Arte e arquivo: a emergência do arquivo nas obras de arte contemporânea (1960-2017)

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Dias, Rita da Silva Santos de Neves
Data de Publicação: 2021
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: http://hdl.handle.net/10451/51102
Resumo: Esta dissertação assume o título Arte e Arquivo: A emergência do arquivo nas obras de arte contemporânea (1960-2017) e traduz uma proposta de reflexão e debate sobre o uso do arquivo nas obras de arte portuguesas. A arte contemporânea apresenta-se como um lugar de encontro, de criação de novas possibilidades sobre o valor da arte, e é a partir deste encontro e desencontro que vão sendo disponibilizadas novas formas de perceber e sentir que abrem a arte ao mundo. O presente estudo está dependente de uma fundamentação teórica e histórica que procuraremos desenvolver, de forma a elaborar uma narrativa constante e fundamentada sobre a questão da emergência do arquivo nas obras de arte contemporânea. A abordagem para a noção de arquivo que traçaremos não se centra na sua definição mais prosaica de uma massa amorfa de documentos dispostos em um qualquer lugar poeirento. Pretendemos sugerir um olhar dialético com base na metodologia arqueológica de Michel Foucault, sustentada pela doutrina de Jacques Derrida acerca do mal d’archive, o seu exercício de repetição, compulsão, reformatação e, em alguns casos, destruição do arquivo. Os arquivos retêm em si um mecanismo de hegemonia e de existência. Ambos refletem e constituem relações de poder, que são o efeito da necessidade de informação da sociedade o que revela a importância que lhes é concedida. Nas sociedades contemporâneas, onde a necessidade de arquivo é absoluta e patológica, é imperativo primordial uma reconsideração sobre as relações das sociedades com o arquivo, uma vez que é no âmago desse relacionamento que se posicionam os poderes. Com a crescente heterogeneidade do avanço das novas tecnologias, não são apenas as práticas de manutenção do arquivo que se transformaram, mas também os arquivos como instituições de memória e lembrança. O retorno ao arquivo está inúmeras vezes relacionado com a luta contra a amnésia e a anomia. Uma necessidade imanente de urgência em lembrar e celebrar nas sociedades, onde os códigos sociais têm sido historicamente reprimidos pelo Estado, criando circunstâncias que levam à intensa coletivização da memória e de exercícios de melancolia em massa. A explosão tecnológica que nos atinge, torna hoje possível, que cada um de nós construa o seu próprio mundo, as suas próprias memórias e lembranças. Confiamos a nossa capacidade de lembrar e de criar memórias a um núcleo, que de dia para dia, se torna obsoleto e que em nós próprios se torna difícil manter com exatidão. A questão que ocorre é a de que como, nos dias de hoje, iremos entender o mundo, quando as nossas memórias e lembranças estão em plena dependência. A partir de considerações sobre a quebra da narrativa da modernidade e a sua recuperação relançada pela mão de artistas que trabalham o arquivo, que criam arquivo, problematizam e debatem o seu fundamento, será construída uma genealogia de obras de arte nacionais em sincronia com a anatomia do arquivo.
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O presente estudo está dependente de uma fundamentação teórica e histórica que procuraremos desenvolver, de forma a elaborar uma narrativa constante e fundamentada sobre a questão da emergência do arquivo nas obras de arte contemporânea. A abordagem para a noção de arquivo que traçaremos não se centra na sua definição mais prosaica de uma massa amorfa de documentos dispostos em um qualquer lugar poeirento. Pretendemos sugerir um olhar dialético com base na metodologia arqueológica de Michel Foucault, sustentada pela doutrina de Jacques Derrida acerca do mal d’archive, o seu exercício de repetição, compulsão, reformatação e, em alguns casos, destruição do arquivo. Os arquivos retêm em si um mecanismo de hegemonia e de existência. Ambos refletem e constituem relações de poder, que são o efeito da necessidade de informação da sociedade o que revela a importância que lhes é concedida. Nas sociedades contemporâneas, onde a necessidade de arquivo é absoluta e patológica, é imperativo primordial uma reconsideração sobre as relações das sociedades com o arquivo, uma vez que é no âmago desse relacionamento que se posicionam os poderes. Com a crescente heterogeneidade do avanço das novas tecnologias, não são apenas as práticas de manutenção do arquivo que se transformaram, mas também os arquivos como instituições de memória e lembrança. O retorno ao arquivo está inúmeras vezes relacionado com a luta contra a amnésia e a anomia. Uma necessidade imanente de urgência em lembrar e celebrar nas sociedades, onde os códigos sociais têm sido historicamente reprimidos pelo Estado, criando circunstâncias que levam à intensa coletivização da memória e de exercícios de melancolia em massa. A explosão tecnológica que nos atinge, torna hoje possível, que cada um de nós construa o seu próprio mundo, as suas próprias memórias e lembranças. Confiamos a nossa capacidade de lembrar e de criar memórias a um núcleo, que de dia para dia, se torna obsoleto e que em nós próprios se torna difícil manter com exatidão. A questão que ocorre é a de que como, nos dias de hoje, iremos entender o mundo, quando as nossas memórias e lembranças estão em plena dependência. A partir de considerações sobre a quebra da narrativa da modernidade e a sua recuperação relançada pela mão de artistas que trabalham o arquivo, que criam arquivo, problematizam e debatem o seu fundamento, será construída uma genealogia de obras de arte nacionais em sincronia com a anatomia do arquivo.This dissertation assumes the title Art and Archive: The emergence of the archive in contemporary works of art (1960-2017) and presents a proposal for a reflection and debate on the use of archives in Portuguese works of art. Contemporary art presents itself as a meeting place, creating new possibilities on the value of art. From this meeting place, new ways of understanding and feeling emerge, which open art to the world. This present study depends on a theoretical and historical foundation, that we will seek to develop in order to elaborate a constant and reasoned narrative on the issue of archival emergence in contemporary works of art. The approach to the notion of archive that we will trace is not centered on its more prosaic definition of an amorphous mass of documents disposed in any dusty place. We intend to suggest a dialectical look based on the archaeological methodology of Michel Foucault, sustained by Jacques Derrida's doctrine of mal d’archive, his exercise of repetition, compulsion, reformatting and, in some cases, destruction of the archive. Archives, retain in themselves, a mechanism of hegemony and existence. Both reflect and constitute power relations, that are the effect of society´s, which reveals the importance that is accorded to them. In contemporary societies, where the need for archiving is absolute and pathological, a reconsideration of societies' relations with the archive is imperative, since it is at the heart of this relationship that the powers are positioned. With the increasing heterogeneity of the advancement of new technologies, it is not only the practices of maintaining the archive that have become transformed, but also the archives as institutions of memory and remembrance. The return to the archive is numerous times related to the fight against amnesia and anomy. An immanent need for urgency to remember and celebrate in societies where social codes have historically been repressed by the State, creating circumstances that lead to an intense collectivization of memory and mass melancholy exercises. With the technological explosion that affects us, is now possible for each of us to build our own world, our own memories, and remembrances. We entrust our ability to remember and create memories to a core that from day to day becomes obsolete and, which in itself, becomes difficult to maintain accurately. The question that arises is how, today, we will understand the world, when our memories are fully dependent. Based on the considerations about the breaking of the narrative of modernity and its recovery relaunched by the hand of artists who work the archives, who create archives, problematize and debate its foundation, a genealogy of national works of art will be built in synchrony with the anatomy of the archive.Lapa, PedroRepositório da Universidade de LisboaDias, Rita da Silva Santos de Neves2022-02-03T14:35:23Z2022-01-202021-06-282022-01-20T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10451/51102TID:202914569porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-11-08T16:55:37Zoai:repositorio.ul.pt:10451/51102Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T22:02:25.928474Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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