Femicídio e Formas de Violência Prévia nas Relações Íntimas
Autor(a) principal: | |
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Data de Publicação: | 2017 |
Tipo de documento: | Dissertação |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) |
Texto Completo: | http://hdl.handle.net/10284/5949 |
Resumo: | A presente dissertação incide sobre as várias formas de violência prévia ao femicídio, definido como o homicídio de mulheres no contexto da intimidade. O primeiro artigo consiste numa revisão sistemática da literatura sobre as várias formas de violência anteriores ao femicídio. Verificou-se que a prevalência de violência oscila consideravelmente entre estudos (31% - 81%) e que, no geral, os estudos que recolheram informação com base na consulta processual apresentam menores taxas de prevalência de violência, comparativamente com os que conduziram entrevistas com proxies ou com os polícias que investigaram os casos. A avaliação de risco deve analisar detalhadamente e valorizar a presença de episódios de estrangulamento não letal, ameaças de morte ou com armas, stalking ou os comportamentos controladores do agressor, cujas taxas de prevalência são elevadas em determinados estudos. O segundo artigo apresenta os resultados de um estudo exploratório sobre as várias formas de violência prévia ao femicídio em relações íntimas abusivas. Foram selecionados e analisados os processos-crime de femicídio com histórico de violência prévia (71.4% do total de processos consultados, n = 25), cometidos entre 2010 e 2015, na zona da Grande Lisboa. Os resultados indicam que 84% das vítimas já tinham sofrido violência psicológica, 60% violência física, 48% stalking, 20% comportamentos controladores e 4% violência sexual. Os primeiros meses subsequentes à separação constituem um período de risco elevado e medidas como a prevenção do abuso de substâncias e a restrição do acesso do agressor a armas de fogo podem contribuir positivamente para a redução dos casos de femicídio. Cerca de metade das vítimas (48%) já tinham apresentado queixa por violência doméstica às autoridades e identificou-se um aumento da gravidade ou frequência da violência em 34.3% dos casos. Concluiu-se que existem oportunidades de intervenção nestas situações, que a deteção do histórico de violência não é suficiente e que é imprescindível adotar políticas preventivas e interventivas que efetivamente protejam as vítimas. |
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Femicídio e Formas de Violência Prévia nas Relações ÍntimasFemicídioViolência nas relações íntimasFormas de violênciaFatores de riscoFemicideIntimate partner violenceForms of violenceRisk factorsDomínio/Área Científica::Ciências Sociais::PsicologiaDomínio/Área Científica::Ciências Sociais::DireitoA presente dissertação incide sobre as várias formas de violência prévia ao femicídio, definido como o homicídio de mulheres no contexto da intimidade. O primeiro artigo consiste numa revisão sistemática da literatura sobre as várias formas de violência anteriores ao femicídio. Verificou-se que a prevalência de violência oscila consideravelmente entre estudos (31% - 81%) e que, no geral, os estudos que recolheram informação com base na consulta processual apresentam menores taxas de prevalência de violência, comparativamente com os que conduziram entrevistas com proxies ou com os polícias que investigaram os casos. A avaliação de risco deve analisar detalhadamente e valorizar a presença de episódios de estrangulamento não letal, ameaças de morte ou com armas, stalking ou os comportamentos controladores do agressor, cujas taxas de prevalência são elevadas em determinados estudos. O segundo artigo apresenta os resultados de um estudo exploratório sobre as várias formas de violência prévia ao femicídio em relações íntimas abusivas. Foram selecionados e analisados os processos-crime de femicídio com histórico de violência prévia (71.4% do total de processos consultados, n = 25), cometidos entre 2010 e 2015, na zona da Grande Lisboa. Os resultados indicam que 84% das vítimas já tinham sofrido violência psicológica, 60% violência física, 48% stalking, 20% comportamentos controladores e 4% violência sexual. Os primeiros meses subsequentes à separação constituem um período de risco elevado e medidas como a prevenção do abuso de substâncias e a restrição do acesso do agressor a armas de fogo podem contribuir positivamente para a redução dos casos de femicídio. Cerca de metade das vítimas (48%) já tinham apresentado queixa por violência doméstica às autoridades e identificou-se um aumento da gravidade ou frequência da violência em 34.3% dos casos. Concluiu-se que existem oportunidades de intervenção nestas situações, que a deteção do histórico de violência não é suficiente e que é imprescindível adotar políticas preventivas e interventivas que efetivamente protejam as vítimas.This dissertation focuses on the various forms of intimate partner violence prior to femicide, defined as the homicide of women in the context of intimate relationships. The first article is a systematic review of the literature on the various forms of intimate partner violence prior to femicide. Results indicate that the prevalence of violence varies considerably between studies (31% - 81%) and, overall, studies that collected data based on case file reviewing present lower prevalence rates, compared to those that interviewed proxies or police officers who investigated the cases. Risk assessment practices should analyze in detail and consider the presence of non-fatal strangulation, threats to kill or with weapons, stalking or perpetrators’ controlling behaviors, whose prevalence rates are high in certain studies. The second article presents the results of an exploratory study on the various forms of violence prior to femicide in abusive relationships. Femicide cases with a history of intimate partner violence, committed between 2010 and 2015, in Greater Lisbon, were selected and analyzed (71.4% of the total case files consulted, n = 25). Results indicate that 84% of the victims have suffered from psychological violence, 60% physical violence, 48% stalking, 20% controlling behaviors and 4% sexual violence. The first months after separation constitute a period of high risk and measures such as substance abuse prevention and restricting the perpetrator’s access to firearms can positively contribute to the reduction of cases of femicide. About half of the victims (48%) had already lodged a complaint for domestic violence to the authorities and an increase in severity or frequency of the violence was identified in 34.3% of the cases. We conclude that there are opportunities for intervention in these situations, detecting a history of violence is not enough and it is imperative to adopt preventive and intervention policies that effectively protect victims.Sani, Ana IsabelSoeiro, CristinaRepositório Institucional da Universidade Fernando PessoaMata, João Pedro Faleiro2019-04-05T00:30:09Z2017-04-05T00:00:00Z2017-04-05T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttp://hdl.handle.net/10284/5949porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2022-09-06T02:05:21Zoai:bdigital.ufp.pt:10284/5949Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T15:42:48.893238Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse |
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