Potencial dermocosmético da macroalga Carpomitra costata
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2021 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10400.8/5528 |
Resumo: | O crescente interesse da população por uma aparência jovem e uma pele saudável, sobretudo em sociedades desenvolvidas, tem conduzido a um elevado crescimento da indústria cosmética. Um dos focos desta indústria é a busca de novos ingredientes naturais com uma ampla gama de bioatividades, com propriedades antienvelhecimento, antioxidantes, anti-inflamatórias, antimicrobianas, fotoprotetoras, entre outras, a fim de produzir novos produtos para responder à crescente procura por formulações de origem natural, face ao conhecimento sobre os perigos de alguns ingredientes sintéticos. Neste sentido, as macroalgas são apontadas como fortes candidatas, dada a sua capacidade para biossintetizar compostos com caraterísticas estruturais únicas e de elevado potencial biológico. Deste modo, o objetivo desta dissertação de mestrado consistiu em avaliar o potencial dermocosmético da macroalga castanha Carpomitra costata, recolhida na costa de Peniche, Portugal. A amostra liofilizada de C. costata foi extraída com etanol: água (70:30) sendo o extrato total seco submetido a uma partição líquido-líquido, de onde resultaram cinco frações distintas (F1 – F5). O perfil químico destas frações foi analisado por espetroscopia ultravioleta-visível (UV-Vis) e ressonância magnética nuclear (RMN), recorrendo-se a diversos ensaios in vitro para avaliar o seu potencial dermatológico, nomeadamente, a sua capacidade: i) antioxidante (quantificação total de compostos fenólicos (QTP), redução do radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazilo (DPPH), capacidade de redução do Fe (III) (FRAP) e capacidade de absorção dos radicais livres de oxigénio (ORAC)); ii) antienzimática (colagenase, hialuronidase, elastase e tirosinase), iii) antimicrobiana (Staphylococcus epidermidis, Cutibacterium acnes, Malassezia furfur), iv) fotoprotetora (produção de espécies reativas de oxigénio (ROS)); e v) anti-inflamatória (produção de óxido nítrico (NO), fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-10 (IL-10)). A fração de acetato de etilo (F3) demonstrou um elevado potencial antioxidante, com a maior capacidade de redução do radical DPPH (EC50 de 140,1 μg/mL) e os valores mais elevados de FRAP (474,6 ± 50,1 μM FeSO4/g) e ORAC (2082,4 ± 179,3 μM TE/g), bem como o maior teor de compostos fenólicos (321,3 ± 20,7 mg PE/g extrato). Em relação à atividade antienzimática, esta fração demonstrou igualmente o maior potencial, inibindo as atividades das enzimas colagenase (IC50 de 7,2 μg/mL), elastase (IC50 de 4,8 μg/mL) e tirosinase (IC50 de 85,9 μg/mL). Por sua vez, as frações F1 (IC50 de 47,2 μg/mL), F2 (IC50 de 46,2 μg/mL) e F5 (IC50 de 48,1 μg/mL) revelaram o maior potencial de inibição da enzima hialuronidase. Quanto à atividade antimicrobiana, a fração F3, apesar de não ser a mais eficaz, reduziu significativamente o crescimento de S. epidermidis e M. furfur, 24,1 ± 3,1% e 21,0 ± 4,4%, respetivamente. Contudo, a fração com maior atividade antimicrobiana foi a fração F5, inibindo o crescimento de S. epidermidis (IC50 de 72,0 μg/mL) e C. acnes (IC50 de 46,3 μg/mL). As frações F1 (IC50 de 141,4 μg/mL) e F2 (IC50 de 45,9 μg/mL) também demonstraram eficácia na inibição de C. acnes. De modo a avaliar a capacidade fotoprotetora das frações de C. costata, foi selecionada a concentração que não induziu citotoxicidade (10 μg/mL) nos fibroblastos 3T3. A esta concentração, todas as frações reduziram significativamente a produção de ROS induzida pela exposição à radiação UV, no entanto, o efeito mais marcado foi evidenciado pelas frações F2 e F3, as quais reduziram a produção de ROS em 33,1% e 32,9%, respetivamente. Relativamente às propriedades anti-inflamatórias, foi realizado previamente um ensaio de citotoxicidade em macrófagos. À concentração de 20 μg/mL, nenhuma das frações de C. costata reduziu a viabilidade celular, sendo esta a concentração utilizada na avaliação da atividade anti-inflamatória. Nenhuma das frações demonstrou estimular a produção de óxido nítrico (NO). Contudo, quando as células RAW 264.7 foram expostas a uma condição de inflamação induzida através do tratamento com lipopolissacarídeos (LPS), verificou-se um aumento dos níveis de NO, TNF-α e IL-6. Nenhuma das frações demonstrou capacidade para reduzir os níveis de NO, no entanto, algumas frações reduziram significativamente os níveis de outros mediadores inflamatórios estudados, nomeadamente TNF-α e IL-6. No que respeita ao TNF-α, todas as frações mostraram eficácia na redução dos níveis desta citocina, contudo, as frações F2 e F5 revelaram o maior potencial, reduzindo os seus níveis para 145,5 ± 29,8% e 136,8 ± 21,7%, respetivamente, em relação ao tratamento com LPS (564,2 ± 54,9%). Quanto à IL-6, todas as frações reduziram significativamente os seus níveis, sendo a fração F2 a que apresentou o efeito mais marcado, reduzindo os seus níveis de 327,5 ± 34,4% para 106,7 ± 2,0%. Por último, nenhuma das frações demonstrou capacidade em estimular a produção da citocina anti-inflamatória IL-10. A análise do espetro de RMN da fração com maior potencial bioativo (F3) evidenciou sinais caraterísticos de polifenóis (florotaninos), os quais poderão estar associados às bioatividades observadas. Em suma, os resultados obtidos destacam a macroalga C. costata como uma fonte de ingredientes bioativos para potenciais aplicações dermatológicas, através da sua incorporação em diferentes formulações tópicas com propriedades antioxidantes, fotoprotetoras, antienvelhecimento, antimicrobianas e anti-inflamatórias. |
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Neste sentido, as macroalgas são apontadas como fortes candidatas, dada a sua capacidade para biossintetizar compostos com caraterísticas estruturais únicas e de elevado potencial biológico. Deste modo, o objetivo desta dissertação de mestrado consistiu em avaliar o potencial dermocosmético da macroalga castanha Carpomitra costata, recolhida na costa de Peniche, Portugal. A amostra liofilizada de C. costata foi extraída com etanol: água (70:30) sendo o extrato total seco submetido a uma partição líquido-líquido, de onde resultaram cinco frações distintas (F1 – F5). O perfil químico destas frações foi analisado por espetroscopia ultravioleta-visível (UV-Vis) e ressonância magnética nuclear (RMN), recorrendo-se a diversos ensaios in vitro para avaliar o seu potencial dermatológico, nomeadamente, a sua capacidade: i) antioxidante (quantificação total de compostos fenólicos (QTP), redução do radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazilo (DPPH), capacidade de redução do Fe (III) (FRAP) e capacidade de absorção dos radicais livres de oxigénio (ORAC)); ii) antienzimática (colagenase, hialuronidase, elastase e tirosinase), iii) antimicrobiana (Staphylococcus epidermidis, Cutibacterium acnes, Malassezia furfur), iv) fotoprotetora (produção de espécies reativas de oxigénio (ROS)); e v) anti-inflamatória (produção de óxido nítrico (NO), fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-10 (IL-10)). A fração de acetato de etilo (F3) demonstrou um elevado potencial antioxidante, com a maior capacidade de redução do radical DPPH (EC50 de 140,1 μg/mL) e os valores mais elevados de FRAP (474,6 ± 50,1 μM FeSO4/g) e ORAC (2082,4 ± 179,3 μM TE/g), bem como o maior teor de compostos fenólicos (321,3 ± 20,7 mg PE/g extrato). Em relação à atividade antienzimática, esta fração demonstrou igualmente o maior potencial, inibindo as atividades das enzimas colagenase (IC50 de 7,2 μg/mL), elastase (IC50 de 4,8 μg/mL) e tirosinase (IC50 de 85,9 μg/mL). Por sua vez, as frações F1 (IC50 de 47,2 μg/mL), F2 (IC50 de 46,2 μg/mL) e F5 (IC50 de 48,1 μg/mL) revelaram o maior potencial de inibição da enzima hialuronidase. Quanto à atividade antimicrobiana, a fração F3, apesar de não ser a mais eficaz, reduziu significativamente o crescimento de S. epidermidis e M. furfur, 24,1 ± 3,1% e 21,0 ± 4,4%, respetivamente. Contudo, a fração com maior atividade antimicrobiana foi a fração F5, inibindo o crescimento de S. epidermidis (IC50 de 72,0 μg/mL) e C. acnes (IC50 de 46,3 μg/mL). As frações F1 (IC50 de 141,4 μg/mL) e F2 (IC50 de 45,9 μg/mL) também demonstraram eficácia na inibição de C. acnes. De modo a avaliar a capacidade fotoprotetora das frações de C. costata, foi selecionada a concentração que não induziu citotoxicidade (10 μg/mL) nos fibroblastos 3T3. A esta concentração, todas as frações reduziram significativamente a produção de ROS induzida pela exposição à radiação UV, no entanto, o efeito mais marcado foi evidenciado pelas frações F2 e F3, as quais reduziram a produção de ROS em 33,1% e 32,9%, respetivamente. Relativamente às propriedades anti-inflamatórias, foi realizado previamente um ensaio de citotoxicidade em macrófagos. À concentração de 20 μg/mL, nenhuma das frações de C. costata reduziu a viabilidade celular, sendo esta a concentração utilizada na avaliação da atividade anti-inflamatória. Nenhuma das frações demonstrou estimular a produção de óxido nítrico (NO). Contudo, quando as células RAW 264.7 foram expostas a uma condição de inflamação induzida através do tratamento com lipopolissacarídeos (LPS), verificou-se um aumento dos níveis de NO, TNF-α e IL-6. Nenhuma das frações demonstrou capacidade para reduzir os níveis de NO, no entanto, algumas frações reduziram significativamente os níveis de outros mediadores inflamatórios estudados, nomeadamente TNF-α e IL-6. No que respeita ao TNF-α, todas as frações mostraram eficácia na redução dos níveis desta citocina, contudo, as frações F2 e F5 revelaram o maior potencial, reduzindo os seus níveis para 145,5 ± 29,8% e 136,8 ± 21,7%, respetivamente, em relação ao tratamento com LPS (564,2 ± 54,9%). Quanto à IL-6, todas as frações reduziram significativamente os seus níveis, sendo a fração F2 a que apresentou o efeito mais marcado, reduzindo os seus níveis de 327,5 ± 34,4% para 106,7 ± 2,0%. Por último, nenhuma das frações demonstrou capacidade em estimular a produção da citocina anti-inflamatória IL-10. A análise do espetro de RMN da fração com maior potencial bioativo (F3) evidenciou sinais caraterísticos de polifenóis (florotaninos), os quais poderão estar associados às bioatividades observadas. Em suma, os resultados obtidos destacam a macroalga C. costata como uma fonte de ingredientes bioativos para potenciais aplicações dermatológicas, através da sua incorporação em diferentes formulações tópicas com propriedades antioxidantes, fotoprotetoras, antienvelhecimento, antimicrobianas e anti-inflamatórias.Pedrosa, Rui Filipe PintoAlves, Celso Miguel da MaiaMartins, Alice Isabel MendesIC-OnlineSusano, Patrícia Frederico2022-03-18T01:30:18Z2021-03-182021-03-18T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10400.8/5528TID:202678326porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2024-09-26T18:19:03Zoai:iconline.ipleiria.pt:10400.8/5528Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openairemluisa.alvim@gmail.comopendoar:71602024-09-26T18:19:03Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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A amostra liofilizada de C. costata foi extraída com etanol: água (70:30) sendo o extrato total seco submetido a uma partição líquido-líquido, de onde resultaram cinco frações distintas (F1 – F5). O perfil químico destas frações foi analisado por espetroscopia ultravioleta-visível (UV-Vis) e ressonância magnética nuclear (RMN), recorrendo-se a diversos ensaios in vitro para avaliar o seu potencial dermatológico, nomeadamente, a sua capacidade: i) antioxidante (quantificação total de compostos fenólicos (QTP), redução do radical 2,2-difenil-1-picrilhidrazilo (DPPH), capacidade de redução do Fe (III) (FRAP) e capacidade de absorção dos radicais livres de oxigénio (ORAC)); ii) antienzimática (colagenase, hialuronidase, elastase e tirosinase), iii) antimicrobiana (Staphylococcus epidermidis, Cutibacterium acnes, Malassezia furfur), iv) fotoprotetora (produção de espécies reativas de oxigénio (ROS)); e v) anti-inflamatória (produção de óxido nítrico (NO), fator de necrose tumoral (TNF-α), interleucina-6 (IL-6) e interleucina-10 (IL-10)). A fração de acetato de etilo (F3) demonstrou um elevado potencial antioxidante, com a maior capacidade de redução do radical DPPH (EC50 de 140,1 μg/mL) e os valores mais elevados de FRAP (474,6 ± 50,1 μM FeSO4/g) e ORAC (2082,4 ± 179,3 μM TE/g), bem como o maior teor de compostos fenólicos (321,3 ± 20,7 mg PE/g extrato). Em relação à atividade antienzimática, esta fração demonstrou igualmente o maior potencial, inibindo as atividades das enzimas colagenase (IC50 de 7,2 μg/mL), elastase (IC50 de 4,8 μg/mL) e tirosinase (IC50 de 85,9 μg/mL). Por sua vez, as frações F1 (IC50 de 47,2 μg/mL), F2 (IC50 de 46,2 μg/mL) e F5 (IC50 de 48,1 μg/mL) revelaram o maior potencial de inibição da enzima hialuronidase. Quanto à atividade antimicrobiana, a fração F3, apesar de não ser a mais eficaz, reduziu significativamente o crescimento de S. epidermidis e M. furfur, 24,1 ± 3,1% e 21,0 ± 4,4%, respetivamente. Contudo, a fração com maior atividade antimicrobiana foi a fração F5, inibindo o crescimento de S. epidermidis (IC50 de 72,0 μg/mL) e C. acnes (IC50 de 46,3 μg/mL). As frações F1 (IC50 de 141,4 μg/mL) e F2 (IC50 de 45,9 μg/mL) também demonstraram eficácia na inibição de C. acnes. De modo a avaliar a capacidade fotoprotetora das frações de C. costata, foi selecionada a concentração que não induziu citotoxicidade (10 μg/mL) nos fibroblastos 3T3. A esta concentração, todas as frações reduziram significativamente a produção de ROS induzida pela exposição à radiação UV, no entanto, o efeito mais marcado foi evidenciado pelas frações F2 e F3, as quais reduziram a produção de ROS em 33,1% e 32,9%, respetivamente. Relativamente às propriedades anti-inflamatórias, foi realizado previamente um ensaio de citotoxicidade em macrófagos. À concentração de 20 μg/mL, nenhuma das frações de C. costata reduziu a viabilidade celular, sendo esta a concentração utilizada na avaliação da atividade anti-inflamatória. Nenhuma das frações demonstrou estimular a produção de óxido nítrico (NO). Contudo, quando as células RAW 264.7 foram expostas a uma condição de inflamação induzida através do tratamento com lipopolissacarídeos (LPS), verificou-se um aumento dos níveis de NO, TNF-α e IL-6. Nenhuma das frações demonstrou capacidade para reduzir os níveis de NO, no entanto, algumas frações reduziram significativamente os níveis de outros mediadores inflamatórios estudados, nomeadamente TNF-α e IL-6. No que respeita ao TNF-α, todas as frações mostraram eficácia na redução dos níveis desta citocina, contudo, as frações F2 e F5 revelaram o maior potencial, reduzindo os seus níveis para 145,5 ± 29,8% e 136,8 ± 21,7%, respetivamente, em relação ao tratamento com LPS (564,2 ± 54,9%). 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