Reflexão conceptual sobre a atual escola de natação decorrente de abordagens de âmbito multidisciplinar

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vieira, Leandro
Data de Publicação: 2022
Outros Autores: Sarmento, M, Canossa, Sofia, Vilas-Boas, João Paulo, Fernandes, Ricardo Jorge, Soares, Susana
Tipo de documento: Artigo
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://doi.org/10.6063/motricidade.25131
Resumo: Pretende-se com a presente reflexão motivar a linha de pensamento e conceptualização relacionada com o ensino multidisciplinar da natação.  A necessidade de todos os seres humanos aprenderem a nadar, maioritariamente justificada pela prevenção do afogamento, colocou a natação pura no topo da cadeia das atividades aquáticas. Sendo o ato de nadar uma destreza transversal a todas as disciplinas que decorrem em ambiente aquático, a lógica faz-nos tomar a natação pura como a base (e não o caminho determinado e o topo) das congéneres. Contudo, no plano funcional, a história mostra-nos que, no decurso da aprendizagem da natação, há um afunilamento da seleção de alunos para a natação pura e, em sequência, para a sua vertente competitiva (prática federada). Está enraizado na nossa cultura o preceito de que na sequência de se aprender a nadar, ser-se-á ou um cidadão seguro ou um nadador, ocorrendo os percursos desportivos alternativos mais ou menos por acaso, tão mais por acaso quanto menos disciplinas aquáticas forem experimentadas ou, pelo menos, visualizadas, pelo aluno. A proposta de tornar o ensino da natação multidisciplinar foi experimentada entre 2003 e 2009 na escola de natação do Colégio Liceal de Santa Maria de Lamas e, daí, se retirou a aprendizagem relativa às valias e aos fatores limitativos da aplicação do método. Recentemente, quando do 42º Congresso da APTN (Vieira, Dias, Vasconcelos, Fernandes, & Soares, 2021), reforçou-se a necessidade de promover o ensino multidisciplinar, estando, no momento, o Clube Fluvial Portuense a preparar a sua aplicação, numa tentativa clara de atenuar a hegemonia prática da escola de natação (pura), substituindo-a por uma escola aquática que sirva três propósitos fundamentais. O primeiro, e mais importante, é o aumento do reportório motor aquático por via da aquisição de um mais vasto conjunto de padrões motores (podemos designá-los por conteúdos) que potenciarão o desenvolvimento da literacia aquática. O segundo é o aumento da capacidade de captação de praticantes e desportistas para as várias disciplinas e modalidades aquáticas, algumas destas últimas muito pouco conhecidas (e. g. natação de salvamento, hóquei subaquático e natação com barbatanas). O terceiro propósito ocorre em paralelo com o anterior, sendo o de aumentar o leque de opções do aluno e dar-lhe (ou devolver-lhe) a liberdade da escolha da disciplina aquática que mais lhe agrada. No domínio conceptual, reconhece-se que a natação, no seu sentido lato, sempre englobou várias disciplinas (pura, polo, artística…), podendo ter várias vertentes (competitiva, recreativa, terapêutica…). A natação (pura), em sentido restrito, em algum momento da história começou a confundir-se com a natação e perdeu-se o espírito da multidisciplinaridade. Cabe à atualidade recuperar o conceito de escola de natação e reforçá-lo enquanto escola aquática que vise preparar todos, democraticamente, para o que quer que queiram praticar dentro de água.
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