Criança imigrante num serviço de pediatria: que problemas sociais?

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Anacleto, V
Data de Publicação: 2009
Outros Autores: Santos, C, Luis, C, Nunes, P, Brito, MJ
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.10/87
Resumo: Introdução: A zona suburbana de influência do hospital serve uma população que abrange imigrantes oriundos de países em vias de desenvolvimento. Objectivos: Caracterizar a população pediátrica imigrante internada e referenciada ao serviço social e compará-la com a restante população portuguesa. Material e Métodos: Estudo prospectivo realizado entre Novembro de 2004 a Março de 2005. Analisaram-se dados demográficos, sócio-económicos, motivo de internamento e de referenciação ao serviço social e encaminhamento da situação. Resultados: De um total de 35 crianças observadas, 22 (62,8%) eram filhas de imigrantes, 45% com menos de 12 meses, a maioria do sexo feminino (54,5%), raça negra (81,8%) e com más condições sócio-económicas (72,3%). A maioria dos pais (72,7%) era oriunda de um País Africano de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) e 58,3% não estavam legalizados no nosso país. A maioria (81,3%) tinha médico de família atribuído. Dezanove (85,7%) foram internados por doença orgânica tendo o problema social sido detectado durante o internamento. Os problemas sociais identificados foram pobreza (9), negligência (7), agressão física (3), abandono (2), maus-tratos psicológicos (1), abuso sexual (1) e outras situações (3). Cinco crianças foram orientadas para a Comissão de Protecção de Menores e uma para o Tribunal. Foram ainda prestados apoios económicos (6) e sociais (4) pelo hospital e pelo Centro de Saúde (1). Comparativamente à população portuguesa avaliada, os problemas sociais são mais frequentes na população imigrante (20% vs 7,5%; p =0,001), com predomínio nas crianças de origem africana (81,8% versus 15,4%; p =0,00). Embora não seja estatisticamente significativo a pobreza (37,5% vs 26,6%% p =0,313) e agressão física (13% vs 8,3% p =0,313) são mais frequentes nos imigrantes, contrariamente à população nacional, que o problema social mais frequente foi a negligência (33,3% vs 29% p =0,313). Discussão: O número crescente de filhos de imigrantes e as deficiências socio económicas desta população, levantam importantes questões relacionadas com a prestação de cuidados sociais a cidadãos estrangeiros, gerando a necessidade de criação de estruturas de apoio social de forma a permitir a sua melhor integração na sociedade.
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