O CONTRASTE ENCOBERTO DE VOZEAMENTO EM UM CASO DE DESVIO FONOLÓGICO

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Vaz, Raquel Menezes
Data de Publicação: 2011
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel
Texto Completo: http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/171
Resumo: Neste trabalho, investiga-se a existência do contraste encoberto de vozeamento nas plosivas não-vozeadas [p], [t], [k], e vozeadas [b], [d], [g] do Português brasileiro, na fala de um sujeito com desvio fonológico. As plosivas foram os segmentos selecionados como alvo desta investigação após análise de oitiva das produções de fala espontânea da informante, a qual apresentou trocas e omissões percebidas auditivamente nestes segmentos no que diz respeito à sonoridade. Previamente, a informante passou por sessões de gravação de fala a partir do instrumento de Yavas, Matzenauer-Hernandorena e Lamprecht (2001), em que o falante elicita a mostra dos segmentos através da nomeação espontânea. Para compreender o comportamento da sonoridade das plosivas percebido auditivamente, utilizou-se dos princípios da Teoria Autossegmental, a qual formaliza a estrutura dos segmentos através da geometria de traços. Utilizou-se o modelo de Clements e Hume (1995), o qual apresenta um diagrama arbóreo em que o traço [voz], alvo de estudo desta pesquisa, possui valor binário, ou seja, o desligamento do traço [+voz] implica a ligação com o traço [-voz], o que pode explicar o fenômeno percebido auditivamente nas produções da informante. Após essa etapa, analisou-se acusticamente as características espectrais das plosivas na fala espontânea da informante através do software Praat (BOERSMA; WEENINK, 2010). Foram investigadas pistas fonéticas (VOT tempo de início do vozeamento, o tempo de closura das plosivas e a frequência fundamental) que o falante pode seguir para a aquisição do contraste fonológico de sonoridade. Através das medições, obteve-se os valores em ms para cada segmento, considerando-se como variáveis a tonicidade da sílaba em que ocorreram as produções analisadas e a posição desta sílaba na palavra. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo programa SPSS, versão 17. Os resultados apontaram um percentual de vozeamento de apenas 3,9% na produção das plosivas [b], [d] e [g], o equivalente a 3 produções vozeadas em 76 em que o vozeamento não foi produzido como esperado. Concluiu-se que a informante não possui o contraste de vozeamento, pois foram raros os casos nos quais se confirmou a produção de vozeamento. Dentre as três produções vozeadas, as quais ocorreram em contexto intervocálico e em onset simples, constatou-se a presença do contraste encoberto de vozeamento, pois os valores de duração dos segmentos vozeados da informante são menores que aqueles padrão para o falante adulto, conforme indicado pelas pesquisas sobre o português brasileiro. Com o tempo de vozeamento menor que o padrão, nas três produções vozeadas encontrou-se a presença de contraste encoberto, enquanto nas produções totais de plosivas sonoras que foram desvozeadas nem mesmo o contraste encoberto se faz presente na fala da informante
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spelling O CONTRASTE ENCOBERTO DE VOZEAMENTO EM UM CASO DE DESVIO FONOLÓGICOdesvio fonológicocontraste encobertoanálise acústica da falaphonological deviationcovert contrastacoustic speech analysisCNPQ::LINGUISTICA, LETRAS E ARTES::LINGUISTICANeste trabalho, investiga-se a existência do contraste encoberto de vozeamento nas plosivas não-vozeadas [p], [t], [k], e vozeadas [b], [d], [g] do Português brasileiro, na fala de um sujeito com desvio fonológico. As plosivas foram os segmentos selecionados como alvo desta investigação após análise de oitiva das produções de fala espontânea da informante, a qual apresentou trocas e omissões percebidas auditivamente nestes segmentos no que diz respeito à sonoridade. Previamente, a informante passou por sessões de gravação de fala a partir do instrumento de Yavas, Matzenauer-Hernandorena e Lamprecht (2001), em que o falante elicita a mostra dos segmentos através da nomeação espontânea. Para compreender o comportamento da sonoridade das plosivas percebido auditivamente, utilizou-se dos princípios da Teoria Autossegmental, a qual formaliza a estrutura dos segmentos através da geometria de traços. Utilizou-se o modelo de Clements e Hume (1995), o qual apresenta um diagrama arbóreo em que o traço [voz], alvo de estudo desta pesquisa, possui valor binário, ou seja, o desligamento do traço [+voz] implica a ligação com o traço [-voz], o que pode explicar o fenômeno percebido auditivamente nas produções da informante. Após essa etapa, analisou-se acusticamente as características espectrais das plosivas na fala espontânea da informante através do software Praat (BOERSMA; WEENINK, 2010). Foram investigadas pistas fonéticas (VOT tempo de início do vozeamento, o tempo de closura das plosivas e a frequência fundamental) que o falante pode seguir para a aquisição do contraste fonológico de sonoridade. Através das medições, obteve-se os valores em ms para cada segmento, considerando-se como variáveis a tonicidade da sílaba em que ocorreram as produções analisadas e a posição desta sílaba na palavra. Os resultados foram analisados estatisticamente pelo programa SPSS, versão 17. Os resultados apontaram um percentual de vozeamento de apenas 3,9% na produção das plosivas [b], [d] e [g], o equivalente a 3 produções vozeadas em 76 em que o vozeamento não foi produzido como esperado. Concluiu-se que a informante não possui o contraste de vozeamento, pois foram raros os casos nos quais se confirmou a produção de vozeamento. Dentre as três produções vozeadas, as quais ocorreram em contexto intervocálico e em onset simples, constatou-se a presença do contraste encoberto de vozeamento, pois os valores de duração dos segmentos vozeados da informante são menores que aqueles padrão para o falante adulto, conforme indicado pelas pesquisas sobre o português brasileiro. Com o tempo de vozeamento menor que o padrão, nas três produções vozeadas encontrou-se a presença de contraste encoberto, enquanto nas produções totais de plosivas sonoras que foram desvozeadas nem mesmo o contraste encoberto se faz presente na fala da informanteThis thesis aimed at investigating the existence of the voicing covert contrast in the Brazilian Portuguese voiceless stops [p], [t], [k], and their voiced counterparts [b], [d], [g], in the productions of an informant with phonological deviation. After the oral analysis of recordings of spontaneous speech, stops were defined as the target segments for analysis. Auditory analysis allowed the identification of changes and omissions in these segments as regards sonority. Previously, the informant had participated in recording sessions which adopted the instrument proposed by Yavas, Matzenauer-Hernandorena and Lamprecht (2001), which elicits the production of the target segments by means of spontaneous object naming. In order to auditorily understand the sonority behavior of the stops, the principles of the Autosegmental Theory were used. This theory formalizes the segment structures through features geometry. The model proposed by Clements and Hume (1995) presents an arboreal diagram in which the [±voz] feature, the target of the present research, has a binary value, that is, the disconnection of the [+voice] feature implies the connection to the [-voice] feature, which might explain the auditorily perceived phenomenon in the informant s productions. After this stage, the spectral features of the stops produced by the informant in spontaneous speech were acoustically analyzed in the software Praat (BOERSMA; WEENINK, 2010). Some phonetic cues were investigated: VOT voice onset time, the duration of stop closure, and fundamental frequency. These cues might be the ones used by the informant to acquire the phonological contrast of sonority. Duration values in milliseconds were obtained by means of automatic measurements, and variables such as syllable stress where the plosives occurred and the position of this syllable in the word were controlled. The results were statistically analyzed in the software SPSS, version 17, and reveal a percentage of voicing of only 3,9% in the production of the voiced plosives [b], [d], and [g], the equivalent of the production of three voiced stops in a total of 76 instances when the voiced plosives were not produced as expected. It was concluded that the informant does not have the voicing contrast because the cases where there was voicing were rare. Among the three voiced productions, which occurred in intervocalic context and in simple onsets, the presence of the voicing covert contrast was found, since the duration values of the voiced segments produced by the informant were smaller than the standard values produced by adult speakers, according to what findings investigating the production of Brazilian Portuguese stops indicate. Thus, it is possible to consider the existence of the covert contrast only in the three productions, while in the total productions of the voiced stops, which were devoiced, not even the covert contrast is present in the informant s speechCoordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível SuperiorUniversidade Catolica de PelotasLetrasBRUcpelMestrado em LetrasRauber, Andréia SchurtCPF:2225463215478http://lattes.cnpq.br/0272344241579693Alves, Ubirata KickhofelCPF:811371255147http://lattes.cnpq.br/4418215566179777Vaz, Raquel Menezes2016-03-22T17:26:36Z2012-03-052011-03-31info:eu-repo/semantics/publishedVersioninfo:eu-repo/semantics/masterThesisapplication/pdfVAZ, Raquel Menezes. O CONTRASTE ENCOBERTO DE VOZEAMENTO EM UM CASO DE DESVIO FONOLÓGICO. 2011. 85 f. Dissertação (Mestrado em Letras) - Universidade Catolica de Pelotas, Pelotas, 2011.http://tede.ucpel.edu.br:8080/jspui/handle/tede/171porinfo:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpelinstname:Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)instacron:UCPEL2020-09-29T21:40:08Zoai:tede.ucpel.edu.br:tede/171Biblioteca Digital de Teses e Dissertaçõeshttp://www2.ufpel.edu.br/tede/http://tede.ucpel.edu.br:8080/oai/requestbiblioteca@ucpel.edu.br||cristiane.chim@ucpel.tche.bropendoar:2020-09-29T21:40:08Biblioteca Digital de Teses e Dissertações do UCpel - Universidade Católica de Pelotas (UCPEL)false
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