Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Lyra, Tânia Maria de Paula
Data de Publicação: 2015
Outros Autores: Freitas, Tânia Rosária Pereira
Tipo de documento: Artigo
Idioma: eng
Título da fonte: Semina. Ciências Agrárias (Online)
Texto Completo: https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/17946
Resumo:  Após a ocorrência do primeiro surto de peste suína Africana (PSA) no Brasil, o laboratório oficial de diagnóstico de PSA (LDPSA) foi implantado. O trabalho atual revisa o esforço da equipe de laboratório para estabelecer o diagnóstico de PSA na fase emergencial do programa de erradicação. De Junho a Dezembro de 1978, 3803 amostras de tecido, sangue e soro de suínos foram analisadas. O primeiro isolamento do vírus da peste suína africana (VPSA) realizado pelo LDPSA foi feito em amostras de suínos oriundas da cidade de Teresópolis no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Em todo país, nos primeiros dois meses, de 320 amostras analisadas, 130 (40.62%) foram positivas pelo teste de hemadsorção o que sugere que a infecção com VPSA alcançou suínos em 96 dos 214 municípios analisados no período. A distribuição dos isolamentos do vírus no país mostrou uma possível rota de dispersão viral. Devido à rapidez das ações de eliminação dos focos, o número de amostras positivas caiu de 48,36% em Junho para 33,53% em Julho até nenhuma em Agosto, de 1978. Paralelamente, a detecção de anticorpos aumentou de 17,89% a 52,04% de Junho para Agosto de 1978. Os isolamentos do vírus pela técnica de hemadsorção (HAD) quando comparados com a descrição da doença e o forte declínio na taxa de mortalidade no Estado do Paraná sugeriram a ocorrência de cepas virais de VPSA de baixa a moderada virulência. A implantação do LDPSA foi crucial para o programa que assegurou a erradicação do VPSA em todo país após seis anos do primeiro surto. Os avanços na biologia celular e molecular corroboraram as suposições dos estudos pioneiros sobre a virulência viral e alertam para a importância de se estabelecer e manter medidas de segurança para prevenir a reintrodução do VPSA no país. A informação sobre heterogeneidade na virulência das populações virais nos surtos fornece uma ferramenta fundamental para a adoção de melhores medidas de erradicação.
id UEL-11_ccbb2c6a4d8dc81612ef9295ff084182
oai_identifier_str oai:ojs.pkp.sfu.ca:article/17946
network_acronym_str UEL-11
network_name_str Semina. Ciências Agrárias (Online)
repository_id_str
spelling Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato históricoEpizootiology, laboratory and virulence analyses during the emergency phase of the African swine fever eradication program in Brazil in 1978: a historic accountPeste suína africanaEpizootiologiaHemadsorçãoVirulênciaBrasil.African Swine FeverAnimal VirologyEpidemiologyAfrican swine feverEpizootiologyHaemadsorptionVirulenceBrazil. Após a ocorrência do primeiro surto de peste suína Africana (PSA) no Brasil, o laboratório oficial de diagnóstico de PSA (LDPSA) foi implantado. O trabalho atual revisa o esforço da equipe de laboratório para estabelecer o diagnóstico de PSA na fase emergencial do programa de erradicação. De Junho a Dezembro de 1978, 3803 amostras de tecido, sangue e soro de suínos foram analisadas. O primeiro isolamento do vírus da peste suína africana (VPSA) realizado pelo LDPSA foi feito em amostras de suínos oriundas da cidade de Teresópolis no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Em todo país, nos primeiros dois meses, de 320 amostras analisadas, 130 (40.62%) foram positivas pelo teste de hemadsorção o que sugere que a infecção com VPSA alcançou suínos em 96 dos 214 municípios analisados no período. A distribuição dos isolamentos do vírus no país mostrou uma possível rota de dispersão viral. Devido à rapidez das ações de eliminação dos focos, o número de amostras positivas caiu de 48,36% em Junho para 33,53% em Julho até nenhuma em Agosto, de 1978. Paralelamente, a detecção de anticorpos aumentou de 17,89% a 52,04% de Junho para Agosto de 1978. Os isolamentos do vírus pela técnica de hemadsorção (HAD) quando comparados com a descrição da doença e o forte declínio na taxa de mortalidade no Estado do Paraná sugeriram a ocorrência de cepas virais de VPSA de baixa a moderada virulência. A implantação do LDPSA foi crucial para o programa que assegurou a erradicação do VPSA em todo país após seis anos do primeiro surto. Os avanços na biologia celular e molecular corroboraram as suposições dos estudos pioneiros sobre a virulência viral e alertam para a importância de se estabelecer e manter medidas de segurança para prevenir a reintrodução do VPSA no país. A informação sobre heterogeneidade na virulência das populações virais nos surtos fornece uma ferramenta fundamental para a adoção de melhores medidas de erradicação. After the first African swine fever (ASF) outbreak occurred in Brazil in 1978, an official laboratory for ASF diagnosis (ASFDL) was established. The current work reviews the efforts of the laboratory team to define an ASF diagnosis during the emergency phase of the ASF Eradication Program. From June to December 1978, 3,803 samples of pig tissue, blood and serum were analyzed. ASFDL first isolated the ASF virus (ASFV) from pig tissue samples from the Teresópolis municipality in the Brazilian state of Rio de Janeiro. During the first two months, ASFV was isolated from 130 of 320 (40.62%) pig samples analyzed by haemadsorption (HAD), indicating that the outbreak had reached 96 of 214 municipalities surveyed throughout the country in that period. The distribution of positive ASFV samples indicated the potential route of virus dispersal. Because of the rapidity of the actions implemented against ASF, the number of ASFV positive samples decreased from 48.36% in June to 33.53% in July, and then to 0% in August 1978. In parallel, ASFV antibody detection increased from 17.89% in June to 52.04% in August 1978. In the state of Paraná, a comparison of ASFV isolates with descriptions of the disease, and a rapid decrease in mortality rates suggested the occurrence of a low or moderate virulence ASFV strain. Establishment of ASFDL was crucial for the program, which eradicated ASFV from the country within six years of the first outbreak. Advances in cellular and molecular biology corroborated pioneer studies regarding ASFV virulence, and have highlighted the importance of establishing and maintaining secure measures to prevent ASFV reintroduction to the country. Information on virulence heterogeneity in ASFV populations during outbreaks provided a paramount tool for the adoption of eradication best practices.UEL2015-08-13info:eu-repo/semantics/articleinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionPesquisa históricaapplication/pdfhttps://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/1794610.5433/1679-0359.2015v36n4p2577Semina: Ciências Agrárias; Vol. 36 No. 4 (2015); 2577-2592Semina: Ciências Agrárias; v. 36 n. 4 (2015); 2577-25921679-03591676-546Xreponame:Semina. Ciências Agrárias (Online)instname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)instacron:UELenghttps://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/17946/pdf_789Copyright (c) 2015 Semina: Ciências Agráriashttp://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0info:eu-repo/semantics/openAccessLyra, Tânia Maria de PaulaFreitas, Tânia Rosária Pereira2023-01-12T14:46:09Zoai:ojs.pkp.sfu.ca:article/17946Revistahttp://www.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrariasPUBhttps://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/oaisemina.agrarias@uel.br1679-03591676-546Xopendoar:2023-01-12T14:46:09Semina. Ciências Agrárias (Online) - Universidade Estadual de Londrina (UEL)false
dc.title.none.fl_str_mv Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
Epizootiology, laboratory and virulence analyses during the emergency phase of the African swine fever eradication program in Brazil in 1978: a historic account
title Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
spellingShingle Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
Lyra, Tânia Maria de Paula
Peste suína africana
Epizootiologia
Hemadsorção
Virulência
Brasil.
African Swine Fever
Animal Virology
Epidemiology
African swine fever
Epizootiology
Haemadsorption
Virulence
Brazil.
title_short Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
title_full Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
title_fullStr Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
title_full_unstemmed Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
title_sort Epizootiologia, análises laboratoriais e de virulência durante a fase emergencial do programa de erradicação da peste suína clássica no Brasil em 1978: um relato histórico
author Lyra, Tânia Maria de Paula
author_facet Lyra, Tânia Maria de Paula
Freitas, Tânia Rosária Pereira
author_role author
author2 Freitas, Tânia Rosária Pereira
author2_role author
dc.contributor.author.fl_str_mv Lyra, Tânia Maria de Paula
Freitas, Tânia Rosária Pereira
dc.subject.por.fl_str_mv Peste suína africana
Epizootiologia
Hemadsorção
Virulência
Brasil.
African Swine Fever
Animal Virology
Epidemiology
African swine fever
Epizootiology
Haemadsorption
Virulence
Brazil.
topic Peste suína africana
Epizootiologia
Hemadsorção
Virulência
Brasil.
African Swine Fever
Animal Virology
Epidemiology
African swine fever
Epizootiology
Haemadsorption
Virulence
Brazil.
description  Após a ocorrência do primeiro surto de peste suína Africana (PSA) no Brasil, o laboratório oficial de diagnóstico de PSA (LDPSA) foi implantado. O trabalho atual revisa o esforço da equipe de laboratório para estabelecer o diagnóstico de PSA na fase emergencial do programa de erradicação. De Junho a Dezembro de 1978, 3803 amostras de tecido, sangue e soro de suínos foram analisadas. O primeiro isolamento do vírus da peste suína africana (VPSA) realizado pelo LDPSA foi feito em amostras de suínos oriundas da cidade de Teresópolis no Estado do Rio de Janeiro, Brasil. Em todo país, nos primeiros dois meses, de 320 amostras analisadas, 130 (40.62%) foram positivas pelo teste de hemadsorção o que sugere que a infecção com VPSA alcançou suínos em 96 dos 214 municípios analisados no período. A distribuição dos isolamentos do vírus no país mostrou uma possível rota de dispersão viral. Devido à rapidez das ações de eliminação dos focos, o número de amostras positivas caiu de 48,36% em Junho para 33,53% em Julho até nenhuma em Agosto, de 1978. Paralelamente, a detecção de anticorpos aumentou de 17,89% a 52,04% de Junho para Agosto de 1978. Os isolamentos do vírus pela técnica de hemadsorção (HAD) quando comparados com a descrição da doença e o forte declínio na taxa de mortalidade no Estado do Paraná sugeriram a ocorrência de cepas virais de VPSA de baixa a moderada virulência. A implantação do LDPSA foi crucial para o programa que assegurou a erradicação do VPSA em todo país após seis anos do primeiro surto. Os avanços na biologia celular e molecular corroboraram as suposições dos estudos pioneiros sobre a virulência viral e alertam para a importância de se estabelecer e manter medidas de segurança para prevenir a reintrodução do VPSA no país. A informação sobre heterogeneidade na virulência das populações virais nos surtos fornece uma ferramenta fundamental para a adoção de melhores medidas de erradicação.
publishDate 2015
dc.date.none.fl_str_mv 2015-08-13
dc.type.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/article
info:eu-repo/semantics/publishedVersion
Pesquisa histórica
format article
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/17946
10.5433/1679-0359.2015v36n4p2577
url https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/17946
identifier_str_mv 10.5433/1679-0359.2015v36n4p2577
dc.language.iso.fl_str_mv eng
language eng
dc.relation.none.fl_str_mv https://ojs.uel.br/revistas/uel/index.php/semagrarias/article/view/17946/pdf_789
dc.rights.driver.fl_str_mv Copyright (c) 2015 Semina: Ciências Agrárias
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0
info:eu-repo/semantics/openAccess
rights_invalid_str_mv Copyright (c) 2015 Semina: Ciências Agrárias
http://creativecommons.org/licenses/by-nc/4.0
eu_rights_str_mv openAccess
dc.format.none.fl_str_mv application/pdf
dc.publisher.none.fl_str_mv UEL
publisher.none.fl_str_mv UEL
dc.source.none.fl_str_mv Semina: Ciências Agrárias; Vol. 36 No. 4 (2015); 2577-2592
Semina: Ciências Agrárias; v. 36 n. 4 (2015); 2577-2592
1679-0359
1676-546X
reponame:Semina. Ciências Agrárias (Online)
instname:Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron:UEL
instname_str Universidade Estadual de Londrina (UEL)
instacron_str UEL
institution UEL
reponame_str Semina. Ciências Agrárias (Online)
collection Semina. Ciências Agrárias (Online)
repository.name.fl_str_mv Semina. Ciências Agrárias (Online) - Universidade Estadual de Londrina (UEL)
repository.mail.fl_str_mv semina.agrarias@uel.br
_version_ 1799306072053252096