O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, Ricardo Jorge Cabo
Data de Publicação: 2017
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.19/4676
Resumo: Este estudo tem como objetivo analisar o problema incumprimento bancário pelas instituições não financeiras, em Portugal, no período entre 2003 e 2014. Para obter evidência empírica adicional, estimamos a probabilidade de insolvência financeira para as PME portuguesas a partir de dados microeconómicos obtidos junto da base de dados SABI. Agregamos por setor os valores estimados segundo a desagregação setorial dos dados sobre o crédito vencido, fornecidos pelo Banco de Portugal. Este processo permitiu a criação de dois indicadores, um de probabilidade de insolvência (PI) obtido através da aplicação de um modelo de regressão logística, e um de incumprimento bancário (RCV) calculado através de dados setoriais recolhidos junto do Banco de Portugal. O estudo da evolução e a comparação destes dois indicadores, permitiu identificar os principais factos relevantes para identificar a natureza e incidência da crise em Portugal, assim como os principais desvios setoriais à tendência evidenciada pela economia. A evidência empírica revela que numerosas empresas já se defrontavam com problemas de insolvência financeira antes da grande crise financeira internacional de 2008. Tal sugere que o fator fundamental para potenciar da grande recessão em que Portugal mergulha desde 2010, tenha sido uma crise “brutal” na Banca portuguesa, que implodiu quando mercado europeu interbancário paralisou. A Banca portuguesa estava vulnerável provavelmente devido a uma má estratégia de alocação de recursos, particularmente a realizada junto de num pequeno número de grandes projetos, que podemos classificar no mínimo como de alto risco. Como esta aposta falhou e surpreendentemente não existia colateral relevante, a Banca portuguesa acaba por ser vítima dessa mesma estratégia e propagou a sua descapitalização ao resto da economia. Esta crise atinge o seu auge com o contágio e crise soberana portuguesa, que contribuiu para a entrada da economia numa grave recessão, em que as expectativas mais otimistas de que 2014 seria o ano de saída da crise foram traídas (o que esteve certamente ligado à implosão do Grupo e Banco Espírito Santo). Todo este processo induziu um corte no financiamento à economia, que teve um efeito de feed-back de intensificar o crescimento do incumprimento bancário e, provavelmente, vir a causar um processo generalizada de desalavancagem pelo menos no que respeita às PME.
id RCAP_9987368c7d2c2527eafbfd1a904491e2
oai_identifier_str oai:repositorio.ipv.pt:10400.19/4676
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME PortuguesasCrédito VencidoInsolvência FinanceiraRestrições de CréditoCrise FinanceiraDomínio/Área Científica::Ciências Sociais::Economia e GestãoEste estudo tem como objetivo analisar o problema incumprimento bancário pelas instituições não financeiras, em Portugal, no período entre 2003 e 2014. Para obter evidência empírica adicional, estimamos a probabilidade de insolvência financeira para as PME portuguesas a partir de dados microeconómicos obtidos junto da base de dados SABI. Agregamos por setor os valores estimados segundo a desagregação setorial dos dados sobre o crédito vencido, fornecidos pelo Banco de Portugal. Este processo permitiu a criação de dois indicadores, um de probabilidade de insolvência (PI) obtido através da aplicação de um modelo de regressão logística, e um de incumprimento bancário (RCV) calculado através de dados setoriais recolhidos junto do Banco de Portugal. O estudo da evolução e a comparação destes dois indicadores, permitiu identificar os principais factos relevantes para identificar a natureza e incidência da crise em Portugal, assim como os principais desvios setoriais à tendência evidenciada pela economia. A evidência empírica revela que numerosas empresas já se defrontavam com problemas de insolvência financeira antes da grande crise financeira internacional de 2008. Tal sugere que o fator fundamental para potenciar da grande recessão em que Portugal mergulha desde 2010, tenha sido uma crise “brutal” na Banca portuguesa, que implodiu quando mercado europeu interbancário paralisou. A Banca portuguesa estava vulnerável provavelmente devido a uma má estratégia de alocação de recursos, particularmente a realizada junto de num pequeno número de grandes projetos, que podemos classificar no mínimo como de alto risco. Como esta aposta falhou e surpreendentemente não existia colateral relevante, a Banca portuguesa acaba por ser vítima dessa mesma estratégia e propagou a sua descapitalização ao resto da economia. Esta crise atinge o seu auge com o contágio e crise soberana portuguesa, que contribuiu para a entrada da economia numa grave recessão, em que as expectativas mais otimistas de que 2014 seria o ano de saída da crise foram traídas (o que esteve certamente ligado à implosão do Grupo e Banco Espírito Santo). Todo este processo induziu um corte no financiamento à economia, que teve um efeito de feed-back de intensificar o crescimento do incumprimento bancário e, provavelmente, vir a causar um processo generalizada de desalavancagem pelo menos no que respeita às PME.ABSTRACT: This study aims at analyzing nonperforming loans, by non-financial institutions in Portugal, between 2003 and 2014. To obtain additional empirical evidence, we estimate the probability of financial insolvency for Portuguese SMEs from data obtained from the SABI database. We averaged the estimated values in line with the sectoral breakdown according to which the data on nonperforming loans was provided by the Banco de Portugal. This process allowed the creation of two indicators, one of probability of financial distress (PI) obtained through the application of a logistic regression model, and one of nonperforming loans (RCV) calculated through sector data collected from the Bank of Portugal. The empirical evidence shows that many companies were already faced with financial insolvency problems before the international financial crisis of 2008/2009, which points us to that a fundamental factor to magnify the recession in which Portugal plunges since 2010 was a crisis in the Portuguese financial system that imploded when the European Interbank market crunched. Portuguese banking was particularly vulnerable due to a poor strategy of resource allocation, particularly in a small number of real estate projects, which we can classify, at least, as high risk. As this bet failed and surprisingly there was no relevant collateral, the Portuguese bank turns out to be a victim of they own strategy and propagated its decapitalization to the rest of the economy. This crisis reaches its peak with contagion and Portuguese sovereign crisis and the entry of the economy into a serious recession that betrayed the most optimistic expectations that 2014 would be the year out of the crisis, which was certainly linked to the mid-year implosion of the Grupo and Banco Espírito Santo. This whole process led to a cut in the financing of the economy, which had a feed-back effect of intensifying the growth of nonperforming loans and, probably, leading to a generalized process of deleveraging, at least, in the case of SME.Rodrigues, Luís FernandesRepositório Científico do Instituto Politécnico de ViseuMartins, Ricardo Jorge Cabo2017-10-11T08:44:04Z2017-09-132017-05-302017-09-13T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.19/4676TID:201738643porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-01-16T15:27:26Zoai:repositorio.ipv.pt:10400.19/4676Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:43:14.298066Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
title O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
spellingShingle O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
Martins, Ricardo Jorge Cabo
Crédito Vencido
Insolvência Financeira
Restrições de Crédito
Crise Financeira
Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Economia e Gestão
title_short O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
title_full O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
title_fullStr O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
title_full_unstemmed O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
title_sort O crédito vencido e a insolvência financeira: Evidência empírica nas PME Portuguesas
author Martins, Ricardo Jorge Cabo
author_facet Martins, Ricardo Jorge Cabo
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv Rodrigues, Luís Fernandes
Repositório Científico do Instituto Politécnico de Viseu
dc.contributor.author.fl_str_mv Martins, Ricardo Jorge Cabo
dc.subject.por.fl_str_mv Crédito Vencido
Insolvência Financeira
Restrições de Crédito
Crise Financeira
Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Economia e Gestão
topic Crédito Vencido
Insolvência Financeira
Restrições de Crédito
Crise Financeira
Domínio/Área Científica::Ciências Sociais::Economia e Gestão
description Este estudo tem como objetivo analisar o problema incumprimento bancário pelas instituições não financeiras, em Portugal, no período entre 2003 e 2014. Para obter evidência empírica adicional, estimamos a probabilidade de insolvência financeira para as PME portuguesas a partir de dados microeconómicos obtidos junto da base de dados SABI. Agregamos por setor os valores estimados segundo a desagregação setorial dos dados sobre o crédito vencido, fornecidos pelo Banco de Portugal. Este processo permitiu a criação de dois indicadores, um de probabilidade de insolvência (PI) obtido através da aplicação de um modelo de regressão logística, e um de incumprimento bancário (RCV) calculado através de dados setoriais recolhidos junto do Banco de Portugal. O estudo da evolução e a comparação destes dois indicadores, permitiu identificar os principais factos relevantes para identificar a natureza e incidência da crise em Portugal, assim como os principais desvios setoriais à tendência evidenciada pela economia. A evidência empírica revela que numerosas empresas já se defrontavam com problemas de insolvência financeira antes da grande crise financeira internacional de 2008. Tal sugere que o fator fundamental para potenciar da grande recessão em que Portugal mergulha desde 2010, tenha sido uma crise “brutal” na Banca portuguesa, que implodiu quando mercado europeu interbancário paralisou. A Banca portuguesa estava vulnerável provavelmente devido a uma má estratégia de alocação de recursos, particularmente a realizada junto de num pequeno número de grandes projetos, que podemos classificar no mínimo como de alto risco. Como esta aposta falhou e surpreendentemente não existia colateral relevante, a Banca portuguesa acaba por ser vítima dessa mesma estratégia e propagou a sua descapitalização ao resto da economia. Esta crise atinge o seu auge com o contágio e crise soberana portuguesa, que contribuiu para a entrada da economia numa grave recessão, em que as expectativas mais otimistas de que 2014 seria o ano de saída da crise foram traídas (o que esteve certamente ligado à implosão do Grupo e Banco Espírito Santo). Todo este processo induziu um corte no financiamento à economia, que teve um efeito de feed-back de intensificar o crescimento do incumprimento bancário e, provavelmente, vir a causar um processo generalizada de desalavancagem pelo menos no que respeita às PME.
publishDate 2017
dc.date.none.fl_str_mv 2017-10-11T08:44:04Z
2017-09-13
2017-05-30
2017-09-13T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/masterThesis
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.19/4676
TID:201738643
url http://hdl.handle.net/10400.19/4676
identifier_str_mv TID:201738643
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799130901087518720