos evoluído e promotor de um espaço psíquico adaptativo e conformista associado à produção de assimbolos. O negativo estruturante é expresso no Rorschach através de imagens bem vistas, dando conta da constituição de um continente separado (uma apreensão com boa qualidade formal) e do estabelecimento de uma relação continente-conteúdo positiva, O pólo mais evoluído, que conduz à simbolização, não se revela presente no protocolo analisado. O pólo menos evoluído, promotor de um espaço mental conformista, está presente no protocolo, mas não de forma significativa. Revela-se em imagens inteiras, mas estas são emocional e sexualmente neutras e revelam preocupações pré-genitais, consequência da pressão dos mecanismos dispersivos sobre os integrativos. Este pólo, apesar de ser o mais progrediente do sujeito, revela que a capacidade de simbolização está perturbada e, por isso, dá conta que não acedeu às identificações secundárias. O negativismo apresenta também dois modos de funcionamento: um evacuativo para o exterior e outro retraído e deprimido. Um e outro revelam-se no Rorschach por imagens mal vistas, dando conta da inexistência de um continente separado e uma relação continente-conteúdo negativa. Disso é testemunho imagens inquietantes, desvalorizadas, abandónicas, insificientes e narcísicas presentes em abundância no protocolo. Se o espaço evacuativo é insignificante, o espaço retraído e deprimido revela-se presente de forma significativa no protocolo, constituindo o funcionamento mais regrediente e desorganizado do sujeito. Dominado pelo ódio e pala culpa e gerido por mecanismos dispersivos e destruturantes, este espaço é produtor de objectos bizarros, representantes do desmentido e provocadores de sofrimento indomável, tomando o sujeito incapaz de viver na ausência. São de destacar ainda, como lugares de expressão do negativismo, as apreensões em detalhe branco(Dbl) e os determinantes cinestésicos de conteúdo humano projectivo (K e kp). Para terminar, O Rorschach revela-se um instrumento capaz de ser enriquecido com novos conceitos e com grandes potencialidades clínicas, pois fala a mesma linguagem e dá conta da singularidade do sujeito.Instituto Superior de Psicologia AplicadaMarques, Maria EmíliaRepositório do ISPASampaio, Fernando de Almeida Leite de2011-09-20T19:12:45Z2006-01-01T00:00:00Z2006-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.12/886porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-05T16:37:00Zoai:repositorio.ispa.pt:10400.12/886Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:18:59.604917Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
title A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
spellingShingle A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
Sampaio, Fernando de Almeida Leite de
Psicologia clínica
Personalidade
Teste de Rorschach
Estudo de caso
Psicopatologia
Personalidade borderline
Relação de objecto
Clinical psychology
Personality
Rorschach test
Case study
Psychopathology
Borderline personality
Object relation
title_short A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
title_full A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
title_fullStr A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
title_full_unstemmed A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
title_sort A patologia borderline a partir do negativo e através do Rorschach
author Sampaio, Fernando de Almeida Leite de
author_facet Sampaio, Fernando de Almeida Leite de
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Marques, Maria Emília
Repositório do ISPA
dc.contributor.author.fl_str_mv Sampaio, Fernando de Almeida Leite de
dc.subject.por.fl_str_mv Psicologia clínica
Personalidade
Teste de Rorschach
Estudo de caso
Psicopatologia
Personalidade borderline
Relação de objecto
Clinical psychology
Personality
Rorschach test
Case study
Psychopathology
Borderline personality
Object relation
topic Psicologia clínica
Personalidade
Teste de Rorschach
Estudo de caso
Psicopatologia
Personalidade borderline
Relação de objecto
Clinical psychology
Personality
Rorschach test
Case study
Psychopathology
Borderline personality
Object relation
description Dissertação de Mestrado em Psicopatologia e Psicologia Clínica
publishDate 2006
dc.date.none.fl_str_mv 2006-01-01T00:00:00Z
2006-01-01T00:00:00Z
2011-09-20T19:12:45Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.12/886
url http://hdl.handle.net/10400.12/886
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Instituto Superior de Psicologia Aplicada
publisher.none.fl_str_mv Instituto Superior de Psicologia Aplicada
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130049670021120