Do nihil cinematicum como matéria catártica da vida – o caso Debord

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Martins, José
Data de Publicação: 2019
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/28117
Resumo: Ecrã negro e plano negro averbam uma longa e diversa fortuna nas taumaturgias da auto-referencialidade cinematográfica (Godard, Kubrick, Tarr, Cronenberg…). Mas uma pré-história intermedial do ‘negro sobre branco’ lhes preside, no curso um pouco mais longo da modernidade artística auto-reflexiva, de Poe a Malevich. Por seu turno, esta reflexão-de-reflexão entronca na herança filosófica hegeliana enquanto pensamento do ‘trabalho do negativo’. A paralaxe de um Absoluto que apenas é capaz de sair de si e realizar-se absolutamente no interior ainda do círculo mágico do elemento idealista do pensar, foi devidamente advertida por Feurbach e por Marx – e será triunfalmente superada pelo golpe materialista-especulativo urdido e brandido por esse feurbachiano-sadeano que é o Debord genial do seu opus 1, Hurlements en faveur de Sade. O medium distintivo e único para a realização deste Absoluto finalmente capaz de subsumir idealidade e materialidade e a contradição entre ambos, já não é o pensamento idealista (Hegel) nem o pensamento materialista (Marx), muito menos ‘a arte’ ou a revolução: já não é nem a theoria nem a práxis nem a poiesis, mas o Cinema, quando a auto-apresentação pura da sua estruturalidade mediológica coincide com uma matéria inteligível de tal densidade que, nela, é tanto o próprio fílmico que colapsa, quanto o próprio cinemático que esplende naquele seu nihil a que aspiramos chamar – a vida.
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