Resolução cirúrgica de hérnias discais no cão

• Autor(a) principal: Cunha, Tiago Miguel Ferreira da
• Data de Publicação: 2016
• Tipo de documento: Dissertação
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
• Texto Completo: http://hdl.handle.net/10348/6137
• topic: Cães; Deslocamento do disco intervertebral; Exame neurológico; Procedimento cirúrgico operatório; Hemilaminectomia

A doença de disco intervertebral é uma causa comum de disfunção neurológica nos cães. A herniação do disco intervertebral está associada à degeneração do mesmo, e caracteriza-se pela extrusão do núcleo pulposo (hérnia Hansen tipo I) ou pela protrusão do anel fibroso (hérnia Hansen tipo II) de um ou mais discos intervertebrais. As raças condrodistróficas são mais predispostas à extrusão do núcleo pulposo, enquanto que nas raças não condrodistróficas é mais frequente a protrusão do anel fibroso. Afeta mais frequentemente a região toracolombar, mas também pode afetar a região cervical. A lesão da medula espinhal provocada pelo disco intervertebral pode causar défices neurológicos. Estes podem variar desde dor e ataxia até tetraparesia ou plegia. O grau de lesão da medula espinhal é estabelecido após a realização do exame neurológico, que permite correlacionar os sinais clínicos com o prognóstico. O diagnóstico é baseado essencialmente no exame neurológico, e em exames imagiológicos, como a mielografia, a tomografia computorizada ou a ressonância magnética. O tratamento a realizar pode ser conservativo (repouso e anti-inflamatórios) nos casos de menor gravidade, mas nos animais que apresentam défices neurológicos de maior gravidade torna-se necessário o tratamento cirúrgico. O prognóstico irá depender do grau de défices neurológicos existentes, da duração do processo patológico e da terapêutica instituída. No presente trabalho foi analisada uma base de dados epidemiológicos de 207 animais, assim como 26 casos clínicos de cães submetidos a cirurgia devido a extrusão do núcleo pulposo, acompanhados durante o meu estágio curricular. Quanto à base de dados foi possível concluir que o Bulldog Francês foi a raça mais afetada, correspondendo a 36% dos casos. Numa comparação entre raças condrodistróficas e não condrodistróficas, verificou-se que as primeiras foram mais afetadas, representando 83,0% dos animais. Os machos foram mais afetados e a idade de apresentação variou entre os 2 e os 13 anos, sendo a média de idades de 5,8 ± 2 anos. A região toracolombar foi a mais afetada (68,6% dos casos), principalmente os discos intervertebrais T12-T13 e T13-L1. Quanto aos casos clínicos acompanhados a média de dias necessários para o início de registo de melhorias neurológicas foi de 3,1 dias. Na reavaliação 30 dias após a cirurgia, a taxa de recuperação neurológica total foi de 26,9%, no entanto, 80,8% dos animais possuíam qualidade de vida segundo o proprietário. Dos restantes cinco animais que não recuperaram ao final de 30 dias, um foi eutanasiado por não apresentar melhorias neurológicas e por desenvolver complicações sistémicas.