O uso de anti-inflamatórios não esteroides nas lesões musculares e ligamentares: Prós e Contras
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2022 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.6/12918 |
Resumo: | Introdução: Os anti-inflamatórios não esteroides são dos medicamentos mais consumidos a nível mundial para alívio sintomático da dor de intensidade leve a moderada, associada a um vasto leque de patologias, desde condições agudas autolimitadas como dismenorreias primárias, até quadros clínicos inflamatórios crónicos como a artrite reumatoide. Uma das suas múltiplas utilizações é em contexto de lesões agudas de tecidos moles, pese embora a evidência científica sobre os seus efeitos seja muito ambígua: se por um lado pode ser útil o uso destes medicamentos para evitar dano tecidual adicional decorrente de uma resposta inflamatória exacerbada, por outro lado a inibição da inflamação pode levar a um atraso ou a uma incorreta regeneração tecidual, com consequências a nível estrutural e funcional das estruturas lesionadas. Objetivos: Esta monografia tem como objetivo fazer uma revisão e análise crítica da literatura existente sobre os efeitos benéficos e prejudiciais do uso dos anti-inflamatórios não esteroides nas lesões agudas do músculo esquelético e dos ligamentos. Métodos: Para a elaboração desta monografia, procedeu-se a uma revisão de artigos indexados nas bases de dados Pubmed e ResearchGate entre setembro de 2020 e junho de 2021 utilizando os termos: "Non-steroidal anti-inflammatory drugs", "NSAIDs", "soft tissue healing"; “muscle injury” e “ligament injury”. A pesquisa foi efetuada sem restrição temporal, mas dando preferência à evidência científica mais recente. Após leitura de 102 abstracts foram escolhidos 42 artigos que mais se adequavam ao objetivo do trabalho. Foram também utilizados outros documentos como Normas de Orientação Clínica emitidas pela DGS e bibliografia relevante nas áreas de farmacologia, ortopedia, medicina desportiva e medicina física e de reabilitação. Resultados: De forma geral, os AINEs são eficazes na diminuição da dor, edema e dano tecidual decorrentes da lesão, permitindo um retorno mais precoce ao nível de atividade física pré-lesão, sendo esses benefícios alcançados através da interferência no processo natural de cicatrização tecidual, o qual pode cursar com consequências a nível estrutural e funcional dos tecidos afetados. Os benefícios dos AINEs na lesão muscular incluem a diminuição da dor muscular (aguda e subaguda), melhoria dos parâmetros funcionais e prevenção de algumas complicações como a miosite ossificante e têm como malefícios a inibição da migração e proliferação das células satélites, com consequências a nível histológico e funcional como aumento da fibrose muscular, diminuição da geração de força e menor contratilidade. Já nos ligamentos, apesar de levar a uma melhoria precoce dos parâmetros biomecânicos, como o aumento de força e síntese de colagénio, há evidência que aponta para o papel dos AINEs em potenciar consequências adversas como instabilidade crónica articular por aumento da laxidão da articulação. Conclusão: A literatura analisada é consensual ao afirmar que os efeitos benéficos que os AINEs possuem nos primeiros dias após a lesão são anulados pelas consequências que estes fármacos podem apresentar a médio-longo prazo. De forma geral, a primeira linha farmacológica para alívio da dor deve recair sobre um analgésico simples como o paracetamol, evitando o uso de AINEs dado os efeitos adversos que têm no processo regenerativo. Se o contexto clínico o justificar, os AINEs devem ser prescritos na menor dose eficaz e pelo menor período temporal possível. |
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O uso de anti-inflamatórios não esteroides nas lesões musculares e ligamentares: Prós e ContrasAinesAnti-Inflamatórios Não EsteroidesCicatrização TecidualLesão LigamentarLesão MuscularDomínio/Área Científica::Ciências Médicas::Ciências da Saúde::MedicinaIntrodução: Os anti-inflamatórios não esteroides são dos medicamentos mais consumidos a nível mundial para alívio sintomático da dor de intensidade leve a moderada, associada a um vasto leque de patologias, desde condições agudas autolimitadas como dismenorreias primárias, até quadros clínicos inflamatórios crónicos como a artrite reumatoide. Uma das suas múltiplas utilizações é em contexto de lesões agudas de tecidos moles, pese embora a evidência científica sobre os seus efeitos seja muito ambígua: se por um lado pode ser útil o uso destes medicamentos para evitar dano tecidual adicional decorrente de uma resposta inflamatória exacerbada, por outro lado a inibição da inflamação pode levar a um atraso ou a uma incorreta regeneração tecidual, com consequências a nível estrutural e funcional das estruturas lesionadas. Objetivos: Esta monografia tem como objetivo fazer uma revisão e análise crítica da literatura existente sobre os efeitos benéficos e prejudiciais do uso dos anti-inflamatórios não esteroides nas lesões agudas do músculo esquelético e dos ligamentos. Métodos: Para a elaboração desta monografia, procedeu-se a uma revisão de artigos indexados nas bases de dados Pubmed e ResearchGate entre setembro de 2020 e junho de 2021 utilizando os termos: "Non-steroidal anti-inflammatory drugs", "NSAIDs", "soft tissue healing"; “muscle injury” e “ligament injury”. A pesquisa foi efetuada sem restrição temporal, mas dando preferência à evidência científica mais recente. Após leitura de 102 abstracts foram escolhidos 42 artigos que mais se adequavam ao objetivo do trabalho. Foram também utilizados outros documentos como Normas de Orientação Clínica emitidas pela DGS e bibliografia relevante nas áreas de farmacologia, ortopedia, medicina desportiva e medicina física e de reabilitação. Resultados: De forma geral, os AINEs são eficazes na diminuição da dor, edema e dano tecidual decorrentes da lesão, permitindo um retorno mais precoce ao nível de atividade física pré-lesão, sendo esses benefícios alcançados através da interferência no processo natural de cicatrização tecidual, o qual pode cursar com consequências a nível estrutural e funcional dos tecidos afetados. Os benefícios dos AINEs na lesão muscular incluem a diminuição da dor muscular (aguda e subaguda), melhoria dos parâmetros funcionais e prevenção de algumas complicações como a miosite ossificante e têm como malefícios a inibição da migração e proliferação das células satélites, com consequências a nível histológico e funcional como aumento da fibrose muscular, diminuição da geração de força e menor contratilidade. Já nos ligamentos, apesar de levar a uma melhoria precoce dos parâmetros biomecânicos, como o aumento de força e síntese de colagénio, há evidência que aponta para o papel dos AINEs em potenciar consequências adversas como instabilidade crónica articular por aumento da laxidão da articulação. Conclusão: A literatura analisada é consensual ao afirmar que os efeitos benéficos que os AINEs possuem nos primeiros dias após a lesão são anulados pelas consequências que estes fármacos podem apresentar a médio-longo prazo. De forma geral, a primeira linha farmacológica para alívio da dor deve recair sobre um analgésico simples como o paracetamol, evitando o uso de AINEs dado os efeitos adversos que têm no processo regenerativo. Se o contexto clínico o justificar, os AINEs devem ser prescritos na menor dose eficaz e pelo menor período temporal possível.Introduction: Non-steroidal anti-inflammatory drugs are among the most widely used drugs worldwide for symptomatic relief of mild to moderate pain associated with a wide range of pathologies, from acute self-limiting conditions such as primary dysmenorrhea to chronic inflammatory conditions such as rheumatoid arthritis. One of their multiple uses is in the context of acute soft tissue injuries, although the scientific evidence on their effects on soft tissues is very ambiguous: on the one hand, the use of these drugs can be useful to avoid additional tissue damage. On the other hand, the inhibition of inflammation can lead to a delay or to an incorrect tissue regeneration with consequences at the structural and functional level of the injured structures. Objectives: The aim of this dissertation is to review and perform a critical analysis of the available scientific evidence regarding the advantages and disadvantages of the use of non steroidal anti-inflammatory drugs in acute muscle and ligament injuries. Methods: A bibliographic research was conducted in PubMed and ResearchGate databases between September 2020 and June 2021 using the following keywords: "Nonsteroidal anti-inflammatory drugs", “NSAIDs” "soft tissue healing", "muscle injury” e “ligament injury”. The research was carried out with no time restriction but giving preference to the most recent scientific evidence. After reading of 102 abstracts, 42 articles were chosen that best suited the objective of the present work. Other documents such as Clinical Guidance Norms issued by the portuguese Directorate General of Health and relevant bibliography in the areas of pharmacology, orthopedics, sports medicine and physical medicine and rehabilitation were also used. Results: In general, NSAIDs are effective in reducing pain, swelling and tissue damage resulting from injury, allowing an earlier return to the pre-injury level of physical activity. Nonetheless, these benefits are achieved through interference in the natural process of tissue healing that can occur with consequences at the structural and functional level of the affected tissues. The benefits of NSAIDs in muscle damage include the reduction of muscle pain (early and DOMS), improvement of functional parameters and prevention of some complications such as myositis ossificans. Some of the negative outcomes are the inhibition of migration and proliferation of satellite cells and increased muscle fibrosis with consequences at histological and functional levels such as decreased force generation and lower contractility. In ligaments, despite leading to an early improvement in biomechanical parameters such as increased strength and collagen synthesis, there is evidence that points to the role of NSAIDs in adverse outcomes such as chronic joint instability due to increased joint laxity. Conclusion: The literature analyzed is consensual in stating that the beneficial effects that NSAIDs have in the first days after the injury are nullified by the consequences that these drugs can have in the medium to long term. In general, the drug of choice for pain relief should be a simple analgesic such as paracetamol, avoiding the use of NSAIDs given the adverse effects they have on the regenerative process. If there is a clinical criterion for their, NSAIDs should be prescribed at the lowest effective dose and for the shortest period of time.Barata, José Luís Ribeiro ThemudouBibliorumNeves, Luís Miguel Pereira das2023-02-17T15:32:36Z2022-06-082022-04-282022-06-08T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.6/12918TID:203183029porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-15T09:56:18Zoai:ubibliorum.ubi.pt:10400.6/12918Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:52:25.127740Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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