PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana
Autor(a) principal: | |
---|---|
Data de Publicação: | 2013 |
Tipo de documento: | Artigo |
Idioma: | por |
Título da fonte: | Repositório Institucional da UCB |
Texto Completo: | https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/8515 |
Resumo: | Este trabalho busca compreender o funcionamento da produção de sentidos da prática urbana da pixação. Pauta-se, teórica e metodologicamente pela Análise de Discurso, sobretudo pelos estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. A leitura discursiva de nosso objeto de estudo – o pixo – , conduz-nos a trabalhar suas condições de produção e seu funcionamento, tomando a inscrição do sujeito (pixador) na história. Nosso referencial teórico leva-nos, pois, a pensar nos efeitos de sentidos da cidade e da língua no sujeito-pixador, e as relações desses efeitos com seus processos identitários e de autoria. Nesse sentido, torna-se fundamental trazer para a análise, os efeitos produzidos pela cidade de Brasília. Tanto os produzidos por sua singularidade, que rompe com o imaginário de cidade – especialmente se pensarmos em suas divisões e barreiras simbólicas e (in)visíveis –, quanto os produzidos pelo que caracteriza a cidade moderna: as diversas escritas, que fazem do corpo da cidade, o seu suporte. Neste trabalho, consideramos que tais escritas transitam entre o permitido – portanto, controlado – e o proibido, nosso objeto de estudo, o pixo, significado como vandalismo, tendo sua materialidade e historicidade apagadas. Nossa leitura e escrita, na perspectiva discursiva, guiam-se, pois, pelo deslocamento de nossa posição de leitor, de morador, de não-pixador, para uma posição – relativizada – de sujeito analista. Esse deslocamento, possibilita-nos perceber os mecanismos de produção do sentido único – pixação como vandalismo – que atravessam essa posição-sujeito. Possibilita, ainda, pensar na relação que o sujeito-pixador desenvolve com a língua, com a letra. Essa relação que se estabelece entre língua e sujeito, representa, para nós, a questão fundamental. Concluímos que é uma relação outra. É outra língua, outra letra, é uma não-forma, que se estrutura pela subversão. A sua criação, sua letra – que não pode ser lida pelos não-pixadores –, é, para ele, instrumento de convívio social, de autoria e de construção de sua identidade. Para essa posição-sujeito, a letra criada é a ferramenta que o insere no grupo – o pertencimento –, tão caro na fase da adolescência e juventude, período em que vivem a pixação com mais intensidade. Aquela letra que está rabiscada no muro, não é sujeira, é uma letra simbólica, que representa um sujeito que, ao escrever na cidade, inscreve-se e marca seu lugar como sujeito no seu grupo e na sociedade. |
id |
UCB-2_2b1ec6c62c5050752654b47f7a3a5ac0 |
---|---|
oai_identifier_str |
oai:200.214.135.189:123456789/8515 |
network_acronym_str |
UCB-2 |
network_name_str |
Repositório Institucional da UCB |
spelling |
Silva, Mariza Vieira daTeles, Priscilla Matos2017-06-27T11:45:34Z2017-06-262017-06-27T11:45:34Z2013-06-19TELES, Priscilla Matos. PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana. 2013. 74 f. Artigo (Graduação em Letras) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013.https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/8515Este trabalho busca compreender o funcionamento da produção de sentidos da prática urbana da pixação. Pauta-se, teórica e metodologicamente pela Análise de Discurso, sobretudo pelos estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. A leitura discursiva de nosso objeto de estudo – o pixo – , conduz-nos a trabalhar suas condições de produção e seu funcionamento, tomando a inscrição do sujeito (pixador) na história. Nosso referencial teórico leva-nos, pois, a pensar nos efeitos de sentidos da cidade e da língua no sujeito-pixador, e as relações desses efeitos com seus processos identitários e de autoria. Nesse sentido, torna-se fundamental trazer para a análise, os efeitos produzidos pela cidade de Brasília. Tanto os produzidos por sua singularidade, que rompe com o imaginário de cidade – especialmente se pensarmos em suas divisões e barreiras simbólicas e (in)visíveis –, quanto os produzidos pelo que caracteriza a cidade moderna: as diversas escritas, que fazem do corpo da cidade, o seu suporte. Neste trabalho, consideramos que tais escritas transitam entre o permitido – portanto, controlado – e o proibido, nosso objeto de estudo, o pixo, significado como vandalismo, tendo sua materialidade e historicidade apagadas. Nossa leitura e escrita, na perspectiva discursiva, guiam-se, pois, pelo deslocamento de nossa posição de leitor, de morador, de não-pixador, para uma posição – relativizada – de sujeito analista. Esse deslocamento, possibilita-nos perceber os mecanismos de produção do sentido único – pixação como vandalismo – que atravessam essa posição-sujeito. Possibilita, ainda, pensar na relação que o sujeito-pixador desenvolve com a língua, com a letra. Essa relação que se estabelece entre língua e sujeito, representa, para nós, a questão fundamental. Concluímos que é uma relação outra. É outra língua, outra letra, é uma não-forma, que se estrutura pela subversão. A sua criação, sua letra – que não pode ser lida pelos não-pixadores –, é, para ele, instrumento de convívio social, de autoria e de construção de sua identidade. Para essa posição-sujeito, a letra criada é a ferramenta que o insere no grupo – o pertencimento –, tão caro na fase da adolescência e juventude, período em que vivem a pixação com mais intensidade. Aquela letra que está rabiscada no muro, não é sujeira, é uma letra simbólica, que representa um sujeito que, ao escrever na cidade, inscreve-se e marca seu lugar como sujeito no seu grupo e na sociedade.This paper seeks to understand how the production of meaning of the urban practice of graffiting works. The present work is based, theoretically and methodologically, on Discourse Analysis, primarily on the studies of Michel Pêcheux and Eni Orlandi. The discursive reading of our object of study – the graffiti itself -, leads us to work on its condition of production and on its mode of functioning, taking into consideration the entry of the subject (scribbler) in history. Our theoretical reference of study leads us, therefore, to think of the effects of meanings of the city and of language on the subject-scribbler, and also of the relations between these effects and the authorship and identity’s processes. In that sense, it is crucial that we bring the effects caused by the city of Brasilia to the analysis – the ones produced by its singularity, that breaks with the city’s imaginary – especially if we think about its divisions and its symbolic and (in)visible barriers -,as much as the ones made by what distinguishes the modern city: the several types of writing, that turn the body of the city into its body of support. On this paper, we consider that such types of writing migrate from the permissible – hence controlled – to the forbidden, our object of study, the graffiti, meant as vandalism, having its materiality and historicity obliterated. Our reading and writing, under the discursive perspective, are guided by the change in our reader point of view, the one of the non-scribbler, to another stand – seen in the context of its relativity – the one of the analyst. This drift allows us to see the mechanisms of the production of the sole meaning – graffiti as vandalism – that permeates this subject-position. It can still allow us to think of how the subject-scribbler develops a connection to the language, to the handwriting. The relationship established between the language and the subject represents, to us, the fundamental question. We came to the conclusion that this is another kind of relationship. It is another language, another handwriting, it is a non-form that is structured on subversion. Its creation, its handwriting – that cannot be read by non-scribblers –, is, for the scribbler, na instrument of social coexistence, of authorship and construction of identity. For this subject-position, the handwriting created is the tool that places him in the group – the belonging –, which is so important in teenage and youth years, period when the graffiti is lived more intensely. The letter scribbled on a wall is not dirt; it is a symbolic word representing a person that, upon writing on the city, registers himself and marks his place as an subject in his group and in society.Submitted by Ana Claudia Rodrigues Ferreira (anaclaudiaf@ucb.br) on 2017-06-26T19:53:27Z No. of bitstreams: 1 PriscillaMatosTeles.pdf: 2985324 bytes, checksum: 14d26c459a8439bd5ed3b563f342374a (MD5)Approved for entry into archive by Sara Ribeiro (sara.ribeiro@ucb.br) on 2017-06-27T11:45:34Z (GMT) No. of bitstreams: 1 PriscillaMatosTeles.pdf: 2985324 bytes, checksum: 14d26c459a8439bd5ed3b563f342374a (MD5)Made available in DSpace on 2017-06-27T11:45:34Z (GMT). No. of bitstreams: 1 PriscillaMatosTeles.pdf: 2985324 bytes, checksum: 14d26c459a8439bd5ed3b563f342374a (MD5) Previous issue date: 2013-06-19porUniversidade Católica de BrasíliaLetras (Graduação)UCBBrasilEscola de Educação, Tecnologia e ComunicaçãoCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRASPixaçãoSujeitoEscrita urbanaPIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbanainfo:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UCBinstname:Universidade Católica de Brasília (UCB)instacron:UCBORIGINALPriscillaMatosTeles.pdfPriscillaMatosTeles.pdfMonografiaapplication/pdf2985324https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/8515/1/PriscillaMatosTeles.pdf14d26c459a8439bd5ed3b563f342374aMD51LICENSElicense.txtlicense.txttext/plain; charset=utf-81866https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/8515/2/license.txt43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9bMD52TEXTPriscillaMatosTeles.pdf.txtPriscillaMatosTeles.pdf.txtExtracted texttext/plain148339https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/8515/3/PriscillaMatosTeles.pdf.txt6a594062a3506cbca970049f90b561a0MD53123456789/85152017-06-28 01:02:29.379TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCB2b2PDqiAobyBhdXRvciAoZXMpIG91IG8gdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IpIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIApJbnN0aXR1Y2lvbmFsIG8gZGlyZWl0byBuw6NvLWV4Y2x1c2l2byBkZSByZXByb2R1emlyLCAgdHJhZHV6aXIgKGNvbmZvcm1lIGRlZmluaWRvIGFiYWl4byksIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIApzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIChpbmNsdWluZG8gbyByZXN1bW8pIHBvciB0b2RvIG8gbXVuZG8gbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlIGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIApmb3JtYXRvcyDDoXVkaW8gb3UgdsOtZGVvLgoKVm9jw6ogY29uY29yZGEgcXVlIG8gRGVwb3NpdGEgcG9kZSwgc2VtIGFsdGVyYXIgbyBjb250ZcO6ZG8sIHRyYW5zcG9yIGEgc3VhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBwYXJhIHF1YWxxdWVyIG1laW8gb3UgZm9ybWF0byAKcGFyYSBmaW5zIGRlIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiB0YW1iw6ltIGNvbmNvcmRhIHF1ZSBvIERlcG9zaXRhIHBvZGUgbWFudGVyIG1haXMgZGUgdW1hIGPDs3BpYSBkZSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrLXVwIAplIHByZXNlcnZhw6fDo28uCgpWb2PDqiBkZWNsYXJhIHF1ZSBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gw6kgb3JpZ2luYWwgZSBxdWUgdm9jw6ogdGVtIG8gcG9kZXIgZGUgY29uY2VkZXIgb3MgZGlyZWl0b3MgY29udGlkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EuIApWb2PDqiB0YW1iw6ltIGRlY2xhcmEgcXVlIG8gZGVww7NzaXRvIGRhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gbsOjbywgcXVlIHNlamEgZGUgc2V1IGNvbmhlY2ltZW50bywgaW5mcmluZ2UgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgCmRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIHZvY8OqIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgCm9idGV2ZSBhIHBlcm1pc3PDo28gaXJyZXN0cml0YSBkbyBkZXRlbnRvciBkb3MgZGlyZWl0b3MgYXV0b3JhaXMgcGFyYSBjb25jZWRlciBhbyBEZXBvc2l0YSBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgCm5lc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBlIHF1ZSBlc3NlIG1hdGVyaWFsIGRlIHByb3ByaWVkYWRlIGRlIHRlcmNlaXJvcyBlc3TDoSBjbGFyYW1lbnRlIGlkZW50aWZpY2FkbyBlIHJlY29uaGVjaWRvIG5vIHRleHRvIApvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBURU5IQSBTSURPIFJFU1VMVEFETyBERSBVTSBQQVRST0PDjU5JTyBPVSBBUE9JTyBERSBVTUEgQUfDik5DSUEgREUgRk9NRU5UTyBPVSBPVVRSTyAKT1JHQU5JU01PLCBWT0PDiiBERUNMQVJBIFFVRSBSRVNQRUlUT1UgVE9ET1MgRSBRVUFJU1FVRVIgRElSRUlUT1MgREUgUkVWSVPDg08gQ09NTyBUQU1Cw4lNIEFTIERFTUFJUyBPQlJJR0HDh8OVRVMgCkVYSUdJREFTIFBPUiBDT05UUkFUTyBPVSBBQ09SRE8uCgpPIERlcG9zaXRhIHNlIGNvbXByb21ldGUgYSBpZGVudGlmaWNhciBjbGFyYW1lbnRlIG8gc2V1IG5vbWUgKHMpIG91IG8ocykgbm9tZShzKSBkbyhzKSBkZXRlbnRvcihlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIAphdXRvcmFpcyBkYSBwdWJsaWNhw6fDo28sIGUgbsOjbyBmYXLDoSBxdWFscXVlciBhbHRlcmHDp8OjbywgYWzDqW0gZGFxdWVsYXMgY29uY2VkaWRhcyBwb3IgZXN0YSBsaWNlbsOnYS4KRepositório de Publicaçõeshttps://repositorio.ucb.br:9443/jspui/ |
dc.title.pt_BR.fl_str_mv |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
title |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
spellingShingle |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana Teles, Priscilla Matos CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS Pixação Sujeito Escrita urbana |
title_short |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
title_full |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
title_fullStr |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
title_full_unstemmed |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
title_sort |
PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana |
author |
Teles, Priscilla Matos |
author_facet |
Teles, Priscilla Matos |
author_role |
author |
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv |
Silva, Mariza Vieira da |
dc.contributor.author.fl_str_mv |
Teles, Priscilla Matos |
contributor_str_mv |
Silva, Mariza Vieira da |
dc.subject.cnpq.fl_str_mv |
CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS |
topic |
CNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LETRAS Pixação Sujeito Escrita urbana |
dc.subject.por.fl_str_mv |
Pixação Sujeito Escrita urbana |
dc.description.abstract.por.fl_txt_mv |
Este trabalho busca compreender o funcionamento da produção de sentidos da prática urbana da pixação. Pauta-se, teórica e metodologicamente pela Análise de Discurso, sobretudo pelos estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. A leitura discursiva de nosso objeto de estudo – o pixo – , conduz-nos a trabalhar suas condições de produção e seu funcionamento, tomando a inscrição do sujeito (pixador) na história. Nosso referencial teórico leva-nos, pois, a pensar nos efeitos de sentidos da cidade e da língua no sujeito-pixador, e as relações desses efeitos com seus processos identitários e de autoria. Nesse sentido, torna-se fundamental trazer para a análise, os efeitos produzidos pela cidade de Brasília. Tanto os produzidos por sua singularidade, que rompe com o imaginário de cidade – especialmente se pensarmos em suas divisões e barreiras simbólicas e (in)visíveis –, quanto os produzidos pelo que caracteriza a cidade moderna: as diversas escritas, que fazem do corpo da cidade, o seu suporte. Neste trabalho, consideramos que tais escritas transitam entre o permitido – portanto, controlado – e o proibido, nosso objeto de estudo, o pixo, significado como vandalismo, tendo sua materialidade e historicidade apagadas. Nossa leitura e escrita, na perspectiva discursiva, guiam-se, pois, pelo deslocamento de nossa posição de leitor, de morador, de não-pixador, para uma posição – relativizada – de sujeito analista. Esse deslocamento, possibilita-nos perceber os mecanismos de produção do sentido único – pixação como vandalismo – que atravessam essa posição-sujeito. Possibilita, ainda, pensar na relação que o sujeito-pixador desenvolve com a língua, com a letra. Essa relação que se estabelece entre língua e sujeito, representa, para nós, a questão fundamental. Concluímos que é uma relação outra. É outra língua, outra letra, é uma não-forma, que se estrutura pela subversão. A sua criação, sua letra – que não pode ser lida pelos não-pixadores –, é, para ele, instrumento de convívio social, de autoria e de construção de sua identidade. Para essa posição-sujeito, a letra criada é a ferramenta que o insere no grupo – o pertencimento –, tão caro na fase da adolescência e juventude, período em que vivem a pixação com mais intensidade. Aquela letra que está rabiscada no muro, não é sujeira, é uma letra simbólica, que representa um sujeito que, ao escrever na cidade, inscreve-se e marca seu lugar como sujeito no seu grupo e na sociedade. This paper seeks to understand how the production of meaning of the urban practice of graffiting works. The present work is based, theoretically and methodologically, on Discourse Analysis, primarily on the studies of Michel Pêcheux and Eni Orlandi. The discursive reading of our object of study – the graffiti itself -, leads us to work on its condition of production and on its mode of functioning, taking into consideration the entry of the subject (scribbler) in history. Our theoretical reference of study leads us, therefore, to think of the effects of meanings of the city and of language on the subject-scribbler, and also of the relations between these effects and the authorship and identity’s processes. In that sense, it is crucial that we bring the effects caused by the city of Brasilia to the analysis – the ones produced by its singularity, that breaks with the city’s imaginary – especially if we think about its divisions and its symbolic and (in)visible barriers -,as much as the ones made by what distinguishes the modern city: the several types of writing, that turn the body of the city into its body of support. On this paper, we consider that such types of writing migrate from the permissible – hence controlled – to the forbidden, our object of study, the graffiti, meant as vandalism, having its materiality and historicity obliterated. Our reading and writing, under the discursive perspective, are guided by the change in our reader point of view, the one of the non-scribbler, to another stand – seen in the context of its relativity – the one of the analyst. This drift allows us to see the mechanisms of the production of the sole meaning – graffiti as vandalism – that permeates this subject-position. It can still allow us to think of how the subject-scribbler develops a connection to the language, to the handwriting. The relationship established between the language and the subject represents, to us, the fundamental question. We came to the conclusion that this is another kind of relationship. It is another language, another handwriting, it is a non-form that is structured on subversion. Its creation, its handwriting – that cannot be read by non-scribblers –, is, for the scribbler, na instrument of social coexistence, of authorship and construction of identity. For this subject-position, the handwriting created is the tool that places him in the group – the belonging –, which is so important in teenage and youth years, period when the graffiti is lived more intensely. The letter scribbled on a wall is not dirt; it is a symbolic word representing a person that, upon writing on the city, registers himself and marks his place as an subject in his group and in society. |
description |
Este trabalho busca compreender o funcionamento da produção de sentidos da prática urbana da pixação. Pauta-se, teórica e metodologicamente pela Análise de Discurso, sobretudo pelos estudos de Michel Pêcheux e Eni Orlandi. A leitura discursiva de nosso objeto de estudo – o pixo – , conduz-nos a trabalhar suas condições de produção e seu funcionamento, tomando a inscrição do sujeito (pixador) na história. Nosso referencial teórico leva-nos, pois, a pensar nos efeitos de sentidos da cidade e da língua no sujeito-pixador, e as relações desses efeitos com seus processos identitários e de autoria. Nesse sentido, torna-se fundamental trazer para a análise, os efeitos produzidos pela cidade de Brasília. Tanto os produzidos por sua singularidade, que rompe com o imaginário de cidade – especialmente se pensarmos em suas divisões e barreiras simbólicas e (in)visíveis –, quanto os produzidos pelo que caracteriza a cidade moderna: as diversas escritas, que fazem do corpo da cidade, o seu suporte. Neste trabalho, consideramos que tais escritas transitam entre o permitido – portanto, controlado – e o proibido, nosso objeto de estudo, o pixo, significado como vandalismo, tendo sua materialidade e historicidade apagadas. Nossa leitura e escrita, na perspectiva discursiva, guiam-se, pois, pelo deslocamento de nossa posição de leitor, de morador, de não-pixador, para uma posição – relativizada – de sujeito analista. Esse deslocamento, possibilita-nos perceber os mecanismos de produção do sentido único – pixação como vandalismo – que atravessam essa posição-sujeito. Possibilita, ainda, pensar na relação que o sujeito-pixador desenvolve com a língua, com a letra. Essa relação que se estabelece entre língua e sujeito, representa, para nós, a questão fundamental. Concluímos que é uma relação outra. É outra língua, outra letra, é uma não-forma, que se estrutura pela subversão. A sua criação, sua letra – que não pode ser lida pelos não-pixadores –, é, para ele, instrumento de convívio social, de autoria e de construção de sua identidade. Para essa posição-sujeito, a letra criada é a ferramenta que o insere no grupo – o pertencimento –, tão caro na fase da adolescência e juventude, período em que vivem a pixação com mais intensidade. Aquela letra que está rabiscada no muro, não é sujeira, é uma letra simbólica, que representa um sujeito que, ao escrever na cidade, inscreve-se e marca seu lugar como sujeito no seu grupo e na sociedade. |
publishDate |
2013 |
dc.date.issued.fl_str_mv |
2013-06-19 |
dc.date.accessioned.fl_str_mv |
2017-06-27T11:45:34Z |
dc.date.available.fl_str_mv |
2017-06-26 2017-06-27T11:45:34Z |
dc.type.status.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/publishedVersion |
dc.type.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/article |
status_str |
publishedVersion |
format |
article |
dc.identifier.citation.fl_str_mv |
TELES, Priscilla Matos. PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana. 2013. 74 f. Artigo (Graduação em Letras) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013. |
dc.identifier.uri.fl_str_mv |
https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/8515 |
identifier_str_mv |
TELES, Priscilla Matos. PIX(O)AÇÃO: outros sentidos na/da escrita urbana. 2013. 74 f. Artigo (Graduação em Letras) – Universidade Católica de Brasília, Brasília, 2013. |
url |
https://repositorio.ucb.br:9443/jspui/handle/123456789/8515 |
dc.language.iso.fl_str_mv |
por |
language |
por |
dc.rights.driver.fl_str_mv |
info:eu-repo/semantics/openAccess |
eu_rights_str_mv |
openAccess |
dc.publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Católica de Brasília |
dc.publisher.program.fl_str_mv |
Letras (Graduação) |
dc.publisher.initials.fl_str_mv |
UCB |
dc.publisher.country.fl_str_mv |
Brasil |
dc.publisher.department.fl_str_mv |
Escola de Educação, Tecnologia e Comunicação |
publisher.none.fl_str_mv |
Universidade Católica de Brasília |
dc.source.none.fl_str_mv |
reponame:Repositório Institucional da UCB instname:Universidade Católica de Brasília (UCB) instacron:UCB |
instname_str |
Universidade Católica de Brasília (UCB) |
instacron_str |
UCB |
institution |
UCB |
reponame_str |
Repositório Institucional da UCB |
collection |
Repositório Institucional da UCB |
bitstream.url.fl_str_mv |
https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/8515/1/PriscillaMatosTeles.pdf https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/8515/2/license.txt https://200.214.135.178:9443/jspui/bitstream/123456789/8515/3/PriscillaMatosTeles.pdf.txt |
bitstream.checksum.fl_str_mv |
14d26c459a8439bd5ed3b563f342374a 43cd690d6a359e86c1fe3d5b7cba0c9b 6a594062a3506cbca970049f90b561a0 |
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv |
MD5 MD5 MD5 |
repository.name.fl_str_mv |
|
repository.mail.fl_str_mv |
|
_version_ |
1724829868231753728 |