A reescrita de mitos femininos na obra de Marina Warner: metamorfose, género e identidade

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Lucília Ramos dos
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)
Texto Completo: https://hdl.handle.net/1822/21942
Resumo: Dissertação de mestrado em Estudos Ingleses
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spelling A reescrita de mitos femininos na obra de Marina Warner: metamorfose, género e identidade820 WARNER82.0Dissertação de mestrado em Estudos InglesesO trabalho de Marina Warner é marcado pelo imperativo pós-moderno do “eternal return”, associado ao processo de recontar e de reescrita, por forma a criar um universo narrativo aberto à renovação e instabilidade ilimitadas. A linguagem mítica, com a sua fluidez e flexibilidade, mais a sua relevância na construção e desconstrução da realidade, pode ser considerada um recurso eficaz no processo de reescrita, na metamorfose de um mundo que desejamos diferente. Os mitos parecem ser resistentes à mudança, apresentando uma história que é considerada imutável no modo como apresenta as coisas como eram no passado, como são e como deveriam ser. Por isso, é através da sua reescrita e neles que a mudança deve ocorrer. A reescrita de mitos representa uma forma de resistência e desafio à cultura e ideologia dominantes, tendo como objectivo oferecer novas representações sociais e culturais. Marina Warner está particularmente focalizada na construção e desconstrução do feminino, informada pela crítica e teoria feminista. A desconstrução de mitos femininos é crucial para desafiar o que foi ensinado como realidade, por forma a justificar o poder patriarcal. Estes mitos têm de ser reescritos devido ao seu potencial para desafiar o poder criado por eles e que os criou. A desconstrução de mitos patriarcais denuncia uma pirâmide homofóbica e sexista cuja figura de topo é masculina. Traz também uma nova leitura aos significados simbólicos relacionados com a mulher e como estes afectam as suas vidas, tentando criar novas categorias e símbolos para a identidade feminina, a qual não é fixa ou definitiva, visto não ser uma construção natural, mas sim social e cultural. O acto de reescrita é também um acto de questionamento de todas as verdades aceites que informam a misoginia. Ao revelar as verdades escondidas por detrás dos mitos, os mitos caiem e perdem o seu poder sagrado. O processo de metamorfose é um tópico e uma estratégia narrativa recorrente na obra de Warner. Este processo está ligado à ideia da própria reescrita. Warner também explora a metamorfose para definir a personagem principal de um dos seus romances, The Leto Bundle, uma personagem que viaja através do tempo e espaço como metáfora da identidade mutável e fragmentada que define a sociedade pós-moderna, de acordo com a qual a identidade é definida mais como um processo em constante transformação. Neste romance, Warner cria uma teia de elementos mitológicos com questões de identidade, emigração, exílio, racismo, multiculturalismo, globalização e feminismo. A condição de Leto, de sujeito marginalizado e deslocado, transforma-a na deusa da sociedade diaspórica, o ícon de todas as vítimas da globalização e do racismo, os refugiados e os perseguidos. A autora apresenta uma causa poderosa contra as identidades nacionais e defende a transformação de paradigmas sociais. Esta estratégia integra o questionamento e a atitude de emancipação dos Estudos Culturais e Feministas, ambos instigando à criação de novas formas de discurso, conhecimento e práticas sociais. Para além de mitos femininos, a questão da raça e os mitos associados à construção do sujeito colonizado e do colonizador, bem como a forma como estes ainda afectam a sociedade actual, estão também presentes no trabalho de Warner. No seu romance Indigo, uma reescrita da obra de Shakespeare The Tempest, Warner desafia o imperialismo e a sociedade patriarcal quando dá voz às vozes silenciadas do texto de Shakespeare, trazendo novas possibilidades à sua definição e caracterização e contando a história por detrás da história.Marina Warner’s work is marked by the post-modern imperative of the “eternal return”, associated with the process of retelling and rewriting, in order to create a narrative universe open to unlimited renewal and instability. The mythical language, with its fluidity and flexibility, added to its relevance in the construction and deconstruction of the reality, can be considered as an effective source in the process of rewriting, in the metamorphosis of a world that we wish to be different. Myths seem to be resistant to change, by presenting a story that is regarded as immutable in the way it represents things as they were in the past, as they are and as they should be. Therefore, it is through the rewriting of them and in them that change must take place. The rewriting of myths represents a form of resistance and challenge to the dominant culture and ideology, aiming to offer new social and cultural representations. Marina Warner is particularly focused on the construction and deconstruction of the feminine informed by the feminist theory and critique. The deconstruction of female myths is crucial to challenge what has been taught as reality in order to justify the patriarchal power. These myths have to be rewritten due to their potential to defy the power created by them and that created them. The deconstruction of patriarchal myths denounces a sexist and homophobic social pyramid whose leading figure is male. It also brings a new reading to the symbolic meanings related to women and how they affect their lives, trying to create new categories and symbols for the female identity which is not fixed or definite, as it is not a natural but rather a social and cultural construction. The act of rewriting is also an act of questioning all the accepted truths that inform misogyny. By revealing the hidden truths behind myths, myths decay and lose their sacred power. The process of metamorphosis is a recurrent topic and narrative strategy in Warner’s work. This process is connected with the idea of rewriting itself. Warner also explores it to define the main character of one of her novels The Leto Bundle, a character who travels through time and place as a metaphor for the mutable and fragmented identity that defines the post-modern society, according to which identity is defined more as a process in constant change. In this novel, Warner creates a web of mythological elements with issues about identity, emigration, exile, racism, multiculturalism, globalization and feminism. Leto’s condition of a marginalized and displaced subject transforms her in the goddess of the diasporic society, the icon of the all victims of globalization and racism, the refugees and the persecuted. The author presents a powerful cause against national identities and defends the transformation of social paradigms. This strategy integrates the questioning and emancipating attitude of Cultural Studies and Feminist Studies, both inciting the creation of new forms of discourse, knowledge and social practices. Besides female myths, the issue of race and the myths related to the construction of the colonized subject and the colonizer and the way they still affect today’s society, are also present in Warner’s work. In her novel Indigo, a rewriting of Shakespeare’s work The Tempest, Warner defies imperialism and patriarchal society when she gives voice to the silenced voices of Shakespeare’s text, bringing new possibilities to their definition and characterization and telling the story behind the story.Macedo, Ana GabrielaUniversidade do MinhoSantos, Lucília Ramos dos20112011-01-01T00:00:00Zinfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfhttps://hdl.handle.net/1822/21942porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos)instname:Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãoinstacron:RCAAP2023-12-16T01:19:23Zoai:repositorium.sdum.uminho.pt:1822/21942Portal AgregadorONGhttps://www.rcaap.pt/oai/openaireopendoar:71602024-03-19T19:53:05.125340Repositório Científico de Acesso Aberto de Portugal (Repositórios Cientìficos) - Agência para a Sociedade do Conhecimento (UMIC) - FCT - Sociedade da Informaçãofalse
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