Variação morfométrica de populações de Triatoma sordida (Hemiptera, Reduviidae) do Brasil

• Autor(a) principal: Ferreira, Jônatas B. Cavalcante
• Data de Publicação: 2010
• Idioma: por
• Título da fonte: Repositório Institucional da UCB
• Texto Completo: https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/12242
• topic: CNPQ::CIENCIAS BIOLOGICAS; Trypanosoma cruzi; Doença de chagas

Triatoma sordida é um triatomíneo com ampla distribuição geográfica e boa capacidade de domiciliação. A espécie é muito freqüente em ambiente peridomiciliar, sendo potencial vetor de Trypanosoma cruzi no Brasil e Argentina. O objetivo deste trabalho foi analisar a variabilidade morfométrica intraespecifica em T. sordida ao longo de sua distribuição geográfica no Brasil. Foram analisados 380 espécimes de T. sordida capturados em nove municípios de seis estados Brasileiros a partir de técnicas de morfometria geométrica de asas e cabeças. O tamanho dos espécimes foi relacionado com 20 variáveis ambientais de seus municípios de origem usando a base de dados do Worldclim e de ecorregiões. Em média as asas e cabeças das fêmeas foram significativamente maiores que as dos machos. Foi observada variação significativa de tamanho entre as asas e cabeças das populações de T. sordida do Brasil, em média os espécimes do Mato Grosso e Mato Grosso do Sul foram menores que os de Bahia, Goiás, Minas Gerais e Piauí. As populações coletadas em diferentes ecorregiões apresentaram diferenças de tamanho de asas e cabeças, sendo maiores na Caatinga. Foi observada influencia das variáveis climáticas analisadas na variação de tamanho de asas e cabeças. As variáveis climáticas que mais explicaram a variação de tamanho foram: altitude, temperatura no trimestre mais úmido e precipitação no trimestre mais quente do ano. Os maiores espécimes de T. sordida foram coletados em áreas com menores valores de temperatura e precipitação e maiores valores de altitude. As análises de variação de forma não mostraram agrupamentos populacionais estruturados. Dentre todas as variáveis de forma, o PC1 resultante da análise de forma da cabeça foi o que explicou a maior parte da variação (47%), estando relacionado com alongamento da região anteocular, porém essa característica variou bastante entre espécimes de uma mesma população. Os resultados indicam que as populações de T. sordida do Brasil são bastante homogêneas em se tratando de forma de asa e cabeça sugerindo baixa variabilidade genética, característica que favorece o controle vetorial dessa espécie por meio de inseticidas. A significativa variação de tamanho detectada entre as populações foi influenciada principalmente pela precipitação; as populações capturadas em ecorregiões secas, como a Caatinga, apresentaram maiores tamanhos. Em condições áridas, T. sordida deve aumentar a quantidade de sangue ingerido para compensar a perda de água e este comportamento alimentar poderia aumentar a taxa de crescimento e explicar o maior tamanho de populações de áreas mais secas.