O caderno vaivém enquanto estratégia pedagógica: Um estudo etnometodológico sobre trajectos de participação parental, numa escola básica 2/3, situada em meio operário.
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2006 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | https://doi.org/10.25755/int.296 |
Resumo: | O presente texto resulta de uma pesquisa que visou estudar a relação entre a escola e a família numa escola básica de 2º e 3º ciclos, pública, localizada em meio operário, designadamente os trajectos de participação parental e a possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Trata-se de um meio caracterizado pela heterogeneidade cultural e pela descontinuidade em relação à cultura escolar, em que é visível a complexidade das relações entre actores intervenientes no processo educativo, nomeadamente entre pais e/ou encarregados de educação e docentes. A temática em estudo foi alvo de pesquisa em investigações de especialistas nacionais e estrangeiros. Sendo os pais sujeitos com legitimidade jurídica, parte integrante de um mesmo processo denominado educativo, tentou-se investigar, através do método etnometodológico, com incidência na análise de discursos parentais, em registo escrito, recolhidos em trabalho de campo, os trajectos de participação parental na escola, no contexto supracitado, e as implicações destas formas de comunicação informal na participação parental e a (im)possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Através deste estudo, que exigiria mais tempo para um maior aprofundamento, chegou-se a algumas constatações, quanto à participação parental em meios de descontinuidade cultural face à escola e aos obstáculos que impedem essa interacção. Para que a participação dos pais se torne viável torna-se necessário: uma mediação activa entre a escola e a família; a valorização da epistemologia da escuta e a criação de espaços e tempos para dar lugar às narratividades parentais, bem como práticas de conhecimento e de enquadramento contextual local. Uma outra constatação notória: no estudo realizado não há afastamento dos pais da escola, nem a classe social a que estes pertencem impediu a existência de determinados tipos de participação parental; há, sim, formas diferentes de vinculação destes à escola, que a escola desconhece, revelando não estar preparada para lidar com a diversidade parental, não sendo permeável à heterogeneidade cultural local. A escola gera, nos processos de categorização interna que faz dos pais, processos de inclusão ou de exclusão, que, por sua vez, desencadeiam atitudes de auto-exclusão por parte daqueles com os quais não está interessada em se relacionar. Ser considerado membro da comunidade da escola, sendo acto legítimo, não é um acto natural: a categorização de membro é feita com base no capital cultural ou linguístico de que os pais são portadores. |
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O caderno vaivém enquanto estratégia pedagógica: Um estudo etnometodológico sobre trajectos de participação parental, numa escola básica 2/3, situada em meio operário.Número 2 - Pluralidade de olhares sobre escolas e famílias e suas intra e inter-relações.O presente texto resulta de uma pesquisa que visou estudar a relação entre a escola e a família numa escola básica de 2º e 3º ciclos, pública, localizada em meio operário, designadamente os trajectos de participação parental e a possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Trata-se de um meio caracterizado pela heterogeneidade cultural e pela descontinuidade em relação à cultura escolar, em que é visível a complexidade das relações entre actores intervenientes no processo educativo, nomeadamente entre pais e/ou encarregados de educação e docentes. A temática em estudo foi alvo de pesquisa em investigações de especialistas nacionais e estrangeiros. Sendo os pais sujeitos com legitimidade jurídica, parte integrante de um mesmo processo denominado educativo, tentou-se investigar, através do método etnometodológico, com incidência na análise de discursos parentais, em registo escrito, recolhidos em trabalho de campo, os trajectos de participação parental na escola, no contexto supracitado, e as implicações destas formas de comunicação informal na participação parental e a (im)possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Através deste estudo, que exigiria mais tempo para um maior aprofundamento, chegou-se a algumas constatações, quanto à participação parental em meios de descontinuidade cultural face à escola e aos obstáculos que impedem essa interacção. Para que a participação dos pais se torne viável torna-se necessário: uma mediação activa entre a escola e a família; a valorização da epistemologia da escuta e a criação de espaços e tempos para dar lugar às narratividades parentais, bem como práticas de conhecimento e de enquadramento contextual local. Uma outra constatação notória: no estudo realizado não há afastamento dos pais da escola, nem a classe social a que estes pertencem impediu a existência de determinados tipos de participação parental; há, sim, formas diferentes de vinculação destes à escola, que a escola desconhece, revelando não estar preparada para lidar com a diversidade parental, não sendo permeável à heterogeneidade cultural local. A escola gera, nos processos de categorização interna que faz dos pais, processos de inclusão ou de exclusão, que, por sua vez, desencadeiam atitudes de auto-exclusão por parte daqueles com os quais não está interessada em se relacionar. Ser considerado membro da comunidade da escola, sendo acto legítimo, não é um acto natural: a categorização de membro é feita com base no capital cultural ou linguístico de que os pais são portadores.Escola Superior de Educação do Instituto Politécnico de Santarém2006-03-03info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articlehttps://doi.org/10.25755/int.296por1646-2335Sousa, Maria Gracindainfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-03-02T18:08:34Zoai:ojs.revistas.rcaap.pt:article/296Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T16:47:32.799941Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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O presente texto resulta de uma pesquisa que visou estudar a relação entre a escola e a família numa escola básica de 2º e 3º ciclos, pública, localizada em meio operário, designadamente os trajectos de participação parental e a possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Trata-se de um meio caracterizado pela heterogeneidade cultural e pela descontinuidade em relação à cultura escolar, em que é visível a complexidade das relações entre actores intervenientes no processo educativo, nomeadamente entre pais e/ou encarregados de educação e docentes. A temática em estudo foi alvo de pesquisa em investigações de especialistas nacionais e estrangeiros. Sendo os pais sujeitos com legitimidade jurídica, parte integrante de um mesmo processo denominado educativo, tentou-se investigar, através do método etnometodológico, com incidência na análise de discursos parentais, em registo escrito, recolhidos em trabalho de campo, os trajectos de participação parental na escola, no contexto supracitado, e as implicações destas formas de comunicação informal na participação parental e a (im)possibilidade de os pais se tornarem membros da comunidade educativa. Através deste estudo, que exigiria mais tempo para um maior aprofundamento, chegou-se a algumas constatações, quanto à participação parental em meios de descontinuidade cultural face à escola e aos obstáculos que impedem essa interacção. Para que a participação dos pais se torne viável torna-se necessário: uma mediação activa entre a escola e a família; a valorização da epistemologia da escuta e a criação de espaços e tempos para dar lugar às narratividades parentais, bem como práticas de conhecimento e de enquadramento contextual local. Uma outra constatação notória: no estudo realizado não há afastamento dos pais da escola, nem a classe social a que estes pertencem impediu a existência de determinados tipos de participação parental; há, sim, formas diferentes de vinculação destes à escola, que a escola desconhece, revelando não estar preparada para lidar com a diversidade parental, não sendo permeável à heterogeneidade cultural local. A escola gera, nos processos de categorização interna que faz dos pais, processos de inclusão ou de exclusão, que, por sua vez, desencadeiam atitudes de auto-exclusão por parte daqueles com os quais não está interessada em se relacionar. Ser considerado membro da comunidade da escola, sendo acto legítimo, não é um acto natural: a categorização de membro é feita com base no capital cultural ou linguístico de que os pais são portadores. |
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