Liberdade e autoridade – por uma conciliação

Detalhes bibliográficos
Autor(a) principal: Santos Filho, R. B.
Data de Publicação: 2020
Tipo de documento: Dissertação
Idioma: por
Título da fonte: Repositório Institucional da UFBA
Texto Completo: https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39563
Resumo: Percebe-se que tanto os comentadores propedêuticos da obra de Hannah Arendt quanto seus críticos bem mais conceituais, fazem uma abordagem tão característica e pontual entre a autoridade e a liberdade, que geralmente, suspeita-se, acaba ocultando qualquer possibilidade de afinidade entre ambos os conceitos. Em linhas gerais, esta dissertação guia-se pelo objetivo de esclarecer a possível conciliação entre os conceitos de autoridade e liberdade na filosofia política de Hannah Arendt. Retoma-se, nessa perspectiva, mas não se limita, as obras da década de 1960, notadamente Sobre a revolução (1963) e Entre o passado e o futuro (1968), e também alguns de seus ensaios, nos quais Arendt assevera que se, por um lado, o ancien régime distanciou dos homens a liberdade pública, por outro lado, as revoluções setecentistas enfrentaram dificuldades na tentativa de se conceber outro referencial de ancoragem para uma nova autoridade na política cuja finalidade seria assegurar o “espírito revolucionário” de participação. Do ponto de vista teórico, compreende-se que, ao tentarem conciliar a autoridade com a liberdade republicanas, alguns filósofos modernos acabaram negando a autoridade e impossibilitando a plenitude da liberdade. Para Hobbes, mas também para Rousseau, a autoridade é compreendida em torno do conceito de soberania. Pois, se para o primeiro a autoridade correspondia ao Soberano devidamente constituído e imune a qualquer contestação, para o segundo, a autoridade correspondia ao próprio povo que, por resultar de uma “vontade geral”, acabava sendo definido em termos de Soberania. Neste sentido, a liberdade pública era solapada, pois se Rousseau admitiu certa participação pública do povo numa obra de 1765, ele a negou em seu livro de 1772. Na teoria republicana contemporânea, vê-se Norberto Bobbio, que evoca um meio-termo entre a representação e a participação de uma democracia, e Philip Pettit que, em seu neorrepublicanismo, faz apologia de uma liberdade negativa cuja participação se reduz à contestação frente a dominação arbitrária. Mas liberdade na obra de Hannah Arendt é participação nos assuntos da política, e é por ela que toda revolução é instaurada. Contudo, se na teoria e na prática a instauração da nova autoridade republicana acarretou certo empecilho à liberdade política, Arendt se fundamenta nas ações do sistema de conselhos revolucionários e demonstra ser falsa esta incompatibilidade. Para justificar essa asserção, retomamos a abordagem do sentido da política frente ao surgimento do regime totalitário e a sua fonte de autoridade. Também verificamos como a relação do regime autoritário com a liberdade aparece no pensamento de Hannah Arendt. Por fim, analisamos a relação da liberdade revolucionária do sistema de conselhos com a nova autoridade republicana em forma de Constituição. Diante do exposto, julgamos poder sugerir que, a despeito do conceito de soberania, Arendt admite um vínculo de conciliação entre a autoridade e a liberdade públicas.
id UFBA-2_8f07a1393dca28e7ee0df06f25e05368
oai_identifier_str oai:repositorio.ufba.br:ri/39563
network_acronym_str UFBA-2
network_name_str Repositório Institucional da UFBA
repository_id_str 1932
spelling 2024-07-11T11:08:31Z2024-06-102024-07-11T11:08:31Z2020-11-27https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39563Percebe-se que tanto os comentadores propedêuticos da obra de Hannah Arendt quanto seus críticos bem mais conceituais, fazem uma abordagem tão característica e pontual entre a autoridade e a liberdade, que geralmente, suspeita-se, acaba ocultando qualquer possibilidade de afinidade entre ambos os conceitos. Em linhas gerais, esta dissertação guia-se pelo objetivo de esclarecer a possível conciliação entre os conceitos de autoridade e liberdade na filosofia política de Hannah Arendt. Retoma-se, nessa perspectiva, mas não se limita, as obras da década de 1960, notadamente Sobre a revolução (1963) e Entre o passado e o futuro (1968), e também alguns de seus ensaios, nos quais Arendt assevera que se, por um lado, o ancien régime distanciou dos homens a liberdade pública, por outro lado, as revoluções setecentistas enfrentaram dificuldades na tentativa de se conceber outro referencial de ancoragem para uma nova autoridade na política cuja finalidade seria assegurar o “espírito revolucionário” de participação. Do ponto de vista teórico, compreende-se que, ao tentarem conciliar a autoridade com a liberdade republicanas, alguns filósofos modernos acabaram negando a autoridade e impossibilitando a plenitude da liberdade. Para Hobbes, mas também para Rousseau, a autoridade é compreendida em torno do conceito de soberania. Pois, se para o primeiro a autoridade correspondia ao Soberano devidamente constituído e imune a qualquer contestação, para o segundo, a autoridade correspondia ao próprio povo que, por resultar de uma “vontade geral”, acabava sendo definido em termos de Soberania. Neste sentido, a liberdade pública era solapada, pois se Rousseau admitiu certa participação pública do povo numa obra de 1765, ele a negou em seu livro de 1772. Na teoria republicana contemporânea, vê-se Norberto Bobbio, que evoca um meio-termo entre a representação e a participação de uma democracia, e Philip Pettit que, em seu neorrepublicanismo, faz apologia de uma liberdade negativa cuja participação se reduz à contestação frente a dominação arbitrária. Mas liberdade na obra de Hannah Arendt é participação nos assuntos da política, e é por ela que toda revolução é instaurada. Contudo, se na teoria e na prática a instauração da nova autoridade republicana acarretou certo empecilho à liberdade política, Arendt se fundamenta nas ações do sistema de conselhos revolucionários e demonstra ser falsa esta incompatibilidade. Para justificar essa asserção, retomamos a abordagem do sentido da política frente ao surgimento do regime totalitário e a sua fonte de autoridade. Também verificamos como a relação do regime autoritário com a liberdade aparece no pensamento de Hannah Arendt. Por fim, analisamos a relação da liberdade revolucionária do sistema de conselhos com a nova autoridade republicana em forma de Constituição. Diante do exposto, julgamos poder sugerir que, a despeito do conceito de soberania, Arendt admite um vínculo de conciliação entre a autoridade e a liberdade públicas.It´s perceived that both propaedeutic commentators of the Hannah Arendt´s books and her more conceptual critics, make such a characteristic and punctual approach between the autority and the freedom, that generally, it´s suspected, it up hiding ends any possibility of affinity of these concepts. In general lines, this dissertation is guided by the objective of clarifying the possible conciliation between the concepts of autority and freedom in Hannah Arendt´s political philosophy. Books of the 1960 decade, notably On revolution (1963) and Between past and the future (1968), and also some of his essays, in which Arendt asserts that, if on the one hand, the ancien régime distanced the freedom public from mens, recaptures, in this perspective, but doesnt limits it, on the other hand, the seventeenth century revoluctions faced difficulties in an attempt to conceive another anchor reference for a new political authority whose purpose would be to ensure the revolutionary spirit of participation. From a theoretical point of view, it is understood that, when trying to reconcile authority with republican freedom, some modern philosophers ended up denying authority and making full freedom impossible. For Hobbes, but also for Rousseau, authority is understood around the concept of sovereignty. For if for the former authority corresponded to the Sovereign properly constituted and immune to any challenge, for the second, the authority corresponded to the people themselves, who, as a result of a "General Will", ended up being defined in terms of sovereignty. In this sense, public freedom was undermined, because if Rousseau admitted a certain public participation of the people in a 1765 book, he denied it in his 1772 book. In contemporary republican theory, Norberto Bobbio is seen, which evokes a middle ground between the representation and participation of a democracy, and Philip Pettit, who, in his neorepublicanism, advocates a negative freedom whose participation is reduced to contestation in the face of arbitrary domination. But freedom in Hannah Arendt's work is participation in the affairs of politics, and it is through her that the entire revolution is built. However, if in theory and in practice the establishment of the new republican authority caused a certain impediment to republican freedom, Arendt is based on the actions of the revolutionary council system and proves this incompatibility to be false. To justify this claim, we return to the approach of the sense of politics in the face of the emergence of the totalitarian regime and its source of authority. We also look at how the relationship of the authoritarian regime appears in Hannah Arendt's thinking. Finally, we analyze the relationship between the revolutionary freedom of the council system and the new republican authority in the form of a constitution. Given the above, we believe we can suggest that, despite the concept of sovereignty, Arendt admits a link of conciliation between public authority and freedom.porUniversidade Federal da BahiaPrograma de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) UFBABrasilFaculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)AutorityFreedomPoliticsHannah ArendtCNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIAAutoridadeLiberdadePolíticaHannah ArendtLiberdade e autoridade – por uma conciliaçãoMestrado Acadêmicoinfo:eu-repo/semantics/masterThesisinfo:eu-repo/semantics/publishedVersionPeres, D. T.http://lattes.cnpq.br/4742017058571120Peres, D. T.http://lattes.cnpq.br/4742017058571120Pereira, Leonardo Jorge da Horahttp://lattes.cnpq.br/4012823592823597Francisquini, Renatohttp://lattes.cnpq.br/5431372913641696Nagamine, R. R. V. K.http://lattes.cnpq.br/5808712334043224http://lattes.cnpq.br/8189728902522162Santos Filho, R. B.info:eu-repo/semantics/openAccessreponame:Repositório Institucional da UFBAinstname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)instacron:UFBAORIGINALDISSERTAO_REINALDO_SANTOS_FILHO_LIBERDADE E AUTORIDADE – POR UMA CONCILIAÇÃO_com_Ficha_Catalográfica.pdfDISSERTAO_REINALDO_SANTOS_FILHO_LIBERDADE E AUTORIDADE – POR UMA CONCILIAÇÃO_com_Ficha_Catalográfica.pdfDISSERTAO_REINALDO_SANTOS_FILHO_LIBERDADE E AUTORIDADE – POR UMA CONCILIAÇÃO_com_Ficha_Catalográficaapplication/pdf1070320https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/39563/3/DISSERTAO_REINALDO_SANTOS_FILHO_LIBERDADE%20E%20AUTORIDADE%20%e2%80%93%20POR%20UMA%20CONCILIA%c3%87%c3%83O_com_Ficha_Catalogr%c3%a1fica.pdfcfc20f94d933c996494c1a53943b1416MD53open accessLICENSElicense.txtlicense.txttext/plain1720https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/39563/4/license.txtd9b7566281c22d808dbf8f29ff0425c8MD54open accessri/395632024-07-11 08:08:31.628open accessoai:repositorio.ufba.br:ri/39563TElDRU7Dh0EgREUgRElTVFJJQlVJw4fDg08gTsODTy1FWENMVVNJVkEKCkNvbSBhIGFwcmVzZW50YcOnw6NvIGRlc3RhIGxpY2Vuw6dhLCBvIGF1dG9yIG91IHRpdHVsYXIgZG9zIGRpcmVpdG9zIGRlIGF1dG9yIGNvbmNlZGUgYW8gUmVwb3NpdMOzcmlvIEluc3RpdHVjaW9uYWwgbyBkaXJlaXRvIG7Do28tZXhjbHVzaXZvIGRlIHJlcHJvZHV6aXIsIHRyYWR1emlyIChjb25mb3JtZSBkZWZpbmlkbyBhYmFpeG8pIGUvb3UgZGlzdHJpYnVpciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gKGluY2x1aW5kbyBvIHJlc3Vtbykgbm8gZm9ybWF0byBpbXByZXNzbyBlL291IGVsZXRyw7RuaWNvIGUgZW0gcXVhbHF1ZXIgbWVpbywgaW5jbHVpbmRvIG9zIGZvcm1hdG9zIMOhdWRpbyBlL291IHbDrWRlby4KCk8gYXV0b3Igb3UgdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IgY29uY29yZGEgcXVlIG8gUmVwb3NpdMOzcmlvIHBvZGUsIHNlbSBhbHRlcmFyIG8gY29udGXDumRvLCB0cmFuc3BvciBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gcGFyYSBxdWFscXVlciBtZWlvIGUvb3UgZm9ybWF0byBwYXJhIGZpbnMgZGUgcHJlc2VydmHDp8OjbywgcG9kZW5kbyBtYW50ZXIgbWFpcyBkZSB1bWEgY8OzcGlhIHBhcmEgZmlucyBkZSBzZWd1cmFuw6dhLCBiYWNrdXAgZSBwcmVzZXJ2YcOnw6NvLiAKCk8gYXV0b3Igb3UgdGl0dWxhciBkb3MgZGlyZWl0b3MgZGUgYXV0b3IgZGVjbGFyYSBxdWUgYSBzdWEgcHVibGljYcOnw6NvIMOpIG9yaWdpbmFsIGUgcXVlIG7Do28sIHF1ZSBzZWphIGRlIHNldSBjb25oZWNpbWVudG8sIGluZnJpbmdlIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRlIG5pbmd1w6ltLgoKQ2FzbyBhIHN1YSBwdWJsaWNhw6fDo28gY29udGVuaGEgbWF0ZXJpYWwgcXVlIG7Do28gcG9zc3VpIGEgdGl0dWxhcmlkYWRlIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcywgdm9jw6ogZGVjbGFyYSBxdWUgb2J0ZXZlIGEgcGVybWlzc8OjbyBpcnJlc3RyaXRhIGRvIGRldGVudG9yIGRvcyBkaXJlaXRvcyBhdXRvcmFpcyBwYXJhIGNvbmNlZGVyIGFvIFJlcG9zaXTDs3JpbyBvcyBkaXJlaXRvcyBhcHJlc2VudGFkb3MgbmVzdGEgbGljZW7Dp2EgZSBxdWUgZXNzZSBtYXRlcmlhbCBkZSBwcm9wcmllZGFkZSBkZSB0ZXJjZWlyb3MgZXN0w6EgY2xhcmFtZW50ZSBpZGVudGlmaWNhZG8gZSByZWNvbmhlY2lkbyBubyB0ZXh0byBvdSBubyBjb250ZcO6ZG8gZGEgcHVibGljYcOnw6NvIG9yYSBkZXBvc2l0YWRhLgoKQ0FTTyBBIFBVQkxJQ0HDh8ODTyBPUkEgREVQT1NJVEFEQSBSRVNVTFRFIERFIFVNIFBBVFJPQ8ONTklPIE9VIEFQT0lPIERFIFVNQSBBR8OKTkNJQSBERSBGT01FTlRPIE9VIE9VVFJPIE9SR0FOSVNNTywgVk9Dw4ogREVDTEFSQSBRVUUgUkVTUEVJVE9VIFRPRE9TIEUgUVVBSVNRVUVSIERJUkVJVE9TIERFIFJFVklTw4NPLCBDT01PIFRBTULDiU0gQVMgREVNQUlTIE9CUklHQcOHw5VFUyBFWElHSURBUyBQT1IgQ09OVFJBVE8gT1UgQUNPUkRPLgoKTyBSZXBvc2l0w7NyaW8gc2UgY29tcHJvbWV0ZSBhIGlkZW50aWZpY2FyLCBjbGFyYW1lbnRlLCBvIChzKSBzZXUocykgbm9tZSAocykgb3UgbyAocykgbm9tZSAocykgZG8gKHMpIGRldGVudG9yIChlcykgZG9zIGRpcmVpdG9zIGF1dG9yYWlzIGRhIHB1YmxpY2HDp8OjbyBlIG7Do28gZmFyw6EgcXVhbHF1ZXIgYWx0ZXJhw6fDo28sIGFsw6ltIGRhcXVlbGFzIGNvbmNlZGlkYXMgcG9yIGVzdGEgbGljZW7Dp2EuCg==Repositório InstitucionalPUBhttp://192.188.11.11:8080/oai/requestopendoar:19322024-07-11T11:08:31Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)false
dc.title.pt_BR.fl_str_mv Liberdade e autoridade – por uma conciliação
title Liberdade e autoridade – por uma conciliação
spellingShingle Liberdade e autoridade – por uma conciliação
Santos Filho, R. B.
CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
Autoridade
Liberdade
Política
Hannah Arendt
Autority
Freedom
Politics
Hannah Arendt
title_short Liberdade e autoridade – por uma conciliação
title_full Liberdade e autoridade – por uma conciliação
title_fullStr Liberdade e autoridade – por uma conciliação
title_full_unstemmed Liberdade e autoridade – por uma conciliação
title_sort Liberdade e autoridade – por uma conciliação
author Santos Filho, R. B.
author_facet Santos Filho, R. B.
author_role author
dc.contributor.advisor1.fl_str_mv Peres, D. T.
dc.contributor.advisor1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4742017058571120
dc.contributor.referee1.fl_str_mv Peres, D. T.
dc.contributor.referee1Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4742017058571120
dc.contributor.referee2.fl_str_mv Pereira, Leonardo Jorge da Hora
dc.contributor.referee2Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/4012823592823597
dc.contributor.referee3.fl_str_mv Francisquini, Renato
dc.contributor.referee3Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/5431372913641696
dc.contributor.referee4.fl_str_mv Nagamine, R. R. V. K.
dc.contributor.referee4Lattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/5808712334043224
dc.contributor.authorLattes.fl_str_mv http://lattes.cnpq.br/8189728902522162
dc.contributor.author.fl_str_mv Santos Filho, R. B.
contributor_str_mv Peres, D. T.
Peres, D. T.
Pereira, Leonardo Jorge da Hora
Francisquini, Renato
Nagamine, R. R. V. K.
dc.subject.cnpq.fl_str_mv CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
topic CNPQ::CIENCIAS HUMANAS::FILOSOFIA
Autoridade
Liberdade
Política
Hannah Arendt
Autority
Freedom
Politics
Hannah Arendt
dc.subject.por.fl_str_mv Autoridade
Liberdade
Política
Hannah Arendt
dc.subject.other.pt_BR.fl_str_mv Autority
Freedom
Politics
Hannah Arendt
description Percebe-se que tanto os comentadores propedêuticos da obra de Hannah Arendt quanto seus críticos bem mais conceituais, fazem uma abordagem tão característica e pontual entre a autoridade e a liberdade, que geralmente, suspeita-se, acaba ocultando qualquer possibilidade de afinidade entre ambos os conceitos. Em linhas gerais, esta dissertação guia-se pelo objetivo de esclarecer a possível conciliação entre os conceitos de autoridade e liberdade na filosofia política de Hannah Arendt. Retoma-se, nessa perspectiva, mas não se limita, as obras da década de 1960, notadamente Sobre a revolução (1963) e Entre o passado e o futuro (1968), e também alguns de seus ensaios, nos quais Arendt assevera que se, por um lado, o ancien régime distanciou dos homens a liberdade pública, por outro lado, as revoluções setecentistas enfrentaram dificuldades na tentativa de se conceber outro referencial de ancoragem para uma nova autoridade na política cuja finalidade seria assegurar o “espírito revolucionário” de participação. Do ponto de vista teórico, compreende-se que, ao tentarem conciliar a autoridade com a liberdade republicanas, alguns filósofos modernos acabaram negando a autoridade e impossibilitando a plenitude da liberdade. Para Hobbes, mas também para Rousseau, a autoridade é compreendida em torno do conceito de soberania. Pois, se para o primeiro a autoridade correspondia ao Soberano devidamente constituído e imune a qualquer contestação, para o segundo, a autoridade correspondia ao próprio povo que, por resultar de uma “vontade geral”, acabava sendo definido em termos de Soberania. Neste sentido, a liberdade pública era solapada, pois se Rousseau admitiu certa participação pública do povo numa obra de 1765, ele a negou em seu livro de 1772. Na teoria republicana contemporânea, vê-se Norberto Bobbio, que evoca um meio-termo entre a representação e a participação de uma democracia, e Philip Pettit que, em seu neorrepublicanismo, faz apologia de uma liberdade negativa cuja participação se reduz à contestação frente a dominação arbitrária. Mas liberdade na obra de Hannah Arendt é participação nos assuntos da política, e é por ela que toda revolução é instaurada. Contudo, se na teoria e na prática a instauração da nova autoridade republicana acarretou certo empecilho à liberdade política, Arendt se fundamenta nas ações do sistema de conselhos revolucionários e demonstra ser falsa esta incompatibilidade. Para justificar essa asserção, retomamos a abordagem do sentido da política frente ao surgimento do regime totalitário e a sua fonte de autoridade. Também verificamos como a relação do regime autoritário com a liberdade aparece no pensamento de Hannah Arendt. Por fim, analisamos a relação da liberdade revolucionária do sistema de conselhos com a nova autoridade republicana em forma de Constituição. Diante do exposto, julgamos poder sugerir que, a despeito do conceito de soberania, Arendt admite um vínculo de conciliação entre a autoridade e a liberdade públicas.
publishDate 2020
dc.date.issued.fl_str_mv 2020-11-27
dc.date.accessioned.fl_str_mv 2024-07-11T11:08:31Z
dc.date.available.fl_str_mv 2024-06-10
2024-07-11T11:08:31Z
dc.type.driver.fl_str_mv Mestrado Acadêmico
info:eu-repo/semantics/masterThesis
dc.type.status.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/publishedVersion
format masterThesis
status_str publishedVersion
dc.identifier.uri.fl_str_mv https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39563
url https://repositorio.ufba.br/handle/ri/39563
dc.language.iso.fl_str_mv por
language por
dc.rights.driver.fl_str_mv info:eu-repo/semantics/openAccess
eu_rights_str_mv openAccess
dc.publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal da Bahia
dc.publisher.program.fl_str_mv Programa de Pós-Graduação em Filosofia (PPGF) 
dc.publisher.initials.fl_str_mv UFBA
dc.publisher.country.fl_str_mv Brasil
dc.publisher.department.fl_str_mv Faculdade de Filosofia e Ciências Humanas (FFCH)
publisher.none.fl_str_mv Universidade Federal da Bahia
dc.source.none.fl_str_mv reponame:Repositório Institucional da UFBA
instname:Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron:UFBA
instname_str Universidade Federal da Bahia (UFBA)
instacron_str UFBA
institution UFBA
reponame_str Repositório Institucional da UFBA
collection Repositório Institucional da UFBA
bitstream.url.fl_str_mv https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/39563/3/DISSERTAO_REINALDO_SANTOS_FILHO_LIBERDADE%20E%20AUTORIDADE%20%e2%80%93%20POR%20UMA%20CONCILIA%c3%87%c3%83O_com_Ficha_Catalogr%c3%a1fica.pdf
https://repositorio.ufba.br/bitstream/ri/39563/4/license.txt
bitstream.checksum.fl_str_mv cfc20f94d933c996494c1a53943b1416
d9b7566281c22d808dbf8f29ff0425c8
bitstream.checksumAlgorithm.fl_str_mv MD5
MD5
repository.name.fl_str_mv Repositório Institucional da UFBA - Universidade Federal da Bahia (UFBA)
repository.mail.fl_str_mv
_version_ 1808459353182699520