Fundamentos da medicina tradicional chinesa: elementos para uma comparação com as bases filosóficas da medicina da antiguidade clássica
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2011 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.6/1040 |
Resumo: | O objectivo desta dissertação é estudar a hipótese de que a Medicina Tradicional Chinesa se baseia em modelos conceptuais semelhantes aos das medicinas naturalistas da cultura greco-romana, tal como são conhecidos desde os filósofos pré-socráticos e se mantiveram sem alterações na sua essência até ao renascimento. A Medicina Tradicional Chinesa fundamenta-se em conceitos filosóficos que englobam uma força ou corrente vital (o qi), o equilíbrio entre duas forças vitais que se opõem e complementam (o yin e o yang), e na teoria de que todas as coisas são compostas por cinco elementos. Como factores de doença aparecem causas externas, como o vento ou a humidade, e factores internos que produziriam desequilíbrios entre as forças que constituem o universo, desequilíbrios esses que se traduziriam na doença. O papel da medicina seria o de restaurar os equilíbrios perdidos, no quadro de um ser humano visto como inserido num cosmos. O estudo que fizemos sobre o pensamento da antiguidade clássica, a sua influência sobre o exercício da medicina e a forma como ambos perduraram durante séculos na sua essência, quando não mesmo nos seus aspectos acidentais, nas culturas do Ocidente, parecem-nos constituir suporte para a tese de que a medicina tradicional chinesa e as medicinas ocidentais de fundamento naturalista anteriores à modernidade têm muito em comum. Também no Ocidente, a ideia de um sopro vital, embora tomando diversas formas, esteve presente no pensamento clássico, bem como a do equilíbrio entre forças que se opõem e complementam (veja-se Empédocles de Agrigento), e a de um mundo constituído por elementos (normalmente quatro, como também quatro foram depois os humores, mas não nos parece que seja o número que se deva relevar na comparação entre os dois modelos). Ambas as medicinas estão intimamente relacionadas no que respeita à sua visão do ser humano e da sua relação com a natureza e o cosmos. A doença como um desequilíbrio com a natureza e o mundo e a cura como o restabelecer desse equilíbrio são fundamentos também omnipresentes na Medina Ocidental até ao advento da modernidade. Essencialmente, o que parece existir é um aspecto cultural da antiguidade que, em muito semelhante ao que no mesmo período histórico se observava no Ocidente, foi preservado pelas condições históricas da China – uma sociedade que praticamente até ao século XX foi essencialmente rural e dominada por um poder senhorial que dificultava a evolução das ideias. Obviamente que este corolário tem por sua vez implicações múltiplas – que vão desde a questão de quanto o mundo do milénio anterior a Cristo era ou não muito mais global do que pensamos até implicações ao nível da teoria da história. Sobre estes aspectos não tecemos mais do que breves referências. |
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Fundamentos da medicina tradicional chinesa: elementos para uma comparação com as bases filosóficas da medicina da antiguidade clássicaMedicina tradicional chinesaMedicina tradicional chinesa - Medicina ocidental - FilosofiaMedicina tradicional chinesa - Medicina de antiguidade clássica - HistóriaO objectivo desta dissertação é estudar a hipótese de que a Medicina Tradicional Chinesa se baseia em modelos conceptuais semelhantes aos das medicinas naturalistas da cultura greco-romana, tal como são conhecidos desde os filósofos pré-socráticos e se mantiveram sem alterações na sua essência até ao renascimento. A Medicina Tradicional Chinesa fundamenta-se em conceitos filosóficos que englobam uma força ou corrente vital (o qi), o equilíbrio entre duas forças vitais que se opõem e complementam (o yin e o yang), e na teoria de que todas as coisas são compostas por cinco elementos. Como factores de doença aparecem causas externas, como o vento ou a humidade, e factores internos que produziriam desequilíbrios entre as forças que constituem o universo, desequilíbrios esses que se traduziriam na doença. O papel da medicina seria o de restaurar os equilíbrios perdidos, no quadro de um ser humano visto como inserido num cosmos. O estudo que fizemos sobre o pensamento da antiguidade clássica, a sua influência sobre o exercício da medicina e a forma como ambos perduraram durante séculos na sua essência, quando não mesmo nos seus aspectos acidentais, nas culturas do Ocidente, parecem-nos constituir suporte para a tese de que a medicina tradicional chinesa e as medicinas ocidentais de fundamento naturalista anteriores à modernidade têm muito em comum. Também no Ocidente, a ideia de um sopro vital, embora tomando diversas formas, esteve presente no pensamento clássico, bem como a do equilíbrio entre forças que se opõem e complementam (veja-se Empédocles de Agrigento), e a de um mundo constituído por elementos (normalmente quatro, como também quatro foram depois os humores, mas não nos parece que seja o número que se deva relevar na comparação entre os dois modelos). Ambas as medicinas estão intimamente relacionadas no que respeita à sua visão do ser humano e da sua relação com a natureza e o cosmos. A doença como um desequilíbrio com a natureza e o mundo e a cura como o restabelecer desse equilíbrio são fundamentos também omnipresentes na Medina Ocidental até ao advento da modernidade. Essencialmente, o que parece existir é um aspecto cultural da antiguidade que, em muito semelhante ao que no mesmo período histórico se observava no Ocidente, foi preservado pelas condições históricas da China – uma sociedade que praticamente até ao século XX foi essencialmente rural e dominada por um poder senhorial que dificultava a evolução das ideias. Obviamente que este corolário tem por sua vez implicações múltiplas – que vão desde a questão de quanto o mundo do milénio anterior a Cristo era ou não muito mais global do que pensamos até implicações ao nível da teoria da história. Sobre estes aspectos não tecemos mais do que breves referências.The purpose of this dissertation is to study the possibility of Traditional Chinese Medicine being based on conceptual models similar to those of Greco-Roman natural medicine, as they are known since the pre-Socratic philosophers and remained unchanged in its essence until the renaissance. Traditional Chinese Medicine is based on philosophical concepts that comprise a vital force or current (qi), the balance between two life forces that oppose and complement (yin and yang) and the theory that all things are composed of five elements. As causes of disease there were external factors, such as wind or humidity and internal factors that produce imbalances between the forces that constitute the universe. These imbalances would result in disease. The role of medicine would be to restore the lost balance, considering the human being as part of the cosmos. The survey we conducted on classical antiquity thinking, its influence on the practice of medicine and how both of them have endured for centuries in its essence, seem to provide us support to elaborate a thesis: Traditional Chinese Medicine and western natural medicines prior to modernity have a lot in common. In the West, the idea of a vital breath was also present in classical thinking, in several different ways, as well as the theories of the balance of forces that oppose and complement (see Empedocles of Acragas), and the world being composed of elements (usually four, as there were also four humors then, but we do not think that it is the number that we should overlook when comparing the two models). Both medicines are closely related regarding the vision of human beings and their relation with nature and the cosmos. The disease as an imbalance with nature and the world, and the cure as the restoration of this balance are foundations also omnipresent in Western Medicine until modern times. Essentially, it appears to be a cultural aspect of antiquity, that was very similar to the one observed in the West in the same historical period, that was preserved by the historical conditions of China - a society that virtually until the twentieth century was mostly rural and dominated by a feudal power which hindered the development of intellectual thinking. Obviously, this subject has many implications - ranging from the question of whether the world of the millennium before Christ was much more global than we thought or not, to the implications on the theory of history itself. On these aspects we give no more than some brief references.Universidade da Beira InteriorSilva, Joaquim Manuel Martins dauBibliorumTorres, Lia de Sousa2013-03-11T16:34:49Z2011-062011-06-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/1040porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:36:30Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/1040Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:42:58.941372Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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