Economia com Compromisso - Ensaios em Memória de José Dias Sena

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Branco, Manuel Couret
Data de Publicação: 2006
Outros Autores: Carvalho, Maria Leonor da Silva, Rego, Maria da Conceição, Galego, Maria Aurora, Mira, Natércia, Henriques, Pedro Damião de Sousa, Fragoso, Rui, Lucas, Maria Raquel Ventura, Pinheiro, António C., Vieira, Carlos, Vieira, Isabel, Caetano, José Manuel, Costa, Sofia, Sousa, Miguel Rocha de, Vidigal da Silva, Jacinto, Guerreiro, Gertrudes, Carvalho, Adão, Sarkar, Soumodip, Carvalho, Luísa, Sousa, António João de, Jorge, Fátima, Pereira, Gabriela Moreira, Cunha, Silvério da Rocha, Rosa, Agostinho S., Casas Novas, Jorge Luís, Caleiro, António
Tipo de documento: Livro
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10174/3006
Resumo: A expressão grega oikos nomos que deu origem à palavra economia significa a ordem, a regra da casa. Ora a ideia de casa, mesmo na sua interpretação mais restritiva, pressupõe sempre algo mais do que uma simples soma de indivíduos que partilham um mesmo tecto, significa também, e sobretudo, uma partilha de valores. Uma economia ocupada apenas com o destino mais eficaz a dar aos meios de que dispõe não parece, com efeito, descrever o conjunto de desafios que se colocam à humanamente natural busca da vida boa. Assim, faz todo o sentido do mundo uma visão mais lata da ciência económica inspirada, por exemplo, na tripartição clássica da ciência proposta por John Neville Keynes, segundo a qual esta pode ser dividida em ciência positiva, corpo de saber sistematizado que diz respeito ao que é; ciência normativa ou reguladora, corpo de saber sistematizado que discute os critérios do que deveria ser; e arte, sistema de regras para a obtenção de um dado fim. A ciência, e portanto, a ciência económica está intrinsecamente ligada aos valores e à determinação dos objectivos a atingir. É, pois, Económico este aspecto da conduta humana, individual ou colectiva, segundo o qual, na presença de uma escolha entre meios limitados, se procura alcançar o melhor objectivo, o que supõe a definição em cada momento das noções de custo, de risco ou de valor das finalidades. Mas, do mesmo modo, é Económico também, este aspecto duma organização das relações de produção e de distribuição do produto no seio de uma sociedade que tende para a satisfação de um certo ideal, o que supõe a definição em cada momento das noções de bem comum, de progresso ou de custo humano. De facto o progresso económico não é algo que se constate, dito de outro não é uma realidade anterior à observação humana. É antes o produto da observação humana. Por essa razão é inevitável que misturados com essa observação se encontrem vestígios daquilo que nós somos, daquilo em que acreditamos. Não é drama nenhum que assim seja, é tão só uma inevitabilidade. A mudança pode-se constatar de forma neutra, porque as coisas podem mudar em várias direcções, para melhor como para pior. É, portanto, possível constatar a mudança sem o recurso à emissão de qualquer juízo de valor. O progresso, pelo contrário, está profundamente associado a um juízo de valor, pois a mudança que se pretende só fará sentido se, neste caso, for para melhor. O progresso, o desenvolvimento, e mesmo o simples crescimento, são pois, na sua essência, juízos de valor. É certamente possível fazer economia sem emitir juízos de valor, grandes trabalhos foram produzidos, de facto, sem que neles se possa detectar o mínimo rasto de um qualquer juízo de valor. Mas valerá a pena gastar assim tanta energia, aplicar tanto conhecimento, em fazer economia apenas e sempre assim. Sílvio Funtowicz, investigador do "Joint Research Center" da Comissão Europeia afirmou numa conferência, em Lisboa, que existe um fosso entre a Ciência e as pessoas, querendo com isto dizer que a investigação científica, e no seio desta a que é realizada pela economia e pela gestão, está longe de, na sua essência, se preocupar com as necessidades das referidas pessoas. Ora, a casa cuja regra é o estudo da economia em sentido lato, resume-se ao fim e ao cabo às pessoas que nela convivem. Assim, fazer economia é assumir uma obrigação, um contrato com as pessoas. Foi com este propósito de aproximação do conhecimento científico produzido na nossa escola aos anseios da população em geral, sendo estes assumidos em toda a sua pluralidade, que se reuniu num volume este conjunto de contribuições. Com elas, os seus autores assumiam, um a um, o seu compromisso com essa ideia e a obra intitulou-se naturalmente "Economia com Compromisso". A ideia deste livro nasceu durante o ano de 2004 a partir de uma iniciativa do Departamento de Economia com o intuito de, no ano em que o curso de licenciatura em Economia da Universidade de Évora festejava os seus vinte e cinco anos de existência, homenagear José Dias Sena, docente deste Departamento de 10 de Dezembro de 1981 até à sua morte em 9 de Junho de 1994. José Dias Sena ao longo da sua vida profissional conjugou justamente, dia após dia, o esforço e o rigor da produção científica e pedagógica com a dedicação às causas da cidadania, assumindo assim, na prática, o exercício duma economia com compromisso. Este livro pretende também divulgar o trabalho específico que a Área Departamental de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade de Évora tem vindo a realizar, e transmitir numa linguagem o mais possível desprovida dos ornamentos da comunicação corporativa, os caminhos para uma existência melhor e mais digna. Ao fazê-lo, este livro deseja também contribuir para levantar o manto de tristeza que alguns acreditavam cobrir a economia, e revelar a existência de uma ciência luminosa e obstinada na perseguição da felicidade.
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Assim, faz todo o sentido do mundo uma visão mais lata da ciência económica inspirada, por exemplo, na tripartição clássica da ciência proposta por John Neville Keynes, segundo a qual esta pode ser dividida em ciência positiva, corpo de saber sistematizado que diz respeito ao que é; ciência normativa ou reguladora, corpo de saber sistematizado que discute os critérios do que deveria ser; e arte, sistema de regras para a obtenção de um dado fim. A ciência, e portanto, a ciência económica está intrinsecamente ligada aos valores e à determinação dos objectivos a atingir. É, pois, Económico este aspecto da conduta humana, individual ou colectiva, segundo o qual, na presença de uma escolha entre meios limitados, se procura alcançar o melhor objectivo, o que supõe a definição em cada momento das noções de custo, de risco ou de valor das finalidades. Mas, do mesmo modo, é Económico também, este aspecto duma organização das relações de produção e de distribuição do produto no seio de uma sociedade que tende para a satisfação de um certo ideal, o que supõe a definição em cada momento das noções de bem comum, de progresso ou de custo humano. De facto o progresso económico não é algo que se constate, dito de outro não é uma realidade anterior à observação humana. É antes o produto da observação humana. Por essa razão é inevitável que misturados com essa observação se encontrem vestígios daquilo que nós somos, daquilo em que acreditamos. Não é drama nenhum que assim seja, é tão só uma inevitabilidade. A mudança pode-se constatar de forma neutra, porque as coisas podem mudar em várias direcções, para melhor como para pior. É, portanto, possível constatar a mudança sem o recurso à emissão de qualquer juízo de valor. O progresso, pelo contrário, está profundamente associado a um juízo de valor, pois a mudança que se pretende só fará sentido se, neste caso, for para melhor. O progresso, o desenvolvimento, e mesmo o simples crescimento, são pois, na sua essência, juízos de valor. É certamente possível fazer economia sem emitir juízos de valor, grandes trabalhos foram produzidos, de facto, sem que neles se possa detectar o mínimo rasto de um qualquer juízo de valor. Mas valerá a pena gastar assim tanta energia, aplicar tanto conhecimento, em fazer economia apenas e sempre assim. Sílvio Funtowicz, investigador do "Joint Research Center" da Comissão Europeia afirmou numa conferência, em Lisboa, que existe um fosso entre a Ciência e as pessoas, querendo com isto dizer que a investigação científica, e no seio desta a que é realizada pela economia e pela gestão, está longe de, na sua essência, se preocupar com as necessidades das referidas pessoas. Ora, a casa cuja regra é o estudo da economia em sentido lato, resume-se ao fim e ao cabo às pessoas que nela convivem. Assim, fazer economia é assumir uma obrigação, um contrato com as pessoas. Foi com este propósito de aproximação do conhecimento científico produzido na nossa escola aos anseios da população em geral, sendo estes assumidos em toda a sua pluralidade, que se reuniu num volume este conjunto de contribuições. Com elas, os seus autores assumiam, um a um, o seu compromisso com essa ideia e a obra intitulou-se naturalmente "Economia com Compromisso". A ideia deste livro nasceu durante o ano de 2004 a partir de uma iniciativa do Departamento de Economia com o intuito de, no ano em que o curso de licenciatura em Economia da Universidade de Évora festejava os seus vinte e cinco anos de existência, homenagear José Dias Sena, docente deste Departamento de 10 de Dezembro de 1981 até à sua morte em 9 de Junho de 1994. José Dias Sena ao longo da sua vida profissional conjugou justamente, dia após dia, o esforço e o rigor da produção científica e pedagógica com a dedicação às causas da cidadania, assumindo assim, na prática, o exercício duma economia com compromisso. Este livro pretende também divulgar o trabalho específico que a Área Departamental de Ciências Económicas e Empresariais da Universidade de Évora tem vindo a realizar, e transmitir numa linguagem o mais possível desprovida dos ornamentos da comunicação corporativa, os caminhos para uma existência melhor e mais digna. Ao fazê-lo, este livro deseja também contribuir para levantar o manto de tristeza que alguns acreditavam cobrir a economia, e revelar a existência de uma ciência luminosa e obstinada na perseguição da felicidade.CEFAG e Universidade de Évora2012-01-04T17:27:42Z2012-01-042006-06-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/bookhttp://hdl.handle.net/10174/3006http://hdl.handle.net/10174/3006porBranco M. C., M.L.S.Carvalho, M.C.Rego, eds.(2006), Economia com compromisso-Ensaios em memória de José Dias Sena, Évora, CEFAG e Universidade de Évora (ISBN: I972-778-092-X )Évora972-778-092-X355naosimCEFAGE; Departamento de Gestão; Departamento de Economia; ICAAMmbranco@uevora.ptleonor@uevora.ptmcpr@uevora.ptagalego@uevora.ptnmira@uevora.ptpdamiao@uevora.ptrfragoso@uevora.ptmrlucas@uevora.ptacap@uevora.ptcvieira@uevora.ptimpvv@uevora.ptjcaetano@uevora.ptndmrsousa@uevora.ptjsilva@uevora.ptgdsg@uevora.ptacarvalho@uevora.ptssarkar@uevora.ptndajcs@uevora.ptmfj@uevora.ptndscrc@uevora.ptarosa@uevora.ptjlnovas@uevora.ptacaleiro@uevora.pt650Branco, Manuel CouretCarvalho, Maria Leonor da SilvaRego, Maria da ConceiçãoGalego, Maria AuroraMira, NatérciaHenriques, Pedro Damião de SousaFragoso, RuiLucas, Maria Raquel VenturaPinheiro, António C.Vieira, CarlosVieira, IsabelCaetano, José ManuelCosta, SofiaSousa, Miguel Rocha deVidigal da Silva, JacintoGuerreiro, GertrudesCarvalho, AdãoSarkar, SoumodipCarvalho, LuísaSousa, António João deJorge, FátimaPereira, Gabriela MoreiraCunha, Silvério da RochaRosa, Agostinho S.Casas Novas, Jorge LuísCaleiro, Antónioinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-01-03T18:39:42Zoai:dspace.uevora.pt:10174/3006Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-20T00:58:29.819048Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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