Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Noronha, Susana de
Data de Publicação: 2013
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10400.21/2595
Resumo: Este texto sintetiza o último capítulo da investigação de doutoramento – Objetos feitos de cancro: a cultura material como pedaço de doença em histórias de mulheres contadas pela arte. Através de uma reflexão em torno dos objetos e materialidades que ganham forma e relevo em projetos artísticos referentes à experiência feminina do cancro, esta tese propõe conceitos alternativos de cultura material e de doença oncológica. Rejeita-se uma separação ou diferenciação entre dimensões materiais e intangíveis na doença, entendendo-se os objetos de cultura material como pedaços de cancro, ou seja, enquanto partes constitutivas das ideias, sensações, emoções e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais, de uso coletivo ou individual, onde se incluem materialidades descartáveis, vestuário, mobiliário, equipamento e máquinas, compõem uma lista de realidades que se encastram nas experiências do corpo em diagnóstico, internamento, tratamento, reconstrução, remissão, recorrência, metastização e morte. Dando nome a esta continuidade indivisa, propus os conceitos “objeto nosoencastrável” e “doença modular”, pretendendo, na forma como defino as coisas, os mesmos encaixes que existem na realidade vivida. Para compreender a ação, os usos e os sentidos dos objetos que fazem e são pedaços de cancro(s), o campo de trabalho desta investigação abrangeu as imagens e os textos explicativos de cento e cinquenta projetos artísticos produzidos por ou com mulheres que viveram a experiência desta doença. Expostos na Internet, os exercícios criativos, amadores ou profissionais, de fotografia comercial e artística, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura, costura e tricô serviram de terreno narrativo e visual, permitindo-me encontrar a versão émica dos encaixes entre cultura material e doença. Tocar a continuidade entre objetos e cancros, juntando os saberes do corpo, da arte e da antropologia, assentou numa abordagem teórica e metodológica onde ensaiei o potencial heurístico daquilo a que chamo a “terceira metade das coisas e do conhecimento”.
id RCAP_d01c4103304642d49c582d15d5eb2dd3
oai_identifier_str oai:repositorio.ipl.pt:10400.21/2595
network_acronym_str RCAP
network_name_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository_id_str 7160
spelling Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticosWomen in 'morte-cor': the objects that make and unmake a body with metastatic cancerPsicologia da saúdeObjetosCancroMulherMorteDoença modularObjeto nosoencastrávelTerceira metade das coisas e do conhecimentoHealth psychologyObjectsCancerWomenDeathModular diseaseNosobuilt-in objectsThird half of things and of knowledgeEste texto sintetiza o último capítulo da investigação de doutoramento – Objetos feitos de cancro: a cultura material como pedaço de doença em histórias de mulheres contadas pela arte. Através de uma reflexão em torno dos objetos e materialidades que ganham forma e relevo em projetos artísticos referentes à experiência feminina do cancro, esta tese propõe conceitos alternativos de cultura material e de doença oncológica. Rejeita-se uma separação ou diferenciação entre dimensões materiais e intangíveis na doença, entendendo-se os objetos de cultura material como pedaços de cancro, ou seja, enquanto partes constitutivas das ideias, sensações, emoções e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais, de uso coletivo ou individual, onde se incluem materialidades descartáveis, vestuário, mobiliário, equipamento e máquinas, compõem uma lista de realidades que se encastram nas experiências do corpo em diagnóstico, internamento, tratamento, reconstrução, remissão, recorrência, metastização e morte. Dando nome a esta continuidade indivisa, propus os conceitos “objeto nosoencastrável” e “doença modular”, pretendendo, na forma como defino as coisas, os mesmos encaixes que existem na realidade vivida. Para compreender a ação, os usos e os sentidos dos objetos que fazem e são pedaços de cancro(s), o campo de trabalho desta investigação abrangeu as imagens e os textos explicativos de cento e cinquenta projetos artísticos produzidos por ou com mulheres que viveram a experiência desta doença. Expostos na Internet, os exercícios criativos, amadores ou profissionais, de fotografia comercial e artística, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura, costura e tricô serviram de terreno narrativo e visual, permitindo-me encontrar a versão émica dos encaixes entre cultura material e doença. Tocar a continuidade entre objetos e cancros, juntando os saberes do corpo, da arte e da antropologia, assentou numa abordagem teórica e metodológica onde ensaiei o potencial heurístico daquilo a que chamo a “terceira metade das coisas e do conhecimento”.This paper presents a synopsis of the last chapter of my PhD Thesis – Objects Made of Cancer: material culture as a piece of disease on women’s art stories. Bringing together objects and materialities that take form and gain relevance in artistic projects regarding the feminine experience of cancer, this research proposes alternative concepts of material culture and oncological disease. It rejects a separation or differentiation between material and intangible dimensions in disease, understanding objects of material culture as portions of cancer, that is, as constitutive parts of the ideas, sensations, emotions and gestures that make the experience of the diseased body. Medical, domestic and personal objects, of collective or individual use, that include disposable materialities, clothing, furniture, equipment and machines, compose a list of realities that are embedded in the experience of the body during diagnosis, treatment, reconstruction, remission, recurrence, metastization and death. Giving name to this continuity, my thesis proposes the concepts of “modular-disease” and “nosobuilt-in objects”, intending, in the way it defines things, the same connections that exist in lived reality. To understand the actions, uses and meanings given to the objects that are and make portions of cancer(s), the working field of this investigation assembled the images and written explanations of one hundred and fifty artistic projects made by or with women living the experience of this disease. Displayed on the Internet, professional or amateur, creative exercises of commercial and artistic photography, painting, drawing, collage, casting, sculpture, embroidery and knitting make the visual and narrative ground that allows us to find the emic version of the mixture between material culture and disease. Perceiving the continuity that exists between objects and cancer, gathering knowledge given by the body, by art and social science, rests on a theoretic and methodological approach with which I tested the heuristic potential of what I call the “third half of things and of knowledge”.Escola Superior de Tecnologia da Saúde de LisboaRCIPLNoronha, Susana de2013-08-05T14:53:38Z2013-072013-07-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.21/2595porNoronha S. Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos. Saúde & Tecnologia. 2013;(Supl):e33-e37.1646-9704info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-08-03T09:42:08Zoai:repositorio.ipl.pt:10400.21/2595Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T20:12:21.270352Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
dc.title.none.fl_str_mv Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
Women in 'morte-cor': the objects that make and unmake a body with metastatic cancer
title Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
spellingShingle Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
Noronha, Susana de
Psicologia da saúde
Objetos
Cancro
Mulher
Morte
Doença modular
Objeto nosoencastrável
Terceira metade das coisas e do conhecimento
Health psychology
Objects
Cancer
Women
Death
Modular disease
Nosobuilt-in objects
Third half of things and of knowledge
title_short Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
title_full Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
title_fullStr Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
title_full_unstemmed Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
title_sort Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos
author Noronha, Susana de
author_facet Noronha, Susana de
author_role author
dc.contributor.none.fl_str_mv RCIPL
dc.contributor.author.fl_str_mv Noronha, Susana de
dc.subject.por.fl_str_mv Psicologia da saúde
Objetos
Cancro
Mulher
Morte
Doença modular
Objeto nosoencastrável
Terceira metade das coisas e do conhecimento
Health psychology
Objects
Cancer
Women
Death
Modular disease
Nosobuilt-in objects
Third half of things and of knowledge
topic Psicologia da saúde
Objetos
Cancro
Mulher
Morte
Doença modular
Objeto nosoencastrável
Terceira metade das coisas e do conhecimento
Health psychology
Objects
Cancer
Women
Death
Modular disease
Nosobuilt-in objects
Third half of things and of knowledge
description Este texto sintetiza o último capítulo da investigação de doutoramento – Objetos feitos de cancro: a cultura material como pedaço de doença em histórias de mulheres contadas pela arte. Através de uma reflexão em torno dos objetos e materialidades que ganham forma e relevo em projetos artísticos referentes à experiência feminina do cancro, esta tese propõe conceitos alternativos de cultura material e de doença oncológica. Rejeita-se uma separação ou diferenciação entre dimensões materiais e intangíveis na doença, entendendo-se os objetos de cultura material como pedaços de cancro, ou seja, enquanto partes constitutivas das ideias, sensações, emoções e gestos que fazem a experiência do corpo doente. Objetos hospitalares, domésticos e pessoais, de uso coletivo ou individual, onde se incluem materialidades descartáveis, vestuário, mobiliário, equipamento e máquinas, compõem uma lista de realidades que se encastram nas experiências do corpo em diagnóstico, internamento, tratamento, reconstrução, remissão, recorrência, metastização e morte. Dando nome a esta continuidade indivisa, propus os conceitos “objeto nosoencastrável” e “doença modular”, pretendendo, na forma como defino as coisas, os mesmos encaixes que existem na realidade vivida. Para compreender a ação, os usos e os sentidos dos objetos que fazem e são pedaços de cancro(s), o campo de trabalho desta investigação abrangeu as imagens e os textos explicativos de cento e cinquenta projetos artísticos produzidos por ou com mulheres que viveram a experiência desta doença. Expostos na Internet, os exercícios criativos, amadores ou profissionais, de fotografia comercial e artística, pintura, desenho, colagem, modelagem, escultura, costura e tricô serviram de terreno narrativo e visual, permitindo-me encontrar a versão émica dos encaixes entre cultura material e doença. Tocar a continuidade entre objetos e cancros, juntando os saberes do corpo, da arte e da antropologia, assentou numa abordagem teórica e metodológica onde ensaiei o potencial heurístico daquilo a que chamo a “terceira metade das coisas e do conhecimento”.
publishDate 2013
dc.date.none.fl_str_mv 2013-08-05T14:53:38Z
2013-07
2013-07-01T00:00:00Z
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv http://hdl.handle.net/10400.21/2595
url http://hdl.handle.net/10400.21/2595
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.relation.none.fl_str_mv Noronha S. Mulheres em morte-cor: os objetos que fazem e desfazem corpos e cancros metastáticos. Saúde & Tecnologia. 2013;(Supl):e33-e37.
1646-9704
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa
publisher.none.fl_str_mv Escola Superior de Tecnologia da Saúde de Lisboa
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron:RCAAP
instname_str Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
instacron_str RCAAP
institution RCAAP
reponame_str Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
collection Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
repository.name.fl_str_mv Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informação
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1799133378465759232