A ontologia política de Hannah Arendt

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos, Marcus Gabriel Miranda
Data de Publicação: 2024
Tipo de documento: Tese
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39600
Resumo: Tendo em vista a busca por uma compreensão mais global e histórico-filosoficamente situada do pensamento da filósofa e teórica política alemã Hannah Arendt, esta tese investiga os caminhos pelos quais a autora empreende em sua obra, numa dinâmica consistente de apropriação crítica das teses centrais que conformam as tradições filosóficas contemporâneas que diretamente a formaram enquanto pensadora, uma virada filosófica de amplas implicações ontológicas. Temos, assim, como objetivo geral, tornar explícito como Arendt, partindo do entrecruzamento contemporâneo entre as tradições fenomenológica, existencialista e hermenêutica, concebe uma ontologia fundamentalmente política, inserindo a categoria da pluralidade, central ao seu pensamento, no seio do pensar filosófico, de modo a implodir seus alicerces tradicionais. Mais do que uma ontologia regional da dimensão política da existência humana, Hannah Arendt nos propõe uma filosofia fundada numa noção de ser constituída sempre desde a pluralidade enquanto condição ontológica fundamental da existência humana. Nesse sentido, trataremos, desde um primeiro momento, de encontrar o cerne ontológico e metodológico do pensamento de Arendt em sua relação para com o pensamento de autores como Edmund Husserl, Martin Heidegger, Karl Jaspers e Maurice Merleau-Ponty, dentre outros. Partindo, então, de um tal enraizamento, buscaremos, centralmente, primeiro, conceber o modo propriamente arendtiano de descrever fenomenologicamente o mundo que, em sua atualização cotidiana, a existência humana, por assim dizer, abre para si. E, em seguida, tendo como pedra de toque a importante distinção arendtiana entre verdade e sentido, proporemos uma interpretação sistematizadora do núcleo da ontologia arendtiana em torno da compreensão das articulações estruturais do mundo fenomênico e da dinâmica humana de significação do mesmo. Por fim, se fará o esforço por compreender e trazer à tona, de modo indicativo, as relações profundas entre esse cenário radicalmente filosófico-ontológico e o panorama mais bem conhecido e vastamente estudado, ainda que com resultados muitas vezes divergentes, do pensamento político arendtiano. Se farão notar, nesse processo, os contornos de uma normatividade filosófica presente no pensamento de Arendt que aponta para um entendimento da democracia como imperativo ontologicamente fundamentado da existência humana.
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spelling 2024-07-15T11:06:42Z2024-07-152024-07-15T11:06:42Z2024-05-07Miranda-Santos, Marcus Gabriel. A ontologia política de Hannah Arendt. Orientador: Leonardo Jorge Da Hora Pereira. Tese (Doutorado) – Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas, Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2024.https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39600Tendo em vista a busca por uma compreensão mais global e histórico-filosoficamente situada do pensamento da filósofa e teórica política alemã Hannah Arendt, esta tese investiga os caminhos pelos quais a autora empreende em sua obra, numa dinâmica consistente de apropriação crítica das teses centrais que conformam as tradições filosóficas contemporâneas que diretamente a formaram enquanto pensadora, uma virada filosófica de amplas implicações ontológicas. Temos, assim, como objetivo geral, tornar explícito como Arendt, partindo do entrecruzamento contemporâneo entre as tradições fenomenológica, existencialista e hermenêutica, concebe uma ontologia fundamentalmente política, inserindo a categoria da pluralidade, central ao seu pensamento, no seio do pensar filosófico, de modo a implodir seus alicerces tradicionais. Mais do que uma ontologia regional da dimensão política da existência humana, Hannah Arendt nos propõe uma filosofia fundada numa noção de ser constituída sempre desde a pluralidade enquanto condição ontológica fundamental da existência humana. Nesse sentido, trataremos, desde um primeiro momento, de encontrar o cerne ontológico e metodológico do pensamento de Arendt em sua relação para com o pensamento de autores como Edmund Husserl, Martin Heidegger, Karl Jaspers e Maurice Merleau-Ponty, dentre outros. Partindo, então, de um tal enraizamento, buscaremos, centralmente, primeiro, conceber o modo propriamente arendtiano de descrever fenomenologicamente o mundo que, em sua atualização cotidiana, a existência humana, por assim dizer, abre para si. E, em seguida, tendo como pedra de toque a importante distinção arendtiana entre verdade e sentido, proporemos uma interpretação sistematizadora do núcleo da ontologia arendtiana em torno da compreensão das articulações estruturais do mundo fenomênico e da dinâmica humana de significação do mesmo. Por fim, se fará o esforço por compreender e trazer à tona, de modo indicativo, as relações profundas entre esse cenário radicalmente filosófico-ontológico e o panorama mais bem conhecido e vastamente estudado, ainda que com resultados muitas vezes divergentes, do pensamento político arendtiano. Se farão notar, nesse processo, os contornos de uma normatividade filosófica presente no pensamento de Arendt que aponta para um entendimento da democracia como imperativo ontologicamente fundamentado da existência humana.Seeking a more global as well as historical and philosophically situated understanding of the thought of the German philosopher and political theorist Hannah Arendt, this thesis investigates the paths through which the author undertakes in her work, in a consistent movement of critical appropriation of the central theses that shape the contemporary philosophical traditions that helped in making of her a thinker, a philosophical turn of great ontological consequences. We have, therefore, as a general objective, to make explicit how Arendt, starting from the contemporary intersection between the phenomenological, existentialist and hermeneutic traditions, conceives a fundamentally political ontology, inserting the category of plurality, central to her thought, within philosophical thinking, so as to implode its traditional foundations. More than a regional ontology of the political dimension of human existence, what Hannah Arendt puts forward is a philosophy based on a notion of Being always constituted from plurality as a fundamental ontological condition of human existence. In this sense, we will try, from the outset, to find the ontological and methodological core of Arendt's thought in its relationship with the thought of authors such as Edmund Husserl, Martin Heidegger, Karl Jaspers and Maurice Merleau-Ponty, among others. Starting, then, from such a radical theoretical contextualization, we will seek, centrally, first, to conceive the properly Arendtian way of phenomenologically describing the world that, in its daily actualization, human existence, so to speak, opens up for itself. From there, taking as a touchstone the important Arendtian distinction between truth and meaning, we will propose a systematizing interpretation of the core of Arendtian ontology around the understanding of the structural articulations of the phenomenal world and the human dynamics of meaning donation. Finally, an effort will be made to understand and bring to light, in an indicative way, the deep relationships between this radically philosophical-ontological scenario and the more well-known and widely studied, although with often divergent results, thema of Arendtian political thought. In this process, will emerge the contours of a philosophical normativity, present in Arendt's thought will, that points to an understanding of democracy as an ontologically grounded imperative of human existence.Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES)porUniversidade Federal da BahiaPrograma de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) UFBABrasilFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)Political ontologyHannah ArendtPhenomenologyExistentialismHermeneuticsDemocracyMartin HeideggerKarl JaspersEdmund HusserlMaurice Merleau PontyCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIAOntologia políticaHannah ArendtFenomenologiaExistencialismoHermenêuticaDemocraciaMartin HeideggerKarl JaspersEdmund HusserlMaurice Merleau PontyA ontologia política de Hannah ArendtHannah Arendt's political ontologyDoutoradoinfo:eu-repo/semantics/doctoralThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionPereira, Leonardo Jorge Da Horahttps://orcid.org/0000-0002-0567-0770http://lattes.cnpq.br/4012823592823597Peres, Daniel TourinhoAlmeida, Vanessa Sievers deBodziak Junior, Paulo EduardoDias, Lucas BarretoPereira, Leonardo Jorge Da Horahttp://lattes.cnpq.br/4265526028883720Santos, Marcus Gabriel MirandaAGUIAR, Odílio Alves. 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description Tendo em vista a busca por uma compreensão mais global e histórico-filosoficamente situada do pensamento da filósofa e teórica política alemã Hannah Arendt, esta tese investiga os caminhos pelos quais a autora empreende em sua obra, numa dinâmica consistente de apropriação crítica das teses centrais que conformam as tradições filosóficas contemporâneas que diretamente a formaram enquanto pensadora, uma virada filosófica de amplas implicações ontológicas. Temos, assim, como objetivo geral, tornar explícito como Arendt, partindo do entrecruzamento contemporâneo entre as tradições fenomenológica, existencialista e hermenêutica, concebe uma ontologia fundamentalmente política, inserindo a categoria da pluralidade, central ao seu pensamento, no seio do pensar filosófico, de modo a implodir seus alicerces tradicionais. Mais do que uma ontologia regional da dimensão política da existência humana, Hannah Arendt nos propõe uma filosofia fundada numa noção de ser constituída sempre desde a pluralidade enquanto condição ontológica fundamental da existência humana. Nesse sentido, trataremos, desde um primeiro momento, de encontrar o cerne ontológico e metodológico do pensamento de Arendt em sua relação para com o pensamento de autores como Edmund Husserl, Martin Heidegger, Karl Jaspers e Maurice Merleau-Ponty, dentre outros. Partindo, então, de um tal enraizamento, buscaremos, centralmente, primeiro, conceber o modo propriamente arendtiano de descrever fenomenologicamente o mundo que, em sua atualização cotidiana, a existência humana, por assim dizer, abre para si. E, em seguida, tendo como pedra de toque a importante distinção arendtiana entre verdade e sentido, proporemos uma interpretação sistematizadora do núcleo da ontologia arendtiana em torno da compreensão das articulações estruturais do mundo fenomênico e da dinâmica humana de significação do mesmo. Por fim, se fará o esforço por compreender e trazer à tona, de modo indicativo, as relações profundas entre esse cenário radicalmente filosófico-ontológico e o panorama mais bem conhecido e vastamente estudado, ainda que com resultados muitas vezes divergentes, do pensamento político arendtiano. Se farão notar, nesse processo, os contornos de uma normatividade filosófica presente no pensamento de Arendt que aponta para um entendimento da democracia como imperativo ontologicamente fundamentado da existência humana.
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