O Telejornal da RTP mostrou o Maio de 68 e escondeu a Crise Académica de 69. Porquê?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Godinho,Jacinto
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://scielo.pt/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S2183-54622019000200016
Resumo: Este artigo procura aprofundar a reflexão sobre o impacto político do jornalismo televisivo durante o período final do Estado Novo. A RTP tem sido pensada como um dos bastiões do regime de Salazar e Caetano, usada prioritariamente como meio de divulgação propagandística. A clara predominância de homens próximos destes dois Presidentes do Conselho no comando da informação televisiva, a governamentalização dos telejornais com a exclusão de notícias relacionadas com a oposição ou de qualquer outro assunto que desagradasse ao Governo, leva à conclusão de que uma RTP manipulada só pode ter funcionado como um instrumento que ajudou a prolongar a ditadura. Analisando dois casos semelhantes de agitação estudantil, “Maio de 68” em França e a “Crise Académica” em Coimbra, ocorridos no curto espaço de um ano entre 1968 e 1969, anos decisivos em que a direcção do Governo mudou de Salazar para Caetano, verificamos que a estratégia da RTP foi completamente oposta. Analisando os Telejornais verificamos que a RTP cobriu com abundância de peças os acontecimentos em França que levaram à paralisação da Universidade da Sorbonne em Maio de 68, mas um ano depois, em Abril de 1969, decidiu não cobrir noticiosamente os protestos que levaram ao encerramento da Universidade, à intervenção da GNR e à prisão de dezenas de estudantes. A RTP mostrava, lá de fora no estrangeiro, o que não podia ou não queria mostrar cá de dentro, em Portugal. Que razões podem explicar esta estranha estratégia informativa? Sugerimos neste artigo uma nova interpretação da política de imagens do Estado Novo e levantamos a hipótese de a televisão em Portugal ter sido um mediador evanescente do regime ditatorial.
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